Depois dos últimos dias de férias, a escola regressou.
Este seria o primeiro dia de aulas de Maria em Portugal. O medo de não ser aceite pelos colegas e de não se acostumar crescia cada vez mais, mas o facto que ela vai poder ver a Lilith nos intervalos já a ajudava a tranquilizar um pouco.
Nesse dia, as duas raparigas foram para a escola à mesma hora, antes que começassem as primeiras aulas do dia, para que Lilith pudesse apresentar a escola à Maria.
A escola era gigantesca. Os corredores eram espaçosos e tinham as paredes limpas e vazias que, ao longo do ano, iam ser ocupadas por várias exposições dos trabalhos dos alunos. As salas eram acolhedoras e bastante iluminadas, mas tinham equipamentos tecnológicos ultrapassados. A cantina era espaçosa, estava cheia de mesas de madeira e, um pouco mais ao lado, havia um pequeno bar com uma máquina de vendas automática. Os campos eram grandes e muito bonitos. Por último, as casas de banho não eram as melhores, mas ao menos eram higiénicas (pelo menos por agora).
- Então, gostaste da escola? - Perguntou Liliana, depois da visita guiada.
Maria sentia-se intimidada pela ideia de estudar naquela escola.
Ela era bonita, mas não era das melhores, além disso, ela ainda tinha medo de sofrer xenofobia.
- Sim! Obrigada por me mostrar a escola.
- Não tens que agradecer, Mimi. Queres que te leve à tua sala?
- Pode ser. É a 14.
Ao se dirigirem para perto da sala, Maria avistou uma rapariga que lhe era familiar. Ela era mais ou menos da sua altura, a pele dela era negra, tinha um lindo cabelo crespo preto a ser decorado por um laço cor-de-rosa claro, no seu rosto se destacavam os seus olhos escuros como a meia noite. Ela era lindíssima. Estava a usar um vestido rosa com pequenas flores a combinar com umas pequenas luvas de renda. Nos pés ela tinha umas Mary Jane brancas. Era ela. Letícia Neves.
Ela se sentiu tão feliz por ter voltado a ver a sua velha amiga, que foi a correr para ela de braços abertos.
- LETÍCIA!
- Maria? É você?
- SIM!
- NOSSA! FAZ TANTO TEMPO!
- SIM! ESTAVA COM MUITAS SAUDADES SUAS!
- TAMBÉM EU!!!
Elas deram um grande abraço apertado e, com isso, Lilith apercebeu-se que elas tinham uma amizade especial.
Ela estava feliz por ver a Maria feliz depois de ter reencontrado uma amiga.
- Ahm... Olá! - Interrompeu.
- Oi! Quem é você? - Perguntou Letícia, curiosa.
- Sou a Liliana.
- Ah, eu sou a Letícia, eu era amiga da Maria, mas acabamos por nos separar...
- Triste. - Disse Liliana.
- Sim. - Afirmou. - Maria, você é também é da turma 9ºD?
- Sim, sou.
- Que legal! E você? - Questionou à Liliana.
- Eu sou do 10ºA.
- Legal!
A campainha tocou.
- Tenho que ir, tchau! - Lilith despediu-se.
- Tchau! - Disseram as duas garotas em coro.
Ao caminhar para a sala, Liliana pensava sobre a amizade da Maria com essa tal Letícia. Elas devem ser amigas há bastante tempo.
Será que a Mimi vai se afastar de mim? Nah, elas só se reencontraram há menos de cinco minutos e, para além disso, eu e a Mimi temos uma relação especial. Lilith, não podes ser assim!
Quando as aulas terminaram, Lilith e Maria encontraram-se à frente do portão da escola.
- Olá, Mimi!
- Oi Lilith!
- O que achaste deste primeiro dia, linda?
- Meio merda. - Riu Maria.
- Entendo, mas vais te acostumar.
- Tomara.
- Olha, quem era aquela rapariga? - Perguntou curiosa.
- A Letícia? Ah, ela era a minha melhor amiga lá do Brasil, até que ela precisou de vir para Portugal. Quatro anos depois, pela mesma razão, tive que vir para cá também.
- Entendi.
- 'Cê está com ciúmes?
- Não. Eu mal conheço a gaja e eu confio em ti.
- Tem a certeza?
- Tenho.
De seguida, elas foram para casa juntas de mãos dadas.
- O que achas de um dia sairmos juntas? - Perguntou Lilith.
- Não sei. Ainda estou de castigo por causa daquilo... - Explicou Maria.
- Podíamos sair às escondidas. - Sugeriu.
- E se os meus pais descobrirem? - Respondeu preocupada.
- Isso já não sei. Quantos dias faltam para saíres do castigo?
- Não sei, eles não me disseram nada.
- Que merda.
- Sim...
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Amor na porta ao lado
RomanceMaria, uma adolescente brasileira, teve que começar uma nova vida num novo país, Portugal. Aqui ela encontra uma rapariga (garota, ok?) peculiar. Apesar de algumas dificuldades, elas tornam-se amigas, mas há algo especial que as une.