Capítulo 15

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Por Felipe

Agora...

— Vamo embora Pedro! — digo pela milésima vez.

— Calma irmão, só falta aquele balão lá prateado. Preciso de três números 2 e um número 1. — bufo irritado — Porra mas tu também é chato pra caralho. Não parou de reclamar um segundo. — cruza os braços — Hoje é meu aniversário! Não era pra você tá brigando comigo.

— É meu aniversário também! E você tá fazendo eu andar pra caralho! — rebato.

Ele me arrastou aqui pro centro da cidade pra comprar um monte de coisa pra festa dele. Não tô nem um pouco a fim de ir, mas sei que ele vai se juntar com a Manoela e Analu, vão fazer um complô pra me levar pra essa festa. Até porquê, a festa dele vai ser junto com a "minha".

Vou ter que ir de qualquer jeito.

Hoje o dia está nublado, as nuvens estão carregadas e eu já falei pra irmos pra casa dele logo porque vai chover. Mas tu escutou? Nem ele.

Andamos por mais um tempo até que ele consegue achar os malditos balões.

— Tem na cor prata moça? — ele pergunta.

— Tem sim, quais números cê vai querer?

— Eu quero três balões do número 2 e um balão do número 1. — ela pega o que ele quer.

Pedro paga a moça e nós vamos embora. Até que enfim.

Fomos pra uma rua pegar o uber.

Ele pede pelo celular dele e não demora muito pro carro chegar. Fico na parte de trás com as bolsas e ele vai na frente ao lado do motorista. Faço um pix pro Pedro da metade da corrida.

Pela primeira vez hoje pego no celular, vejo algumas mensagens me desejando feliz aniversário, outros lamentando pela morte do meu irmão e outros mandam mensagens aleatórias. Tem mensagem da Analu e do Pedrinho.

Mas nenhuma mensagem da Manoela.

Acho que ela ficou chateada por eu não ter respondido as mensagens dela ontem, ou não ter aparecido na sala quando ela estava lá com a minha mãe.

Só que eu não consegui.

Não consegui levantar da cama, a não ser pra tomar banho. Sonhei a noite toda com aquele dia, o disparo ecoando na minha cabeça a todo momento, últimas palavras dele dizendo que amava eu e minha mãe. Nada disso sai da minha cabeça.

Eu sinto muita saudade dele todos os dias, mas parece que nesse dia em específico, os sentimentos ficam mais intensos e se viram contra mim. A culpa que sinto é fora do comum.

E isso me faz não querer sair do quarto.

Sei que minha mãe fica pior que eu e que eu deveria ficar ao lado dela, principalmente nesse dia. Mas a questão é que eu não consigo olhar na cara dela sem lembrar do que aconteceu. Do semblante dela mudando quando me viu entrar em casa sem ele, dos seus gritos, dos tapas no meu peito pedindo pra eu falar que era mentira e mandar ele sair de onde estava escondido. Não consigo olha-la e não lembrar daquele dia, de como eu fui fraco.

Engulo seco. Olho pela janela e vejo que estamos chegando na casa do Pedrinho.

Quando o carro estaciona em frente, saio do carro e vou entrando na casa com as bolsas enquanto ele paga o cara. Entro e já vou subindo em direção ao terraço, onde vai ser a festa.

Poucos segundos depois Pedro chega no local e a gente já começa a ajeitar as coisas. Desço pra cozinha e já deixo as carnes do churrasco temperadas dentro de uma vasilha grande, enquanto Pedrinho tá lá encima lavando o terraço.

"Sempre foi você"Onde histórias criam vida. Descubra agora