Capítulo 1

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7 de setembro de 1982
Gasbury, Londres
Um dia após o roubo

Assim como as flores ficam felizes quando a primavera chega, um detetive fica estonteante com a chegada de um novo caso. Ainda mais se esse detetive for uma mulher com um temperado tão forte quanto a cor de seu cabelo e uma expressão tão determinada quanto a sua perspicácia em resolver mistérios. E um senso de humor nada robusto para uma detetive renomada.

Ainda que animada com a perspectiva de um novo caso, Bella Wonk não escondia seu ceticismo ao atender o telefone. Para ela, investigações desinteressantes eram um desperdício de tempo, e por isso, fazia questão de obter detalhes que despertassem sua curiosidade e desejo de resolvê-lo.

— Roubo de um Quadro? — indagou, arqueando uma sobrancelha ruiva — seja mais detalhista, senhor...?

— Mark Hartley, senhorita Wonk. Sou o dono da galeria. — respondeu, se apresentando novamente — A pintura roubada é uma peça de grande valor histórico, datada do século dezoito. Ela estava exposta na galeria principal de Gasbury ontem ao anoitecer. — respondeu o homem do outro lado da linha.

Com uma xícara de café em mãos, Bella atravessou o pequeno escritório pitoresco, onde livros e arquivos se amontoavam em uma desordem meticulosamente organizada. Parando diante da janela, observou a rua movimentada enquanto as informações eram repassadas detalhadamente em sua mente e depois de alguns segundos deu continuidade.

— E como isso exatamente aconteceu? — perguntou ela com curiosidade.

— A segurança foi desativada por alguém antes da inauguração dar início. Acreditamos que o ladrão tenha tido ajuda de um funcionário ou, pelo menos, de alguém com conhecimento interno do sistema de segurança — explicou o dono. — Nosso sistema não é de fácil acesso.

— Interessante... — Bella murmurou, os olhos estreitando-se enquanto analisava mentalmente a situação. O caso estava se mostrando emocionante. — Então não há nenhum registro da noite do roubo?

— Infelizmente não!

Os olhos da detetive sorriram, aquele era o caso perfeito para ela.

— Muito bem, senhor Mark! Estarei na Galeria em uma hora. Não toque em nada até eu chegar — disse ela, encerrando a chamada.

Desligando o telefone, um sorriso de determinação se formou em seus lábios. Ela amava desafios, e esse caso prometia ser exatamente isso. Pegando a bolsa lateral de couro, casaco e boina, saiu apressadamente do escritório Wonk que exibia uma enorme placa marrom em sua fachada com seu nome destacado em letras amarelas. A cidade de Gasbury estava envolta em uma bruma leve na manhã de setembro, o que conferia um ar ainda mais misterioso ao dia.

Ao chegar na esquina, Bella acenou para um táxi preto que passava. O motorista parou prontamente ao seu aceno. Ela entrou e deu o endereço ao motorista.

— Para a galeria Gasbury, por favor — disse ela, ajustando-se no assento de couro frio.

Durante o trajeto, a detetive recapitulou mentalmente as informações que havia recebido. Por mais resumidas que fossem, ela percebia que havia algo de estranho. Algo não estava certo, o dono transparecia algo estranho nas palavras. Ele estava muito calmo. Não parecia nervoso.

Um roubo de uma pintura valiosa, sem registros e uma possível cumplicidade interna. Seus pensamentos fervilhavam com possibilidades e teorias. Quando o táxi parou em frente à galeria, Bella pagou a corrida e saiu do carro, inspirando o ar frio que deixava suas bochechas sardentas e avermelhadas mais que o normal. Diante dela, a galeria de arte exibia uma fachada de pedra cinza, adornada por grandes janelas que capturavam os reflexos pálidos do clima, ao entrar, Bella foi recebida por Mark Hartley, um homem alto de traços bem definidos, cabelos longos até as orelhas e sorriso contido, cuja serenidade contrastava com a gravidade de um quadro de milhões roubado.

Bella Wonk: Entre Orgulho e EnigmasOnde histórias criam vida. Descubra agora