Passado

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- Você gosta dele, não é? - Sunghoon viu o rosto de Jake virar para si de repente, com uma expressão assustada. - Do Jay. - Mais afirmou do que perguntou.

- V-você tá maluco? Claro que eu não gosto. - O Sim falou mais rápido que o normal, e o outro policial só riu baixinho em resposta.

Estava na cara que ele gostava e Sunghoon tinha que encarar esse fato. Não era como se não desse para perceber. Jay e Jungwon haviam acabado de passar pela porta da frente, para ir buscar algo para o café da manhã, e o mais baixo só parou de observá-los quando a porta foi fechada. Não que Sunghoon esperasse que Jake estivesse de braços abertos esperando por si, mas isso lhe desanimava um pouco, não ia negar. Contudo, o Park não era exatamente conhecido por desistir fácil das coisas. Quer dizer, não tinha muita certeza de quando começou a querer tentar alguma coisa com o outro policial, mas, por que não?

- Tudo bem se for o caso, não tem nada demais nisso. - Jake não falou nada, só ficou encarando todos os pontos da parede à frente, sem focar em algum. - Você pensa em contar?

- Eu não gosto do Jay, Sunghoon! - O Park quis rir por causa das bochechas vermelhas dele, mas se segurou. Não queria irritá-lo ainda mais, não era esse o ponto.

- Você fica bonito corado assim. - A expressão surpresa no rosto do Sim foi impagável. Ele ficou ainda mais vermelho e parecendo que não sabia onde enfiar a cara. - Eu vou treinar um pouco. - Levantou-se do sofá onde estavam, ainda olhando para o outro. - Não se preocupe, seu segredo tá a salvo comigo.

- Eu tô começando a me perguntar se você é mesmo uma boa pessoa. - Sunghoon ouviu o outro falar baixinho enquanto estava se distanciando, e só conseguiu rir.

Jake se amaldiçoava mentalmente. Estava dando tão na cara assim? Dizia a si mesmo que era somente uma admiração, mas teria que parar com isso, de qualquer forma. Conhecia Jay há tempo demais para saber que não tinha chance com o detetive certinho que nunca andava fora da linha. Mas era uma admiração, somente uma admiração.

Jake queria enfiar a cabeça em algum buraco no chão naquele momento.

[...]

Jay nunca pensou que estaria sentado em uma cadeira de espera de um hospital veterinário, enquanto estava no meio de uma das investigações mais importantes de sua carreira. Ainda assim, a luz branca e forte do corredor irritava os seus olhos, e a inquietação das pernas do Yang ao seu lado estava lhe deixando nervoso.

O fato era que, no caminho de volta para casa, depois de terem comprado comida, Jungwon viu um cachorro caído no meio-fio e quis ajudá-lo. A súbita mudança de acontecimentos confundiu muito o detetive, porque em uma hora ele estava pronto para chegar em casa, comer e começar mais um dia de trabalho, e na outra, estava sentado em frente a uma mesa metálica nada agradável, com o cachorro que resgataram em cima, enquanto um médico veterinário fazia uma tala na pata quebrada dele.

Não soube muito bem como, mas de repente Jungwon embalou numa conversa com o veterinário sobre cuidados que deveria ter com o cão, e as melhores rações para mantê-lo saudável. Era muito esquisito ver aquele lado do Yang. Não estava acostumado a encará-lo como uma pessoa boa a ponto de ajudar um cachorro de rua. A imagem de um criminoso de sangue frio lhe vinha à mente, em todas as vezes que pensava nele, mas essa verdade não parecia tão sólida naquele momento.

Aquele cara que acarinhava o cachorro e dizia-o que iria ficar tudo bem, mesmo que o animal não o entendesse, com certeza não se parecia com o ex-presidiário sarcástico, provocativo e egocêntrico com o qual estava convivendo há algumas semanas. Nunca tinha o visto tão calmo, ou com as defesas tão baixas... Ele sempre estava se escondendo em comentários ácidos e insinuações que, mesmo que não admitisse, tiravam seu sono.

Criminal Love (Jaywon)Onde histórias criam vida. Descubra agora