Capitulo 4

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Estava chovendo torrencialmente em Londres quando a bota de couro do professor desceu do tílburi da universidade de Cambridge e olhou para a sinistra estátua de St Mary na frente do hospital. Pôs a cartola e andou decidido até as escadarias, subiu as escadas discretamente, só se via a inicial de seu nome em sua maleta que tinha um monograma com um "M" discreto na lateral.
Quando olhei pela porta estava ali, molhado porém inteiramente amedrontador o professor Jim Moriarty. Tirou o seu sobretudo e pôs discretamente sobre a cadeira perto da cama com o corpo estirado, já rígido sobre os lençóis.
-Quanto tempo Holmes... Achei que estivesse trabalhando em outro caso.
-Estou, ou você é cego?
-Acho melhor me tratar bem Sherlock,afinal eu que estou prestando um favor aqui.
-Favor, ah Moriarty, você acha que eu sou imbecil? Eu vi por alto o que dizia a carta de Watson, três mil libras por um favor é realmente muita generosidade sua!
Moriarty correu a mão pelo cinto, parecia procurar por alguma arma, porém aparentemente não havia posto ela ali, os olhos dos dois homens estavam fixos uns nos outros e só foram quebrados quando uma voz suave invadiu o cômodo.
Num vestido de verão, lânguida e esguia estava a charmosa Irene Adler. Quando ela se projetou do arco da porta ambos os rapazes se recompuseram.
-As crianças vão parar de brigar agora ou eu vou ter de surrar os dois?
-Pff...- Holmes e Moriarty soltaram um muxoxo em uníssono.
-Então Holmes, parece que um fã resolveu chamar sua atenção...- Moriarty disse enquanto analisava o quarto de hospital.- Por que mantém esse corpo aqui ainda, o cheiro é péssimo, não agrega muito ao quarto...
-O corpo é uma prova, professor- a voz estava transbordando sarcasmo, quase que escorrendo pelos cantos da boca.
-Mas acredito que já tenha analisado ele, e, pelo visto, não encontrou nada.
-Não tive muito como me concentrar, as coisas aconteceram em um frisson desesperado...
-Então não chegou a lugar nenhum? Ora, ora... Quem diria,o grande Sherlock encontrou um mistério que não consegue resolver...
O rosto de Sherlock inchou e assumiu uma coloração que beirava o rosto, num misto de vergonha e ódio, afinal Moriarty ria disfarçadamente sob a barba cheia e já meio grisalha.
-Rapazes!- Irene chamou, quebrando a troca de amabilidades entre os senhores. Os dois olharam diretamente para ela que apresentava um novo pedaço de papel pardo, com sangue seco cobrindo toda a extensão do bilhete.
-Onde encontrou isso Irene?
-Dentro do intestino do inspetor- meneou com a cabeça para o corpo.
Holmes estava, definitivamente, furioso.
-Espero que não tenha escondido isso tão bem à ponto de não encontrar, isso realmente seria anticlimático... Bem, tendo em vista que encontrou esse recado creio que tenha recorrido ao desespero de abrir até mesmo o corpo de um velho amigo... Isso merece algum mérito, eis aqui: a arma do crime está no recinto, quando encontrá-la vai entender o que fazer.-Irene parou para analisar somente a última palavra, falando com uma entonação estranha-"M".
Então ela olhou diretamente para Moriarty e disse:
-Você é maluco, comete o crime e ajuda a investigação?
-Eu não tenho nada a ver com isso, não dessa vez...
Sherlock já não prestava mais atenção em nada, farejava cada canto da sala, fazia pequenas exclamações aqui e ali, chegou perto do espelho e correu a mão por trás, não havia nada, porém ele sentiu alguma coisa estranha ali, o que o fez quebrar a película vítrea do espelho revelando um receptáculo, de onde uma faca ensanguentada caiu atingindo o chão, retinindo e fazendo nós quatro olharmos atônitos para o que acabara de acontecer.
Ao redor do cabo da arma havia uma corrente com um relógio de bolso, quando Sherlock abriu o relógio caiu um pedaço de papel, e ali estava escrito: "24 horas até o próximo, preste atenção!"
Holmes fechou o relógio, os olhos brilhavam com o raciocínio que corria a mil em sua mente.
-Watson, chame um coche.
-Aonde vamos?
-Esses senhores-olhou para Irene-Digo, Eles, eu não sei, eu vou para a joalheria Haig- mostrou a inicial da famosa joalheria na parte de trás do relógio.
Holmes estava de volta!

Para Holmes, com amorOnde histórias criam vida. Descubra agora