Anjo Caído

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- De todas as pessoas que eu imaginei ver na minha boate, o Anjo Caído era a última delas. - O homem loiro, sentado na poltrona atrás da grande mesa daquela sala, falou.

Ele era estranhamente familiar, Jungwon sentia isso. Era como uma ideia vaga e distante na mente, daquelas que vêm de algum lugar, mas que não dá para descobrir ao certo de onde. Tudo aquilo era familiar, aquele homem, aquela sala, a boate em si, tudo tinha um sentimento de familiaridade para o Yang. Baixou sua cabeça e forçou seus olhos a se fecharem, como se com isso pudesse obrigar alguma memória a vir à tona, e, como se em um estalo, lembrou-se do sonho que teve na noite anterior.

Ergueu o rosto rapidamente e encarou o homem sentado do outro lado da grande mesa. De repente, Jungwon se tornou muito consciente de tudo ao seu redor, os seguranças, um de cada lado, as duas únicas portas existentes naquela sala, a aparência de um escritório que se via ali, o homem sentado na poltrona à sua frente. Era ele.

Tinha o visto em um sonho, cujos detalhes pouco se lembrava, mas havia algo que lhe dizia que sim, era o homem loiro de seu sonho com Sunoo, o que interrompera os dois para levá-los ao homem preso na cadeira, em um dos quartos do lugar em que estavam. O lugar. A mesa de vidro, a música alta, as paredes decoradas... Jungwon deixou que um sorriso irônico decorasse seu rosto enquanto sentia sua boca amargar. A resposta era clara, sentia-se um idiota por não tê-la notado antes. Aquela boate era a mesma de seu sonho, aquele homem à sua frente era o mesmo de seu sonho e, o mais importante, seu sonho não era um sonho, era uma lembrança.

Tinha certeza disso, assim como tinha certeza que seu nome era Yang Jungwon, assim como tinha certeza que amava seus pais mais do que tudo em sua vida, mesmo que eles o tivessem deixado há muitos anos. Podia ter se esquecido daquele dia anterior ao seu primeiro assassinato, talvez por causa da cocaína que Sunoo havia lhe dado em doses altas, talvez por tê-la misturado à bebidas, destilados e alguns cigarros de maconha, talvez por não querer se lembrar e seu cérebro ter bloqueado a memória. Mas, naquele momento, tinha certeza que aquele sonho era a lembrança do que havia acontecido.

Então o que isso queria dizer? Após falar com Sunoo naquela noite, a única coisa que fez foi dormir, e no outro dia, acordar com o homem mutilado e morto ao seu lado na cama. Qual era mesmo o nome dele? Não fazia a menor ideia, não se lembrava do nome de nenhuma de suas vítimas. Mas isso não lhe impediria de investigar essa situação, estava trabalhando com policiais, um detetive e um Tenente, investigar era a melhor coisa que fazia no momento. Encarou aquele homem nos olhos e deixou que as palavras viessem.

- Você me conhece, mas eu não conheço você. - O homem abriu um sorriso largo e desviou os olhos do Yang para os seguranças.

- Podem ir, tenho certeza que ele não vai tentar nenhuma gracinha. - Virou-se para Jungwon. - Não é mesmo? - O Yang fechou a cara e o homem riu mais uma vez. Os dois seguranças saíram da sala e ele deu a volta na mesa e se sentou na superfície de madeira, de frente para o que estava sentado. - Onde eu tô com a cabeça? Desculpe ser mal educado, meu nome é Wang Yixiang, esqueci que você não me conhece. - O tom dele era claramente sarcástico e Jungwon soube que iria precisar pisar em ovos para lidar com ele.

- O que você quer comigo?

- Conversar, eu juro. - Ele levantou as duas mãos, como se estivesse se rendendo. - A menos que você queira outra coisa. - Um sorriso malicioso surgiu no rosto dele e Jungwon começou a se irritar. - Você causou uma comoção muito grande, sabia? Quando os homens do Riki falaram que você tinha saído da cadeia, antes deles sumirem, todo mundo ficou surpreso. Confesso que eu não acreditava até ontem, quando os meus homens disseram que você estava aqui.

- Como assim os homens do Riki sumiram? Onde ele está? - Jungwon estava sondando e era difícil falar se o loiro estava percebendo isso.

- Você o conhecia, não é? - Ele não esperou uma resposta, somente pegou uma caneta ao seu lado para ter alguma coisa em mãos e continuou a falar. - Ele sumiu há algum tempo e os homens que trabalhavam com ele também. Eu acho que foram os tiras, o Sunoo também acha.

Criminal Love (Jaywon)Onde histórias criam vida. Descubra agora