A GUERRA - parte 2

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"Salvou sua amiguinha, mas vamos ver se vai conseguir se salvar..."

Eu conhecia bem aquela voz, a voz que ouvi desde que nasci, a que esteve comigo em todos os momentos da minha vida: a voz da minha irmã, Lilith.

Ouvi aquela voz em diversos momentos desde que entrei nessa batalha mental, mas, em todas as ocasiões, pareceu-me mais um som distante. Agora não, agora ela estava bem ali.

Bem atrás de mim.

Quando me virei para encará-la, foi como me ver em um espelho distorcido. Antes, éramos idênticas, agora, nem tanto.

Seus cabelos estavam curtos, seus olhos pareciam alguns tons mais escuros que os meus e suas veias eram marcadas em uma cor tão escura que poderia assustar. Em seu rosto brilhava um sorriso macabro, e eu jurei não conhecer a garota que estava na minha frente, não parecia a que conheci minha vida toda.

Admito que, desde que ficamos um pouco mais velhas, eu e Lilith não mantivemos a boa relação da infância, mas aquele sorriso a faria irreconhecível até em sua pior versão.

— Admito S/n, não imaginei que chegaria tão longe, mas o que fez aqui... — Ela solta uma gargalhada bizarra — Foi um verdadeiro show.

— O que quer de mim, Lilith? — Minha voz, mesmo tentando ao máximo evitar, sai trêmula, quase tão trêmula quanto minhas mãos.

— É bem simples irmãzinha, aprendi muito por aqui sabe? — Lily se aproxima, ficando apoiada em minhas costas e sussurrando em meu ouvido. — Houve um homem, ele me ensinou muita coisa.

Dito isso, vi um rapaz loiro por todo o lado. Ele ria, e aparecia sorrindo em lugares aleatórios, sumindo logo em seguida, como a porra de uma alucinação.

— Esse é o Henry, diga "olá" para ele, diga. — Lilith segura minha mão, balançando em direção ao homem, que retribuia o acenar frente a porta da casa que eu estava antes. Seu sorriso conseguia ser pior do que o da minhã irmã.

Eu puxo bruscamente meu braço de sua mão, me virando novamente para ela assim que o loiro some daquele lugar.

— O que caralhos você quer de mim, Lilith?! Quer vingança?!

A garota pega no meu braço com uma certa brutalidade, mas passou a sorrir com gentileza para mim. Certamente uma falsa gentileza.

— Se lembra daquele sonho? Aquele, que te mostrei como eu me tornei o monstro que está vendo agora. — Apenas afirmo, me lembrando de quando me mostrou tudo que ela passou no laboratório. — Pois bem, aquilo foi uma parte. Venha comigo, lhe explicarei o resto.

Puxei meu braço de seu aperto novamente: — Não irei a lugar nenhum com você! Não confio em você!!

Ela solta uma pequena risada nasal.

— E pensa que eu confio em você? Ou você vem, ou pularemos a etapa da explicação, e você morrerá sem ao menos saber o porquê... Pense bem, irmãzinha, estou lhe dando um tempo para pensar enquanto lhe explico o que quer tanto saber. Não é isso que quer?

Penso bem. Seria burrice lutar contra ela agora, eu mal sabia o que ela queria, e, queira ou não, Lilith ainda era minha irmã. Talvez houvesse uma forma de salvar ambas de nós, mas para descobrir, precisaria saber o que nos trouxe até aqui.

Ela nota pelo olhar que aceitei seguí-la, e por isso começa a andar até onde possivelmente era o centro daquele lugar. Eu acompanhava seus passos.

— Se lembra da nossa infância? Antes dos cinco? — Me pergunta.

— Lembro vagamente...

— Nascemos naquele laboratório, irmã. Nossos pais eram loucos de pedra, acreditavam que com muito esforço poderíamos nascer com poderes o suficiente para dominarmos o mundo, e... Honestamente, realmente aconteceu. Nascemos com um poder incrível, mais do que qualquer um poderia imaginar, sombra e luz, poderes opostos em gêmeas idênticas.

Boyfriends Lie - Max and YouOnde histórias criam vida. Descubra agora