[OsaSuna] Até o fim do Universo

Capítulo 7 - Menu oficial

"Eu não acredito que concordei com isso." Osamu lamentou algumas horas depois enquanto caminhava com Suna ao destino indicado por Tendou, que já estava no local final aguardando por eles.

"Eu tentei avisar..." Suna pontuou.

"Você também concordou." Osamu retrucou.

"Você não me deixou opção!"

"Eu?!"

"É, você! Humano rancoroso e briguento!"

"Melhor do ser como você, androide mentiroso e egoísta!"

Parecia uma briga de pré-escola. Eles chegaram enfim à porta de acesso ainda discutindo quando Tendou apareceu para facilitar a entrada deles. Ele assistiu ao final da discussão e ponderou por um longo minuto se não acabaria com problemas por tentar ajudar dois seres tão incompatíveis.

"Vocês dois, chega!" Ele falou baixo mas muito claramente. "Caso não lembrem, aqui vocês precisam se comportar e agir como seres civilizados então ao menos tentem não ser expulsos no primeiro minuto, pode ser?"

Mesmo a contragosto e bufando, eles concordaram mas sem nem olhar a cara um do outro. Como qualquer porto, oficial ou clandestino, o de Marte era especialmente equipado com os mais diversos tipos de locais dedicados ao entretenimento dos viajantes que passavam por ali. Esse em questão era focado em servir iguarias de todo universo com garçons e garçonetes tão exóticos quanto os pratos. Como a burocracia para entrar na Terra sempre foi complexa, muitos tinham ali uma chance rara de ver humanos em um habitat quase natural.

Em teoria, eles deveriam apenas servir mesas e entreter: falar sobre a Terra, responder dúvidas dos viajantes sobre os pratos, ser amáveis, divertidos e sexys. Cada um receberia comissão por cada cliente e claro, existiam serviços extras que poderiam oferecer, coisas simples como acompanhar os clientes na refeição ou mais complexas e íntimas que eles estavam mais do que decididos a não ofertar. Já era suficiente o acordo de suportarem um ao outro por mais uma noite.

"Esse local é extremamente respeitado e eu indiquei vocês, então saibam que se saírem da linha só um pouquinho eu vou vender ambos para o primeiro a me prometer que nunca mais vou ver a cara feia de vocês, entenderam?"

Osamu ia logo protestar sobre quem tinha cara feia ali quando Suna o olhou reprovador como se pudesse ler a mente dele. No final a situação era séria e eles poderiam acabar muito encrencados se criassem desordem ou se alguém descobrisse que um deles sequer era humano.

"Entendemos. Concordamos com a situação e não vamos estragar tudo, certo Samu?"

"Claro, Sunarin." Osamu respondeu com total deboche. O novo jogo de provocação entre eles era usar apelidos.

Finalmente mais calmos, seguiram para a recepção na qual Tendou finalizou o cadastro deles, que consistia em registrar seus dispositivos intra oculares para que pudessem receber a comissão de créditos por cada serviço. Havia uma fila enorme de nomes de humanos aguardando uma chance de trabalho então de fato, era um feito e tanto. Foram conduzidos então cada um para uma sala onde deveriam substituir a túnica marciana por trajes tradicionais terráqueos que faziam parte do charme do serviço. A tarefa de conseguir as roupas havia ficado com Tendou, que entregou para cada um uma bolsa com um traje e logo depois precisou tomar seu próprio caminho, deixando ambos à própria sorte.

Osamu suspirou aliviado ao ver que havia recebido um traje social preto completo que serviu perfeitamente. Ele sabia que deveria créditos a Tendou por isso e seria justo, afinal havia sido um trabalho muito bem executado.

Ele saiu da sala e ficou na área de espera onde garçons novatos de outras partes do universo também aguardavam para começar o treinamento, até que a demora de Suna começou a preocupá-lo. Será que tinham câmeras nesses lugares? Ele não tinha ideia de como era o corpo de Suna em geral, se tinha junções ou algo que pudesse denunciar que não era humano. O pânico de que poderiam ser pegos começou a tomar sua mente até que finalmente, Suna surgiu, só a cabeça dele pra fora da sala.