Sua

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Se Bonnie tinha um plano, ela não demonstrava.

Indo de um lado a outro, vagando entre os homens, acenando e sorrindo indiscretamente para alguns guardas, como uma espécie de santa. Se esgueirando entre eles e sendo adorada pelos olhos desejosos e indignos de cada um, que carregavam promessas infames que embrulhavam o estômago dele só de imaginar.

Ela era uma mulher, afinal, não importa se teoricamente para aqueles homens ela era dele, eles ainda olham e imaginariam as coisas mais vis e sujas que pudessem.

Curiosamente, aquilo não parecia incomodá-la, seu sorriso sedutor dizia o contrário, gritando e implorando por aquela atenção.

Algo monstruoso sob a pele de Enzo se contorce em agonia.

Enzo percebeu que não havia prestado muito atenção nela nos últimos dias, seus movimentos sutis, os olhares predadores, as mãos discretas que acariciavam inocentemente o braço de Filippo que sempre murmurava algo de volta o que fazia o sorriso dela crescer pouco antes de afastar o cabelo do longo pescoço e lançar um olhar em volta. aquela era sua sequência, sempre da mesma maneira, sorrisos, toques e olhares.

Como se o desgraçado fosse digno de um mísero segundo de atenção.

Dela ou de qualquer outra.

Filippo era desprezível em todos os sentidos da palavra. era quase tão alto quanto enzo, a pele clara quase rosada fazia Enzo pensar em porcos, os pequenos olhos castanhos eram repuxados e a maçãs do rosto grande demais o tornando algo completamente desproporcional, o nariz era grande e caído e apesar da cara de poucos amigos, Enzo sempre notava as mãos trêmulas segurando a arma com mais força quando o olhava por um segundo a mais do que o habitual.

No entanto, ele estava ocupado demais sussurrando algo no ouvido de Bonnie para notar o olhar assassino de Enzo.

Sentado em um dos bancos, ainda sentindo os efeitos do espancamento do dia anterior, estava a observando a quase uma hora, como ela parecia tão à vontade naquele lugar, ele não sabia, mas sua cabeça estava cheia de conspirações para se preocupar com o que aquela mulher fazia ou não. mesmo que fosse uma verdadeira guerra desviar os olhos,incerto do que ela poderia fazer a seguir. Bonnie não agia de forma lógica, mesmo que lógica não fosse comum no submundo, ainda assim ela o intrigava com sua língua afiada, seu ódio camuflado, suas palavras conspiratórias e seus flertes indiscretos com os guardas.

Ela era uma maldita questão perambulando por sua mente e diante seus olhos, o atiçando e provocando, até mesmo atraindo, como a porra de um imã que o faz desejar arrancar dela toda as malditas palavras até que nada restasse.

Obrigou seus olhos a se voltarem para outra direção, qualquer uma que fosse, o ceu, os muros, o maldito chão, ate encararia o rosto asqueroso de Massimo se ele não estivesse trancado em sua cela escondido desde seu pequeno encontro.

Quando finalmente encontrou outra coisa para se distrair que não fosse Bonnie , ele se deparou com o que precisava, algo promissor, para seus próprios planos.

Paolo estava,completamente e inconfundivelmente sozinho.

Não havia sobras de Giovanni por perto enquanto o homem encarava seus colegas de cárcere se enroscar em uma luta sem desengonçada, uma mera brincadeira para matar o tempo.

Aquilo era um evento realmente raro, sempre estava escoltado pelo seu tão atencioso Giovanni que se recusava a sair de perto do companheiro enquanto estivesse lá, aquela era uma oportunidade rara e se não estivesse tão distraído pelas questões que Bonnie trazia consigo, teria perdido.

UMA EM UM MILHÃO - LIVRO 1: CONCLUÍDOOnde histórias criam vida. Descubra agora