CAPÍTULO 2 - A carta e a reunião

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   O impasse agravou-se mais ainda quando os ataques de Gridélia se tornaram mais frequentes, mas Tirandul pensou em uma ideia, secretamente, enviou uma carta para os vilarejos mais próximos, nomeados Avietla e Ostigna, apesar de não ser do conselho, estas vilas o respeitavam em resultado de favores e gentilezas anteriores prestados por ele e seus soldados.

   Caros amigos de Avietla e Ostigna, nos últimos acontecimentos, uma bruxa verde macabra assombra o vilarejo onde resido, os ataques estão piorando a cada dia que se passa, não temos forças para combate-la, e ela parece tomar vantagem disso para nos enfraquecer. Com isso, nossa segurança está vulnerável, o curandeiro Rastielo está entre a vida e a morte por conta do último ataque, metade de nossos guardas, severamente feridos e a outra, desamparada e quase sem esperanças. E mais, ela rogou uma praga em nossas árvores frutíferas, afetando nossos suprimentos e moradia, por razões desconhecidas, não estamos conseguindo quebrar a maldição. Os ataques dela possuem um motivo, há um colar de poder maligno que perdemos dois estudiosos sendo petrificados, não sabemos as intenções que a bruxa almeja com o colar, boas, com certeza não serão. Por vossa segurança, sigam pelo caminho distante do rio, pois a bruxa plantou armadilhas ilusórias por lá, venham com no mínimo sete pessoas, pois além do trajeto longo, a noite está hostil.

Tirandul Tuchagaiú. Comandante da Guarda de Zaerthelinor

   Amarrando as cartas em corvos mensageiros diferentes, eles voavam, mal ele terminava e uma casa desabava, uma árvore foi severamente afetada pela maldição da bruxa, sem hesitar, seguida em direção aos escombros, não sendo muito longe dali. Ao se aproximar, o filho Torfirus havia chegado antes, e aquele momento, foi o estopim, era um casal que possuía dois filhos, o primeiro e o mais velho estava ferido, embora se recuperando, o casal sobreviveu com alguns arranhões e hematomas, mas o menino mais novo, foi encontrado morto, com um pedaço enorme de madeira atravessado na região do tórax, parecia que o agouro da bruxa também afetou a pobre criança. A mãe gritava e chorava pelo menino, e o pai, a segurava, mas não continha as lágrimas, foram tomado os devidos cuidados com a situação, mesmo comovido com a situação, Tirandul tinha que se manter firme.

   Mais tarde, todos se dirigiam ao conselho para a reunião no grande salão, e aquele dia foi um dos piores momentos para decidir algo, o desespero e a raiva tomava a conta de maioria, durando horas e horas, e no final, tomaram a decisão, barganhar com a bruxa para remover a praga. O conselho de Zaerthelinor era formado por três conselheiros, sendo Aldereth, o único escalvado da vila e de maior autoridade, Veniesla, a cuidadora e tutora dos menores, e Fygna, agia em maior parte em momentos de desespero, tanto que nessa reunião em particular, ela quem apaziguou e guiou a situação para as decisões e deixarem de lado o desespero e frustração. Também foi decidido que não envolveriam a ajuda de outros vilarejos, mal sabiam eles que Tirandul já providenciou as cartas.

   Sem demora, Tirandul ordenou o preparo da viagem com a caixa e mais três guardas, sob trégua já naquela noite, causou alvoroço de início, mas a bruxa sentiria a intenção deles, pois a mesma viajava a floresta. Torfirus havia se preparado para a viagem, mas o pai negou e ordenou para espera-lo em casa, mesmo relutante. Antes de partir, Torfirus e Tirandul se abraçavam, como se fosse o último, e o filho retornara pra casa e assim saíram da vila, com a caixa em mãos, mesmo com receio, Tirandul não tinha escolha. 

O Soldado AmaldiçoadoOnde histórias criam vida. Descubra agora