O estranho Yuri.

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Jim Hopper

Em todos os anos da minha vida, eu jamais imaginaria que algo nessas circunstâncias me aconteceria. Já me visualizei em uma prisão de Hawkins, por algo como brigas de ruas ou dirigir sob uso de bebidas, mas nunca cogitei estar preso na Rússia.

Quem cogitaria? Afinal, o que me trouxe aqui não é algo comum. Não são todas as pessoas que lutam contra monstros de uma dimensão alternativa e se infiltram em operações russas, eu devo ser um puta de um azarado.

— Vá para o oeste pela floresta. Achará uma igreja com um telhado cinza. Espera lá, Yuri encontrá você lá. — Dmitri me direciona, baixinho, escondendo nossa conversa dos outros guardas do local. Eu havia o comprado em troca de alguma saída daquele lugar, mas até agora não havia recebido nenhuma notícia.

— Quem é Yuri?

— Um amigo. Conversei com dois amiguinhos seus há poucos dias. — O que ele quiz dizer com amigos?

— O quê?

— Uma morena e uma carinha estranho, foram à casa da minha mãe. Aqueles filhos da puta me ofereceram uma quantia enorme, parece que estão desesperados em salvá-lo. Sorte a sua, me lembraram desse amigo, que está disposto em ajudar. — O fito, esperando mais informações. — Vão encontrar Yuri em breve. Se tudo correr bem, amanhã a noite já estará em casa, comendo no Enzo com a mulher bonita.

— Ela não é minha mulher. — Respondo seco.

— Claro que não, está salvando sua vida por amizade. — Que vontade de socar a cara desse escroto irônico, mas mantenho meu desejo guardado, até porque minhas mãos estão presas. — Olha americano, não tenha tanta esperança nesse sonho. Eu pensei bastante a respeito e diria que sua chance de sucesso é uma em cinquenta.

Continuo quieto e inexpressivo, o que parece intrigá-lo.

— Não parece nervoso, americano. Impressionante. Você é fera, hein? Como Steve McQueen. The Cooler King, hm?

— Espero que não. — Mantenho a piada, sério.

— Claro que não, porque Cooler King voltou para a prisão. Então precisa ser melhor que o McQueen hoje. Aliás, mudei de ideia. Acho que sua chance... é uma em cem.

Que escroto.

— Nosso amigo enxerido de novo. — Observo o guarda, que nos encara desconfiado. — Onde você quer?

— Onde você quiser, só não no rosto.

— Quer estar bonito pra sua mulher, claro...

— Já disse que não é minha mulher! — Me exalto, o encarando, que utiliza da oportunidade para me empurrar no chão.

Trabalhávamos na confecção de um trilho há algumas horas. Me preparava mentalmente para o plano que havia pensado. Sabia que as chances eram baixas, e que possivelmente morreria. Mas dentre as possibilidades, havia a que eu encontraria Joyce, e a El.

Dada a determinação, começo. Posiciono a parte de ferro do martelo geológico entre um vão no trilho, forçando-o até que o cabo quebre. Caminho cuidadosamente até um dos guardas, tentando fazer com que a corrente dos meus pés — as quais eu havia quebrado no dia anterior — não me dedurasse.

Assim que me aproximo, o guarda grita algumas palavras russas, apontando sua arma na minha direção. Levanto minhas mãos, recuando um pouco, enquanto me preparo para atuar.

— Quebrada... — Falo em russo, mostrando o cabo quebrado. Bato o mesmo no chão. — Não dá pra trabalhar.

O guarda ameaça novamente, mas cede e vira, entrando em uma portinha. Observo aos meus lados, e o sigo.

Boyfriends Lie - Max and YouOnde histórias criam vida. Descubra agora