Continua...
Edward estacionou o automóvel em frente ao restaurante, que exibia uma fachada azul com detalhes brancos que se destacavam. Assim que desceram do carro, ele suspirou, sentindo o aroma da comida recém-saída do fogo preencher o ar frio de Gasbury.
— A comida da senhora Ava é a melhor de Londres. Esse cheiro é de dar água na boca! Ela tem mãos abençoadas para cozinhar. Você já deve ter vindo aqui antes, não é?
— Não perco meu tempo com rodeios desnecessários, sempre como em casa. Assim tenho tempo suficiente para concentrar minha mente no que é importante: os casos. Eu não iria conseguir desvendar um mistério com vários pensamentos altos em volta de mim.
Observando Bella, com o nariz empinado, o queixo erguido e aquele jeito firme de falar, ele percebeu algo mais por trás de toda essa fachada de dureza que a detetive exibia. Nos olhos dela, havia indícios de uma vulnerabilidade oculta, escondida sob sua pose altiva e coração orgulhoso.
— Há um tempo para tudo, detetive. Você está apenas se sobrecarregando agindo assim. Precisa se dar uma folga. O mistério será resolvido quando perceber que o maior obstáculo para resolvê-lo é seu próprio coração. Precisa direcionar ele para o lugar certo e não é para si mesma. — disse ele, fitando os olhos verdes dela com intensidade. — Engraçado, não? Uma das melhores detetives da inglaterra não conseguir resolver seus próprios enigmas.
As palavras de Edward tocaram algo profundo em Bella, em um ponto gatilho. Ela sentiu um aperto e um formigamento interno. Era como se uma espiral de ansiedade estivesse se formando em seu peito. Sua determinação antes "inabalável" começou a ser corroída por dúvidas e questionamentos que ela nunca havia se permitindo sentir antes. Esse conflito interno a inquietava, mesmo que sua aparência permanecesse impassível.
— O que quer dizer? — Perguntou tentando soar ríspida. — O que acho engraçado é você não ter se tornado filósofo — zombou.
— O seu orgulho está atrapalhando a resolução desse caso. Se você não lidar com o que está dentro de você, não vai nem ao menos conseguir enxergar uma areia que está fora do lugar aqui. Uma hora ou outra toda essa sua prepotência vai te cegar.
Com os olhos úmidos fixados em Edward, ela suspirou antes de virar o corpo e seguir em direção à entrada do restaurante.
— Não estou aqui para lições emocionais. — ela disse erguendo o queixo, enquanto caminhava. — E muito menos para perder tempo com conversas irrelevantes.
Edward a seguiu, mas a tensão era evidente. Ele conhecia Bella o suficiente para saber que seu silêncio indicava que suas palavras haviam atingido algo profundo. Em momentos como aquele, ele desejava que o tempo que passava sozinho, entre as quatro paredes de seu quarto lhe trouxesse clareza ou talvez alguma resposta. Ainda assim, acalmava o coração ao lembrar que tudo acontecia no tempo certo, e não no dele.
Dentro do restaurante, o ambiente era acolhedor, com paredes decoradas com flores pendentes, fotos antigas de Gasbury e quadros artísticos espalhados pelas paredes. As mesas cobertas com toalhas xadrez vermelhas contrastavam com as cadeiras brancas espalhadas pelo local.
Atrás do balcão estava a senhora Ava, uma mulher idosa de olhos azuis brilhantes e sorriso acolhedor. Ela ergueu o olhar assim que Edward e Bella entraram. Se dirigindo a eles, a sua voz calorosa rompeu o silêncio do ambiente aconchegante que estava praticamente vazio.
— Edward, meu filho, que bom que chegou! Já estava preparando o seu prato preferido — disse ela, com um olhar orgulhoso para ele. Em seguida, voltou-se para Bella. — E a senhorita deve ser a famosa Bella Wonk, não? Um prazer conhecê-la.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Bella Wonk: Entre Orgulho e Enigmas
Misterio / Suspenso1 livro da série: Enigmas do coração. ☆ Alguns capítulos foram retirados para reescrita. Em Gasbury a orgulhosa detetive Bella Wonk é conhecida por seu humor mordaz e determinação inabalável nos casos em que se propõe a investigar. Quando um quadro...