09 | Aimsir teagmhach

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Ansiedade era um bom sentimento para me definir atualmente, porém, não é daquela empolgante e carregada de expectativa, não, é aquela que faz tremer até aos ossos

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Ansiedade era um bom sentimento para me definir atualmente, porém, não é daquela empolgante e carregada de expectativa, não, é aquela que faz tremer até aos ossos. E o medo é um pouco delirante, mas é o suficiente para me deixar cônscia do que se precisa se fazer, de que a morte de Eleonor, Cédric, Eleazar, Kavya e Kendrick Mclaughlin, assim como todos aqueles que morreram seja tentando nos proteger ou apenas tentando salvar a própria vida, merecem vingança. 

Portanto, eu não podia, e nem devia, deixar que essa ansiedade percorresse o meu sangue, porque se assim o fosse, tenho certeza que não restaria muito para que eu acabasse me escondendo de volta naquela maldita tenda e definhasse. Não! Eu precisava ser corajosa, por mim... por todos.

Por isso respirei fundo assim que pisei pela primeira vez no barco do povo viking, e posso descrever os vários motivos para ele não me passar nenhuma segurança; primeiro que os barcos escoceses são construídos com tábuas de madeira sobrepostas, e apesar dos barcos desse povo também o ser, o do meu povo é mais largo e mais sólido, refletindo a necessidade de resistir às águas turbulentas e condições marítimas adversas, o que aparenta não ser o foco dos vikings.

E para piorar, eles apresentam uma quilha rasa, o que parece ser ótimo para navegar em águas rasas, como rios e estuários, mas não acho que seja o mais viável para percorrer no mínimo 200 ou 400 milhas (aprox. 644 quilômetros) náuticas, dependendo do tempo que encontraremos, ainda mais porque eles se mostram depender mais do impulso dos remos do que das velas.

— Está à espera de um banquete ou do seu trono, princesa? — Uma voz esganiçada e meio arrastada soou bem atrás de mim, e eu me virei apenas a tempo de ser empurrada com brutalidade, fazendo-me cair de costas contra uma tábua de madeira que servia de suporte para sentar.

Também imaginava que por ser uma quilha rasa, não há convés inferior, ou seja, com base as minhas rápidas contas, ficaríamos quase dez dias sendo expostos em água gelada, sem poder descansar corretamente, eu nem sei como fariam a armazenagem da comida durante esse tempo.

E pior, eu não poderia oferecer outra solução, como usar os barcos escoces, porque todos eles haviam sido consumidos pelo fogo posto do Westergaard.

— Valthjof não seja tão mal com a garota, Astrid disse para cuidarmos bem dela, você não lembra? — Outro homem zombou com satisfação, falando alto o suficiente para que o outro ouvisse enquanto o próprio subia também na embarcação, tirando dos meus pensamentos abruptamente. — Desculpa os maus modos do meu amigo, não quero que pense que somos todos uns brutamontes, há sempre um cavalheiro, só para variar. — Ele estica a mão para que eu pudesse segurar e voltar a me erguer.

— Alguns brutamontes, outros cavalheiros, mas todos pouco confiáveis. — Falei ignorando prontamente a sua ajuda, virando-me para desencostar as minhas costas doloridas da tábua e levantando com alguma força que eu certamente deveria guardar para momentos oportunos.

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