Apostas

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Jay não sabia há quanto tempo estava escutando o som dos dedos finos do Yang baterem rapidamente contra as teclas do notebook que havia virado quase que uma parte do corpo dele. Dois dias após terem visto a agressão nas câmeras de vigilância, ainda não tinham obtido informações muito relevantes.

Tinham ido até o local do ataque, mas nada de incomum foi encontrado lá. Havia algumas casas pequenas, umas lanchonetes, amontoadas em um só prédio, e uma loja de conveniência. A coisa mais estranha que conseguiram observar foi que a conveniência não era 24 horas, o que era meio fora do normal para a capital da Coreia, mas isso logo foi explicado pelo dono da loja, que contou que não havia encontrado outra pessoa para substituir o ex-funcionário de meio período que havia se mudado recentemente dali, e por isso tinha que fechar o estabelecimento durante a noite, para voltar para casa e cuidar de sua esposa doente.

O senhor também falou sobre um sem-teto que ele não via há uns poucos dias que vivia por aquelas ruas, quando perguntado sobre isso pelos policiais. Pelos relatos, ele era jovem, sobrevivia com as esmolas que recebia e alguns restos de comida que achava nos lixos das casas ou que alguém dava a ele. Ao que parecia, o homem tinha nascido nas ruas e nunca havia sido, de fato, um civil coreano, o que explicaria nada ter sido encontrado no banco de dados quando os policiais mandaram amostras de sangue para serem analisadas pelo departamento forense.

Fora isso, foram encontrados vários pontos cegos nas câmeras de vigilância daquelas ruas, o que permitiria que alguém que as conhecesse conseguisse passar por ali sem ser filmado. Era o que supunham ter acontecido com o agressor do sem-teto. Mas não eram informações que realmente levassem a algum lugar, então precisavam procurar por mais pistas. E era exatamente isso que Jungwon estava fazendo naquele momento, sentado em sua cama e com o notebook no colo. Seus olhos percorriam as telas das inúmeras câmeras de segurança por horas, procurando qualquer coisa suspeita.

O detetive tinha certeza que ficaria louco se escutasse aquelas batidas irritantes por mais um minuto, então se retirou do quarto, indo à cozinha beber um pouco de água. Não gostava de deixar o Yang sozinho, não confiava nele e não sabia se ele era louco o bastante para fazer alguma burrice, mas preferia não arriscar. Contudo, passar horas o vigiando sem conseguir fazer nada enquanto pessoas eram mortas e tinham seus órgãos traficados estava fazendo com que sua não tão grande paciência se esvaísse completamente.

Olhou em direção à sala e viu Jake de costas, sentado no sofá, analisando alguns papéis que supunha serem sobre o caso. Estava bastante orgulhoso do policial. Soube por ele e por Sunghoon do sucesso que tinha sido a pequena operação com o editor da SBS. Quer dizer, nunca havia duvidado da capacidade dele, mas tinha visto como ele estava nervoso no dia por ser sua primeira ação em campo, então se orgulhava do êxito do colega.

Andou em direção a ele e sentou-se no sofá adjacente ao que ele estava.

- Ainda nada? - O Sim perguntou, quando notou a presença de Jay, e o viu assentir.

- O Yang ainda está procurando. Não tenho muita certeza se ele vai conseguir achar algo. - Jay curvou-se um pouco para frente e apoiou os cotovelos nos joelhos. - Nós vimos os pontos cegos daquelas câmeras. Se havia nelas, com certeza deve haver em todas as outras.

- Podemos dar sorte. - Jake falou após algum tempo em silêncio. O semblante cansado do Park o afetava sem que conseguisse evitar. - Você não dormiu bem? Está bem feio com essas olheiras. - Apontou fazendo uma pequena careta.

Jay riu um pouco e observou Jake durante alguns segundos antes de, aos poucos, ficar sério novamente.

- Queria que essa fosse minha maior preocupação.

A porta do quarto de Jay bateu devagar, sem chamar atenção, e Jungwon se moveu em direção à cozinha. Sentia a região acima de seus olhos latejar pelo tempo excessivo em frente ao notebook. As falanges de seus dedos doíam e a sensação que tinha era a de que sua coluna iria quebrar a qualquer momento. Sabia de algo que faria isso tudo passar em um minuto ou dois.

Criminal Love (Jaywon)Onde histórias criam vida. Descubra agora