Boyfriends Lie - Max and You

A GUERRA - parte 1

Quando abri os olhos, não havia nada além de escuridão. Eu estava sobre uma fina camada de água, que fazia barulho a cada vez que eu movia meus pés. Eu sabia que já havia começado, e que Lilith estaria me aguardando em algum lugar, mas para onde ir quando não há nada?

Minha pergunta foi respondida segundos depois, quando aquela escuridão começou a se dissipar como fumaça, e eu percebia estar em um ambiente aterrorizante.

Era vermelho, tudo, tudo ali era vermelho. O céu tinha algumas nuvens com cor de sangue, e alguns raios iluminavam o lugar. No piso havia algumas vigas, de algo que eu certamente não saberia explicar o que era, mas elas se mexiam, e pareciam incrivelmente nojentas.

Tudo parecia o mesmo, eu não sabia para onde ir. Tentei seguir até o que me pareceu o centro, mas tive que parar ao ouvir uma voz, voz essa que parecia sair do fundo da minha mente, como um auto-falante medonho.

"É um prazer te receber, S/n... Espero que aproveite o show, preparei tudo especialmente para você, irmãzinha".

Lilith.

Me aterrorizei apenas quando vi duas pessoas passando por mim, uma de cada lado, eram adolescentes. Virei, e tudo pareceu pior quando percebi que eram duas filas, passando por mim sem que me notassem até pararem a poucos metros de distância.

Eles andavam lentamente, e seus olhos... Seus olhos estavam completamente escuros.

Finalmente todos estavam em uma só fileira, olhando diretamente para mim com seus olhares vazios. Nenhum dos adolescentes se movia, tampouco eu, naquele silêncio mortal, consegui reparar mais neles. Max não estava lá.

Reconheci Liara Kimby, a primeira casa que havíamos ido era a dela, seus cabelos loiros poderiam ser reconhecidos de longe. Ao lado dela, bem no meio de todos aqueles adolescentes, estava Kyle Kristen, percebi no momento em que reparei em seu cabelo, que era tão parecido com o de seu pai.

Eles estavam ali, parados, e novamente eu me vi sem saber o que fazer. Decidi começar a tentar usar meus poderes, mas mal consegui pensar ao ver aquelas vigas começarem a se mover rápido demais. Passavam por mim e iam em direção a eles, aos adolescentes. Subiam por seus corpos.

Iam de seus pés, circulando por todas suas pernas até que prendessem o braço. Eles estavam sendo completamente cobertos por aquilo, e tudo pareceu pior quando eu reparei bem em seus olhos: eles choravam sangue.

Vi quando a viga circulou o pescoço de cada um, parecia forte, parecia sufocá-los. Percebi ser burrice tentar fazer algo quando, mais uma vez tendo decidido agir, fui interrompida por um conjunto de gritos agudos, tão altos que pareceram atingir meu cérebro, fui imediatamente obrigada a fechar os olhos pela dor.

Isso foi um erro.

Descobri quando ouvi mais um barulho gosmento, e quando abri os olhos, todos estavam livres.

Correndo em minha direção.

Você nunca saberá o que é terror de verdade até ter diversas pessoas — que querem te matar — correndo atrás de você. Eu tentava fugir, me escondendo entre as vigas enormes. E conforme mais eu me perdia naquele labirinto vermelho, mais eu sentia meus pés falhando. Infelizmente, nenhum deles parecia cansado, muito pelo contrário, corriam rápido demais.

Me desesperei quando fui tocada por uma garota de cabelos cacheados, ela olhou para mim, com aqueles malditos olhos negros, e gritou. Soube naquele momento que, se eu não usasse meus poderes, seria meu fim, todos estavam vindo até nós.

Tudo que pude fazer foi tocar em sua testa e desejar, com todas as minhas forças, que aquela luz se manifestasse.

Foi o que aconteceu. Senti aquele calor, que agora me parecia familiar, porém certamente mais forte, esquentando todo meu corpo até chegar na ponta dos meus dedos, e enfim se espalhasse pela garota.