Capítulo 30

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Por Felipe

Rio de Janeiro 📍
Terça-feira, 10:26

— Porra, Felipe! Sai de cima de mim cara! — meu irmão diz irritado.

— Minha mãe mandou eu te chamar, mas parecia que eu estava falando com os travesseiros já que você nem se mexia. Temos que ir pra escola!

Ele volta a se cobrir todo

— Não quero ir pra escola hoje. — diz com a voz abafada.

Estranho sua resposta.

— Mas por que, irmão? — puxo a coberta dele e o mesmo se senta na cama.

— Nada... — desvia o olhar.

— Pode falar, Flávio. Sabe que não gosto quando mente pra mim.

Ele revira os olhos, dou um tapa em sua testa e ele me olha feio, mas logo relaxa a feição quando rio da sua cara.

— Não é nada demais mesmo. — fita a parede — Só que... eu tô desanimado. Minhas notas estão caindo de novo, estou sendo motivo de chacota na escola e não consigo me encaixar em grupo nenhum, é isso.

— Você pode ficar comigo lá. As meninas não vão se importar, pra falar a verdade elas vão até gostar da ideia. — sugiro. — Não precisa ficar sozinho, irmão. Eu tô aqui.

— Mas eu vou incomodar vocês...

— Não diga isso. Está sendo dramático? — nega. — Isso não é verdade, eu gosto muito da sua companhia e as meninas também.

— Eu acho melhor ficar na minha mesmo. Vou me ajeitar.

Observo ele se levantar e sair do quarto, provavelmente indo tomar um banho. Eu já estou arrumado, então só vou pra sala e o espero.

De nós dois, Flávio sempre gostou mais de ir pra escola do que eu, por isso estou preocupado. Ele acordava antes de mim, tirava as notas melhores que as minhas, me ajudava quando eu tinha dificuldade em alguma matéria.

Não sei o que aconteceu.

Ultimamente não estamos tão próximos como antes. Está acontecendo alguma coisa que eu não sei, e não gosto nada disso.

Fecho a porta da sala do Patrick e me sento na cadeira à sua frente.

Não tem muito tempo que cheguei na empresa, pouco menos de uma hora. Mal cheguei e ele já me chamou, é quase todo dia assim.

Ele é gerente da empresa em que trabalho, mas não é porque somos amigos que ele me dá moleza. É exatamente por isso que ele pega no meu pé, tem hora que eu fico puto com a encheção de saco.

— Bom dia. — Diz olhando pelo grande vidro transparente da sala, dando uma bela vista para o exterior do prédio.

— Bom dia, Patrick. Precisa de alguma coisa?

— Sim, claro. Preciso que imprima os documentos que estão neste pendrive e os traga para eu assinar, pode ser? — assinto pegando o pequeno dispositivo de sua mão.

— Precisa disso pra quando? — Me levanto.

— Hoje às 18h. Você sairá junto comigo hoje.

— Ué, por quê?

— Sente-se. — franzi o cenho e faço o que ele pede.

— Fala.

— Como você sabe, Manoela está de volta há três dias e... — tento contestar mas ele continua. — E você sabe que os dois precisam conversar. Você tem mágoa dela e ela precisa e quer se explicar, acredito que depois dessa conversa de vocês podem dizer se querem manter o contato ou não.

"Sempre foi você"Onde histórias criam vida. Descubra agora