1: Após o Terror

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MÔNICA

O bairro da paz foi manchado pela morte de Xaveco.

As seguintes semanas foram puro tormento. Os policiais ficavam rondando as ruas, os pais trancavam seus filhos às sextas feiras, o governo mobilizava viaturas para que ficassem guardando a escola durante o dia. Tudo isso para a proteção dos cidadãos, que ganharam o medo de um mascarado tirar a sua vida.

Porém, depois de um mês, quando os ventos rasteiros de Agosto chegaram e o clima frio emergiu o bairro, tudo voltou à normalidade. Menos para Magali.

— Mô, não fica longe de mim — avisou a morena.

— Pelo amor de Deus, quer que eu pegue na sua mão também? — respondeu a amiga, arrumando a alça da mochila.

As duas estavam voltando da escola, andando pela calçada, após um dia cansativo. Desde pequena sempre iam para casa juntas, mas depois da morte, Magali obrigou Mônica sempre a acompanhá-la. Ela era a mais forte do bairro e tinha a leve certeza que nenhum assassino se meteria com ela.

— Nosso amigo morreu por um assassino, se eu ficar sozinha também posso morrer — lembrou a garota, com sua amiga revirando os olhos.

— Essa história de assassino já passou, Maga. Agora tá tudo tranquilo aqui no bairro — respondeu a Mônica, em soslaio.

— Por enquanto — pontuou Magali, estreitando os olhos.

O celular de Mônica vibrou em seu bolso e por isso apanhou o aparelho, vendo a mensagem na barra de notificações:

TITI: Oi mô td bem?
TITI: Quer vir pra minha casa hj? Sla assistir um filme ou algm coisa. só quero ficar agarradinho com vc hj
TITI: Topa?

— MEU DEUS, O Titi tá me convidando pra sair — anunciou Mônica, quase em um grito.

Magali tirou o celular da mão da minha amiga, lendo a mensagem e arqueando a sobrancelha.

— Meu senhor, ele tá doidinho pra te comer — admitiu Maga, recebendo um tapa no braço da amiga.

Foi em uma festa. Mônica era a única sóbria presente na casa de Denise, observando os adolescentes se beijando nos cantos e vomitando na pia da cozinha. Tudo estava tão chato, até Titi chegar. Ele se aproximou dela e pediu um beijo. Ela negou, mas mesmo depois da festa, ele insistiu que queria beijar ela e por isso começaram a trocar mensagens.

A primeira ficada foi atrás da igreja Limoeirense, um beijo intenso e agressivo, que despertava uma sensação quente ao ponto de ruborizar a bochecha dos dois.
Após isso, Mônica achou que nunca mais iria repetir a ficada, porém se enganou. Ele continuou se encontrando com ela, beijando-a no estacionamento da escola, no banheiro do McDonalds, nas aulas vagas de filosofia e agora, estava a convidando para ir na casa dele.

— Não fala assim, Maga.

— Mas tá parecendo que ele quer te comer, ir pros finalmente, se me entende — revelou a amiga, devolvendo o celular.

O estômago de Mônica embrulhou. Será que ele realmente queria fazer alguma coisa com ela. E se tentasse, será que aceitaria?

— Acho que não vou — disse por fim a morena. — Sei lá, tenho tanta coisa pra estudar também.

Passando pela esquina, as duas meninas passaram pela casa tão familiar para Mônica. Com uma cerca roxa cercando o quintal esverdeado, as duas observaram Dc em frente à porta com outra pessoa, uma garota.

Penha ria calorosamente na presença do menino, arrumando seu óculos quando perceberá que Mônica e Magali estavam passando pela calçada.

A francesa fitou o olhar escuro como a que a dona da rua tinha, dando um aceno açucarado estilo prostituta que se tornou freira, e um beijo na bochecha de Dc.
A Sousa retribuiu o aceno, seguindo rapidamente para fora do campo de visão dos dois, ouvindo a batida desenfreada de seu coração.

Mônica e Dc tinham terminado no ano passado, em Dezembro, no pior natal para ambos. Uma briga violenta, que arrancou lágrimas e um pedido de término vindo do garoto. Tudo pelo ciúmes.

— Não sabia que o Dc tava ficando com a Penha — disse Magali, acordando Mônica de seus pensamentos. — Péssimo gosto ele tem.

— Péssimo, horroroso gosto — acentuou. — Meu Deus, a Penha, quem tem coragem de gostar daquela louca.

— Aí amiga, não me surpreende tanto. Ele namorou você com esse jeito maluco neurótico, pegar a Penha deve ser normal pra ele — Magali recebeu outro tapa em seu braço, que arrancou um grunhido.

As duas caíram na risada, com a mente de Mônica voltando a funcionar.

Ele tinha passado pelo pior término, tendo seu ano novo desmanchado por um garoto que foi seu amor por mais de doze meses. Se restringiu, cortou amizades e desistiu muitas vezes de si mesma para agradar Dc. Mas ele ignorou todo seu esforço e terminou com ela de forma atroz, onde suas palavras já geraram pesadelos constantes que a deixavam com insônia.
Mas Mônica se libertou das palavras violentas e recebeu novos olhos, que mostravam o melhor caminho para a nova fase da sua vida. Um caminho eletrizante, sem regras e compromissos, onde só seu prazer era importante.

Naquele instante, Mônica apanhou seu celular e entrou na conversa com Titi. Ela também iria aproveitar a sexta-feira na companhia de outra pessoa.

#MÔNICA:
Oi, Titi. Topo sim, q horas eu posso chegar na sua casa?

𝐒𝐜𝐫𝐞𝐚𝐦 - Turma da Mônica Jovem (TMJ + Pânico)Onde histórias criam vida. Descubra agora