10 | "os dois te odeiam"

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" Não importa onde você vá
Você nunca terá controle
Ninguém sai vivo
Ninguém sai vivo
Do paraíso "

Paradise —
The Neighbourhood

Meus pés balançavam batendo contra o muro de tijolos da escola onde eu e Enora estávamos sentadas fumando um cigarro que está para acabar

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Meus pés balançavam batendo contra o muro de tijolos da escola onde eu e Enora estávamos sentadas fumando um cigarro que está para acabar. A brisa fresca batia contra nossos rostos enquanto observávamos os alunos saindo de seus carros chiques e dando tchau para seus pais.

Me pergunto se as coisas seriam diferentes se tivesse um lar bom, pais que não abusavam de mim e me espancavam por cada erro. Será que talvez, eu seria uma garota boa como algumas das meninas dessa escola?

As vezes os pensamentos de ser minha culpa ainda se apossavam da minha mente, quando tudo ficava escuro e vazio assim que fechava os olhos de noite. Eu deveria ter sido uma filha melhor? As vezes eu repensava sobre cada erro que eu poderia ter evitado fazer, de qualquer forma as coisas saíram do trilho mais do que esperava quando criança. Eu sabia que seria uma adolescente fechada e traumatizada por volta dos quinze anos, quando comecei a sair para os bares dessa cidade em busca de drogas para esquecer o que eu vivia.

Quando sai em uma noite para usar drogas depois dos surtos de raiva que meu pai tinha, eu usei tantas coisas ilícitas que pude ter ido para o hospital se caso uma garota morena não tivesse me ajudado a sair daquela boate. Eu agradeço ela até hoje em minha mente, ela me deixou na porta de casa e enquanto cambaleava para tentar entrar  a porta de casa foi aberta.

Minha mãe tinha os olhos fundos com choro, quando ela abriu a porta para sair, meu pai estava ensanguentado sobre o chão de casa. Eu queria ter sentido algo, naquele dia eu queria ter chorado e ficado triste, porque apesar de todas aquelas merdas que ele fazia ele era meu pai, mas eu não senti porra nenhuma.

E nesse dia em diante, eu tive a certeza da garota que iria virar, eu caí ao fundo do poço lentamente enquanto acabava com minha vida, teve semanas que nem para a escola eu ia, me drogava e ficava em casa com a merda da minha mãe bebada, duas fudidas, mas eu tinha como  e queria dar a volta por cima, ela não.

E então aqui estou hoje, fumando no muro da escola escondida dos guardinhas que matariam eu e Enora por fumar dentro dos portões da escola, porque sinceramente eles não ligam se caso algum aluno usar drogas e ter uma overdose dentro do banheiro, a menos que eles não percam o serviço deles.

Peguei Enora observando Rita Fiore, seus braços magros estavam praticamente tremendo com o tanto de livros que ela carregava enquanto entrava dentro da escola. Seus óculos pretos caíam para baixo por de trás dos seus olhos castanhos claros, e ela parava alguns segundos para puxar o ar.

— quem é ela?

— Rita Fiore — solto a fumaça para cima e Enora não tirou os olhos por nenhum momento sequer dela — gostou dela?

DAMIENOnde histórias criam vida. Descubra agora