A comoção era um sussurro distante. O apitar em seu ouvido estava sobressaindo todas as vozes ao seu redor, todos os gritos ferozes e assobios alegres abafados pelas batidas fortes do seu coração e a respiração descompassada.
Sangue manchava seu corpo e o chão de azulejo azul, o contraste do vermelho carmim com o azul era interessante e um pouco cruel.
As faixas ao redor dos seus punhos pingavam, ensopadas, e o suor lhe escorria pelo rosto e costas, seu próprio sangue descia pelo canto dos lábios e ele passou a língua por sobre o ferimento sentindo o sabor metálico enquanto seus olhos estavam fixos no adversário aos seu pés.
O homem se contorcia no chão, o rosto era uma Massa desfigurada de carne, sangue, saliva e... lágrimas.
Ele chorava tentando se arrastar com o resto de força que lhe sobrava, uma tentativa deprimente de evitar o inevitável. Ele quase sentia pena da forma como o homem rastejava para longe dele. Seu carrasco.
Ergueu os olhos para as pessoas amontoadas em seus acentos, não haviam janelas ali, apenas um ringue central e dezenas de cadeiras estofadas ao seu redor abarrotadas de gente sedenta por sangue. Aquele era seu ringue, era onde aquele homem daria seu último suspiro para que ele pudesse experimentar a liberdade algum dia. Não havia espaço para remorso naquele lugar.
Seus olhos encontraram Giuseppe com seu charuto nos lábios soltando fumaça como um dos trens que ele viu nos livros.
Ele nunca viu um trem de perto, parecia fascinante como algo tão grande podia se mover tão rápido quanto os livros diziam. Ele precisava ver um trem, estar em um e quem sabe talvez conduzir um, algum dia.
O preço era a vida do oponente. Era o sangue e os ossos partidos. Tudo o que tinha que fazer era acabar com aquilo, colocar um fim ao sofrimento do seu adversário e então seria menos um obstáculo entre ele e a liberdade com a qual gostava de sonhar.
Giuseppe gesticulou com a cabeça em um comando silencioso e, soltando o ar lentamente pelos lábios, ele avançou sobre o homem no chão agarrando o cabelo curto ergueu a cabeça do homem e baixou seus lábios até o ouvido ensanguentado.
— Eu lamento.— murmurou olhando para as pessoas, exigindo uma morte. — vou fazer isso parar.— disse e ouvindo o sôfrego choro do homem que tentava implorar por misericórdia, ele bateu com toda a força a cabeça do mesmo contra os ladrilhos.
Ele implorava e chorava e o sangue esguichava por toda a parte, mas ele não parou. Foram 7 golpes, 7 golpes necessários para silenciar o homem para sempre.
O crânio se partiu sob suas mãos e as pessoas foram à loucura. O show estava completo, ele havia dado a eles o que queriam.
Soltou o corpo e se afastou quando Marcellus se aproximou sorridente, segurou seu pulso e o ergueu no ar. As pessoas urravam animalescas com a excitação, mas seus olhos estavam fixos no sangue que escorria da cabeça destruída, desenhando uma linha escarlate até tocar seus pés descalços.
O líquido espesso era quente e brilhante, chegava a ser lindo.
— O campeão Salvatore. Lorenzo!— Marcellus gritou animado e assobios estouraram por todos os cantos enquanto Lorenzo encarava o sangue ainda morno manchar seus dedos dos pés.
Aquele não era seu nome.
Mas não conseguia lembrar qual realmente era.
Caminhou pela sala branca que cheirava a desinfetante sob o olhar atento de Luke que o assistiu se sentar sobre a maca e limpar o sangue que descia pelo seu nariz com o dorso da mão. O médico suspirou lhe dando as costas, enquanto os homens que o haviam trazido saiam fechando a porta, separou os materiais necessários para remediar os estragos feitos no rosto bonito, não eram muitos. um corte nos lábios e sobrancelha, um nariz sangrento e contusões nas mãos. Era impressionante sua capacidade de sair do ringue quase ileso.
VOCÊ ESTÁ LENDO
UMA EM UM MILHÃO - LIVRO 1: CONCLUÍDO
Literatura Feminina1° da série 'Il Capo' Tiraram seu nome, sua liberdade e sua humanidade. Lorenzo St. John foi moldado para ser uma máquina de matar, um gladiador em um mundo cruel, onde a dor é um espetáculo e a morte, um entretenimento. Ele se tornou um campeão tem...