10: Perante A Morte

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Os polícias fizeram inúmeras perguntas; tantas que Magali desejou mandar se calarem mas temeu em ser presa.

Eles chegaram após outro oficial avisar sobre o cadáver e a mãe de Titi chorar em meio aos gritos ao pé do filho morto.
Magali presenciou as enfermeiras a retirando, à força, de longe do filho, com o corpo sendo pego por outros funcionários. Levariam para uma ala segura, até ir para o necrotério. Seu coração despedaçou ao ouvir o berreiro e os gritos inconsoláveis dos lábios de Perpétua:

"NÃO PODE SER! MEU DEUS, POR FAVOR, MEU FILHO NÃO!"

Os policiais interrogaram a garota no banco de espera dos corredores. Deu respostas básicas sobre como era altura que achou que tinha, como era a arma e algumas características do manto. Sabia que com as novas informações da Fernandes, comparariam com outros relatos, para tentarem formar uma imagem sólida do assassino.

Mas Magali não estava lá. Ela respondia, mas sua mente vagueava nas recentes lembranças. Do sangue escorrendo pelo seu nariz, dele a jogando no chão, do gritos ao ver os olhos da máscara olhando os seus.

— Acabou? — Perguntou, ao notar os dois oficiais quietos.

Um deles acenou afirmando.

— Agora, vamos tentar ligar para sua mãe e levarmos vocês duas escoltadas por outra viatura até sua casa — avisou, com seus dedos pressionando contra as palmas de sua mão.

Não queria ir embora. Não queria ir para sua casa e ficar na escuridão do seu quarto, chorando ao lembrar que ficou perante a morte.

— E vocês? Vão fazer o que? Tentar mandar uma viatura pra ver se não acham o ghostface? — indagou, com os policiais deixando um olhar amarelado surgir.

— Vamos pedir as imagens de segurança do estacionamento e do quarto. Mas agora, pelas horas, o assassino já deve ter voltado pra sua toca. Por enquanto, não podemos fazer grandes coisas. — respondeu o homem.

Magali se levantou com os punhos cerrados, deixando a revolta invadir suas palavras:

— Ele acabou de matar mais uma pessoa e pele menos vocês não podem procurar!? Que tipo de polícia é essa?! Ele tá SOLTO nas ruas!

— Por favor, menina, se acalme! — pediu o oficial, com os pacientes e enfermeiros presenciando o pequeno escândalo.

— NÃO! Eu não vou me acalmar! Eu quase...— suas palavras se perderam na boca, incrédula — morri.

Os polícias se entreolharam, não sabendo como conter uma garota que se revoltava com a própria tentativa de assassinato, lidando consigo mesma em meio à turbulência de sentimentos e o prazer doloroso de saber que estava viva, mas Titi não.

Magali ficou quieta por alguns minutos, deixando os polícias mais confusos. Eles ainda iriam mandar chamar sua mãe e por isso, olhou para o fim do corredor e saiu correndo.

Ela sabia para onde iria. Ver a mãe de Titi e ficar junto a ela, do que com os dois policiais que só causavam agonia na garota.

Entrou na mesma ala em que foi atacada, ficando em frente ao quarto de Titi, percebendo que sua mãe não estava lá.
Mas mesmo determinada a ver dona Perpétua, que devia estar em outro cômodo, criou atenção ao notar algo no quarto.

Agradecendo pela janela estar fechada, entrou com passos cuidadosos e foi até o pequeno papel deixado no chão. Apanhando, descobriu que não era só um simples papel branco mas um cartão.

Aquilo poderia revelar mais coisas do Ghostface e dos seus passos invisíveis que marcava. Mas, ao invés de entregar para os oficiais investigarem, pensou o quão a polícia tinha sido incompetente, confirmando o que Cebola e a pequena reunião à tarde tinha dito. Confirmando que o universo a direcionava para o caminho que não queria seguir, mas deveria começar a marchar.

Por isso, mudou a rota de seu destino. Não iria mais ver Perpétua, correria o mais rápido possível para a casa da sua melhor amiga.

•••

Mônica ouviu um bater na porta e empalideceu, ao ver as horas. Já era tarde demais para alguém ir até sua casa.

