Capítulo 3

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Continua...

Edward estacionou o automóvel em frente ao restaurante, que exibia uma fachada azul com detalhes brancos que se destacavam. Assim que desceram do carro, ele suspirou, sentindo o aroma da comida recém-saída do fogo preencher o ar frio de Gasbury.

— A comida da senhora Ava é a melhor de Londres. Esse cheiro é de dar água na boca! Ela tem mãos abençoadas para cozinhar. Você já deve ter vindo aqui antes, não é?

— Não perco meu tempo com rodeios desnecessários, sempre como em casa. Assim tenho tempo suficiente para concentrar minha mente no que é importante: os casos. Eu não iria conseguir desvendar um mistério com vários pensamentos altos em volta de mim.

Olhando para Bella que exibia nariz empinado, queixo erguido e a maneira como ela falava, ele percebeu pelos olhos dela que havia algo a mais por trás de toda essa postura durona. Por trás de toda essa pose altiva e coração orgulhoso. 

— Há tempo para todas as coisas, detetive. Você está apenas se sobrecarregando agindo assim. Precisa se dar uma folga; o mistério será resolvido assim que perceber que o maior inibidor de enigmas é o seu próprio coração, precisa direcionar ele para o lugar certo. — disse ele olhando nos olhos verdes dela — É até irônico pensar que uma das mais renomadas detetives da Inglaterra não consiga resolver os próprios mistérios.

As palavras de Edward tocaram algo profundo em Bella, em um ponto gatilho. Ela sentiu um aperto e um formigamento interno. Era como se uma espiral de ansiedade estivesse se formando em seu peito. Sua determinação antes "inabalável" começou a ser corroída por dúvidas e questionamentos que ela nunca havia se permitindo sentir antes. Esse conflito interno a inquietava, mesmo que sua aparência permanecesse impassível.

— O que quer dizer? — Perguntou tentando soar ríspida. — O que acho irônico é você não ter se tornado filósofo — zombou.

— O seu orgulho está atrapalhando a resolução desse caso. Se você não lidar com o que está dentro de você, não vai nem ao menos conseguir enxergar uma areia que está fora do lugar aqui. Uma hora ou outra toda essa sua prepotência vai te cegar.

Com os olhos verdes fixados em Edward, ela suspirou antes de virar o corpo e seguir em direção à entrada do restaurante.

— Não estou aqui para lições emocionais. — ela disse erguendo a cabeça, enquanto caminhava.

Edward a seguiu, mas a tensão era palpável. Ele conhecia Bella o suficiente para saber que seu silêncio enquanto falava era um sinal de que suas palavras haviam atingido um ponto sensível. E esperava que isso de alguma maneira contribuísse para que a detetive ao menos pensasse a respeito.

Dentro do restaurante, o ambiente era acolhedor, com paredes decoradas com flores pendentes, fotos antigas de Gasbury e quadros artísticos espalhados pelas paredes. As mesas cobertas com toalhas xadrez vermelhas contrastavam com as cadeiras brancas espalhadas pelo local.

A senhora Ava, uma mulher idosa com olhos azuis brilhantes, levantou o olhar do balcão ao ver os dois entrando. Quando se sentaram à mesa próxima à janela, ela sorriu calorosamente e se aproximou.

— Edward, meu filho, que bom que você chegou! Já estava preparando o seu prato preferido — disse ela, com um olhar orgulhoso para ele. Em seguida, voltou-se para Bella. — E a senhorita deve ser a famosa Bella Wonk, não? Um prazer conhecê-la.

Bella assentiu, com um suave sorriso no rosto. Ela percebeu que eles tinham algo em comum, o sorriso. Mas não era um simples sorriso, tinha algo a mais nele. Algo que deixava o rosto radiante, com um brilho diferente e isso a deixou curiosa.

Bella Wonk: Entre Orgulho e EnigmasOnde histórias criam vida. Descubra agora