Capítulo 10

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Continua...

— Você sabe que resolver isso pode exigir mais do que apenas raciocínio lógico, não é? — ele arriscou.

— Não preciso de conselhos emocionais agora, Edward. Preciso de fatos e pistas. Isso é tudo que importa. — A frieza na voz de Bella não conseguia ocultar completamente a hesitação que vibrava por trás de suas palavras.

Dona Ava retornou, interrompendo a discussão. Com uma bandeja fumegante, colocou dois pratos sobre a mesa: um ensopado com torradas e outro com purê, salsinha e molho de cebola.

— Aproveitem! — disse, com um brilho nos olhos, antes de se afastar.

Enquanto Bella começava a mexer a sopa com a colher, Edward queria ir mais fundo, mas hesitou, temendo estressar a detetive. Decidiu, então, desviar a conversa para o caso.

— O senhor Quill está mentindo; ele esconde algo mais. Precisamos investigá-lo melhor.

— Não havia nenhum sinal de mentira nas palavras dele. Ele estava apenas nervoso — Bella deu de ombros, levando uma colher de sopa à boca. — Ele sofre de ansiedade. O interrogatório o deixou nervoso demais, fazendo o coração acelerar, as mãos suarem e o corpo todo ficar inquieto. É algo óbvio.

Edward a fitou por breves segundos enquanto ela focava o olhar no prato, seus profundos olhos azuis analisando cada detalhe do rosto dela. Em seguida, esboçou um leve sorriso, que acentuou sua covinha.

— Como você sabe que ele sofre de ansiedade? Deduziu isso a partir de uma sequência de fatos que também poderiam indicar sinais sutis de mentira?

— Os olhos, eles revelam muita coisa.

— Você está certa, mas acho que não sabe quando isso é evidente. — ele disse, lançando um olhar inquisitivo para ela.

— Quer que eu responda?

— Responder o quê? Não fiz uma pergunta.

— Fez com o olhar. Está me testando. Seja mais discreto da próxima vez.

Ele exibiu um sorriso.

— Nesse quesito pode até ser verdade, mas em outros não. Tem muitas coisas que você não percebe, Bella.

No mesmo instante, Bella franziu o cenho. Ela sabia que havia um significado mais profundo por trás das palavras de Edward, mas escolheu ignorar esses pensamentos.

— Sabe o que você não percebe? — perguntou, forçando um sorriso. — O quanto você é irritante.

— Eu? — Ele apontou dramaticamente para si mesmo. — Não diga isso, vou ficar magoado. Você precisa ser mais delicada nas palavras, raio de sol.

Ela revirou os olhos, tentando conter o sorriso, mas não conseguiu por muito tempo. Vendo o leve sorriso que se formava no rosto da detetive, Edward sentiu seu próprio coração responder da mesma maneira.

— Raio de sol? — Bella tentou disfarçar o humor que começava a tomar conta dela. — Não é um apelido carinhoso demais?

— Depende do ponto de vista. O Rayan, por exemplo, te chama de foguinho. Eu... acho um apelido bem ousado, mas o meu é no mesmo sentido.

— Olha só, o Rayan é uma cópia de você, só que um pouco tímida.

Ele esbanjou um sorriso presunçoso.

— Mas eu gosto dele. Ao contrário de você, ele não é irritante.

Na mesma hora, o sorriso de Edward se desfez de forma humorada.

Bella Wonk: Entre Orgulho e EnigmasOnde histórias criam vida. Descubra agora