Enquanto chacoalhávamos dentro do coche que ia do st Mary até à Trafalgar Square, os quatro investigadores evitavam olhar uns aos outros. Holmes demonstrava todo o seu desprezo por minha ideia sem dizer uma única palavra do que pretendia fazer. O que pude perceber foi que eu era o único que não sabia o que se passava ali, cada uma das personalidades ocupantes do coche parecia planejar o próximo passo.
Moriarty encarava as ruas movimentadas de uma Londres ainda despertando, Irene estava entretida com o relógio de bolso que estava junto à arma do crime atrás do espelho. Holmes olhava fixamente para o cocheiro, numa mistura de desconfiança e ansiedade.
Quando o cocheiro puxou as rédeas e o veículo lentamente freou, o coração de todos pareceu acelerar. Abriram as portas e saíram com pressa, deixando-me a tarefa de pagar a viagem, enquanto o velho senhor olhava para as tão heterogêneas figuras que se distanciavam depressa.
Caminhando o mais rápido que podia com a ajuda preciosa da minha bengala, alcancei o grupo antes deles adentrarem na Haig, interpelando Holmes discretamente perguntei o que ele pretendia fazer, e ele, indiferente, me ignorou e transpassou o portal de madeira, interrompeu o vendedor que mostrava algumas alianças para um nervoso jovem:
-Senhor, preciso de algumas informações sobre esse relógio de bolso.
O vendedor, aparentando seus quarenta e tantos anos, com um óculos de meia lua, barba rala e fios prateados, retesou todos os músculos da sua face e respondeu:
-Espere um pouco senhor, estou fazendo outro atendimento, quando puder atendê-lo falarei com você.
Holmes inflou, como se insultado, pôs a mão no ombro do jovem e disse:
-Traindo do jeito que você está não deveria casar, ela está mentindo sobre estar grávida. Saia disso enquanto há tempo garoto!
O jovem arregalou os olhos como se tivesse avistado um ser sobrenatural. Talvez aquele fosse o sinal divino que ele precisasse, pois, como se tocado pelo divino, se despediu e saiu correndo da loja.
O vendedor virou-se para Holmes, surpreso e irritado, e disse:
-O que quer senhor?
-Quero saber qual foi a mulher que comprou esse relógio de pulso.-apontou para o disco de prata que estava preso à fina corrente.
A expressão do rapaz mudou, tomou uma expressão sombria e disse:
-Só um momento senhor Holmes, a compradora deixou um bilhete para você.
A expressão de Holmes, Moriarty e Irene mudou instantaneamente. O maldito havia pensado em tudo, previsto cada um dos passos deles. Quando o senhor voltou com um pedaço de papel pardo, a ansiedade crescia em todos nós.
Ele puxou o papel, abriu o selo e leu rapidamente, então cheirou o papel e lambeu a ponta, fez uma cara de satisfação e me entregou a carta que dizia:
"Para Holmes, com amor.
Estamos tão perto um do outro, talvez tenha até me visto uma ou duas vezes enquanto anda por aí por Londres. Refaça seus passos Holmes, está seguindo a pista certa. Quando precisar pedir misericórdia eu terei todo o prazer de estender a mão. Não se esqueça dos prazos.
Um grande beijo,
M"
Passei o papel para o professor, Holmes analisava um diadema incrustado de pedras preciosas, os seus lábios tremiam formando um sorriso nervoso, ele então me chamou para perto dele e disse:
-Que ironia Watson...
-O que quer dizer Holmes?
-Sabe como eu conheço a Haig? Como NÓS conhecemos a Haig?
-Lembro, o caso do carbúnculo azul, a senhora que ajudamos fundou essa joalheria.
-Exato Watson, agora já sabemos o que fazer...
- Não entendo, o que quer fazer.
-Isso é uma caça ao tesouro, vamos precisar conseguir cada um desses papéis até chegar no escritor misterioso, aliás deve ser isso que significa M.
Olhamos ambos para cima, em direção ao Grand Hotel, onde a história do carbúnculo aconteceu.
O tempo urgia e no ar uma tempestade se formava, o vento assoprava forte.
O tempo ia virar.
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Para Holmes, com amor
FanfictionSherlock Holmes e James Watson voltam nessa fanfic para resolver um mistério praticamente insolúvel.