Na sala de estar, hesitou em ir até a passagem e descobrir se o perigo não estava atrás da sua porta, enquanto sua mãe dormia pesadamente pelos remédios. Porém, a voz chorosa da melhor amiga chegou aos seus ouvidos:

— Mô, por favor, abre.

Mônica recebeu a melhor amiga, tentando esconder a aguda surpresa junto ao desespero ao saber do ataque.

Elas se sentaram no sofá e Magali tentou conter os dedos que não pararam de tremular, sentindo que seu corpo queria sair do estado de pânico. Mônica enlaçou suas mãos com as da amiga. Já tinha experimentado o mesmo desespero que Ghostface poderia causar e que tentava lidar para conseguir dormir sem medo.

— Mônica, ele entrou pela janela e foi até o Titi. Eu fiquei embaixo da cama, quieta, enquanto ele...— sua voz embargou —, ele terminava de matar.

— Achei que ele tinha desistido de matar o Titi — respondeu, tentando não deixar as lágrimas escaparem. — Mas ele conseguiu, fez mais uma vítima.

Magali sentiu novamente os olhos chamuscar de choro, até fungar e olhar para Mônica.

— Mais uma vítima e a polícia não fez nada. Disse que só pegaria as câmeras do hospital e depois iam voltar pra casa, cagando se o assassino tá na rua ou não — a dona da rua ficou incrédula. — Você tava certa quando falou que a polícia não tava investigando direito na casa do Cebs, eles não tão fazendo porcaria nenhuma.

A imprevista reunião no Cebola, algo que Mônica evitou de comentar mas não conseguiu impedir do assunto surgir.

— E você aceitou, Mônica? Vai mesmo investigar junto com eles? — indagou Magali, notando os olhos de negação.

— Não, Maga, não vou. O Cebola falou que tinha uma ideia de como começar as investigações, mas achei loucura demais. Perigoso demais, por isso resolvi ir embora. — contou, com a expressão da amiga murchando.

Magali colocou as mãos no bolso e retirou o cartão branco, que Mônica supôs ser de uma loja.

— Pensei que tinha aceitado e por isso eu vim aqui. Acho que achei uma pista do ghostface. Deve ter caído do bolso dele — Mônica tomou o cartão. — E agora, eu acho que quero entrar nessa investigação. A polícia não vai fazer nada e todo mundo vai ficar mais em perigo. Amanhã, quero mostrar isso pro Cebola e o Cascão, o mais rápido possível e descobrir o assassino que parece tá bem perto da gente.

Magali lançou um olhar para que a dona da rua olhasse o pequeno cartão. Entregou nas mãos de Mônica, que encheu-se de surpresa ao ver a marca tão familiar para ela, que um dia já foi parte do seu antigo namoro:

LOJA DE FANTASIAS HIROSHIMA
E acessórios, de Keika Hiroshima.
Tele: (11)3274-778
Rua: Emerson Souza - 75, Jardim Limoeiro.

— Ai meu Deus! — Exclamou Mônica, levantando-se em um pulo do sofá. — É...é da loja de fantasias da mãe do DC.

Magali afirmou no silêncio e assentiu a cabeça, lembrando que Luísa dormia e que Mônica poderia acordar com sua estranha animação.

— É algo tão besta, no que isso pode ajudar a gente? — indagou a morena, se sentando, desacreditada da sua passageira animação.

— Eu não sei — respondeu a amiga. — Mas o Cebola pode ver algo que a gente não tá percebendo.

Mônica engoliu seco, deixando os pensamentos inquilinos a tomarem. O ghostface poderia só ter comprado seu manto lá, mas ainda sim, seu coração apertou. Ao perceber que seu ex-namorado, que mesmo carregando uma bagagem de infelizes lembranças de seu antigo relacionamento, poderia estar envolvido com o grande terror do bairro, de alguma forma.

•••
Oi gente, mais um cap!!!
E o que acharam dessa nova pista? Vai servir pra alguma coisa ou é só mais uma merda pra turma vindo?
Enfim, não deixem de votar, comentar (como sempre escrevo em todos os capítulos 🤭) e compartilhar.
Vejo vocês no próximo capítulo, tchauuu! ☎️

𝐒𝐜𝐫𝐞𝐚𝐦 - Turma da Mônica Jovem (TMJ + Pânico)Onde histórias criam vida. Descubra agora