EU TE AMO

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Culpa e insegurança. Sentimentos despertados pelo melhor momento da minha vida nos últimos 4 anos. Por aquele beijo. Que beijo!

Mas o que significava? Melissa iria aceitar se casar comigo? Ela parecia aérea e perdida e eu simplesmente não podia cobrar racionalidade e decisões imediatas. Ela havia acordado de um coma, sem memória recente. Não seria justo. Me calei, respondia só o que ela me perguntava e fui evasivo sobre Alex. Eu não tinha outra saída.

Tê-la em meus braços de novo era o alento em meio ao meu caos. Eu não podia destruir o fio de confiança depositado em mim naquela carruagem. Eu precisava tirar Alex do internato imediatamente. Ela não ia me perdoar se soubesse. Depois, com calma, quando ele estivesse em casa sob seus olhos, eu poderia lhe explicar meus motivos.

- Joca, toque para... - Enterrei minha cabeça na pequena janelinha para falar com ele. Eu ia começar a dar ordens sobre nosso destino. Melissa tocou meu braço, pedindo que eu esperasse. Olhei pra seus olhos castanho-esverdeados em formato de amêndoas. A boca totalmente avermelhava denunciava os beijos dados a pouco. Estava um pouco abatida, mas nem por um segundo menos bonita.

- Felipe, por favor... - Ela suplicou.

- O que? Se sente mal? Prefere voltar para o hospital? - Perguntei confuso.

- Não, por favor, me leve para o casarão. Preciso muito ver Alex. Meu coração doí de saudades. Sei que ele também sente minha falta. - Eu fiquei inquieto. Não poderia levá-la ao casarão antes de trazer Alex de volta. Minhas omissões estavam me complicando, mas de qualquer forma não poria sua vida em risco.

- Joca, para o sobrado aqui de Porto Alegre, por favor. - Fui obrigado a ignorar sua suplicas.

- Felipe! - Ela falou meu nome com raiva e começou a chorar em seguida.

- Sinto muito, não ouviu o que doutor Afonso disse? Por algum instante achou que eu iria colocar sua segurança em risco? - Tentei usar minha voz mais doce.

- Eu odeio você! - Ela exclamou. Não consegui conter o riso, parecia uma criança. Ela ficou emburrada o resto do caminho.

- Está parecendo aquela menina mimada que corria pelos estábulos. Linda! Linda! Mas cheia de vontades. - Eu continuei rindo e ela não se moveu, não disse mais nada até chegarmos no sobrado.

- Alex está bem, confia em mim. - Segurei sua mão e sua expressão suavizou.

O coche foi diminuindo a velocidade até parar. Havíamos chegado. Joca desceu, abriu o portão lateral e depois nos conduziu para dentro, fechando o portão de ferro atrás de nós.

- Espere aqui, não pode sair até que eu busque a criada. Melhor nos preservarmos. Já estou esperando o castigo lento e doloroso que seus tios vão me submeter quando souberem que te tirei do hospital, alegando que era seu marido e assim ficando a sós com a senhorita neste transporte.

- Sabe que essa casa não me traz boas lembranças. - Ela me confidenciou séria.

- Sinto muito, não queria trazer a luz lembranças tão difíceis, mas não tive opção. Era aqui ou o hospital.

- Achei que ia se convencer. - Ela limpou as lágrimas.

- Prefiro você viva e saudável. - Saltei do coche. A noite cobria as ruas e um breu nos acompanhava. A única luz vinha das tochas em frente a propriedade.

- Joca, vá chamar Joana, precisamos dela aqui esta noite. Veja se o marido dela pode revezar a guarda com você. Pagarei bem, o dobro.

- Sim, senhor.

- Outra coisa...nenhuma palavra sobre eu e Melissa sozinhos nesse coche. Saberei que foi você. - Falei sério.

- Não sei do que está falando.

LAÇOS INVISÍVEISOnde histórias criam vida. Descubra agora