45 | livramento.

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— olá, Talisa Baratheon? — a voz rouca murmurou do outro lado por um número desconhecido

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— olá, Talisa Baratheon? — a voz rouca murmurou do outro lado por um número desconhecido.

Eu respirei fundo sentindo que viria outra cobrança de luz, mais despesas, mais dinheiro que teria que me fuder para conseguir.

— sim, quem fala? — digo desinteressada.

— aqui é o hospital Richard Temps, alertamos que pelos papéis sua mãe teve entrada no hospital há dois dias, mas hoje, por uso excessivo de drogas veio a falecer.

Parece que tudo em minha volta parou no momento em que ele terminou a frase. Senti minhas veias bombeando sangue, meu coração antes calmo agora estava tempestuoso e a minha ansiedade crescia. Um segundo se passou, depois outro, já era o quarto segundo e eu ainda estava vidrada em um canto específico da casa tentando assimilar o que o homem do outro lado da linha falava.

Pensar que minha mãe morreu fez um peso em meu peito aparecer, senti o peso me afundando para o chão e minhas costas cedendo pela parede. Meu corpo deslizou até o chão, me mantive ajoelhada com o celular entre a orelha enquanto o homem não parava um minuto se quer de falar.

— Sr. Baratheon, está aí?

Sua pergunta me fez voltar para a realidade enquanto sentia o vazio em meu corpo, nada do que aquela mulher fez na vida foi bom, nada.

Eu estava perplexa, minha respiração descompensada e a maneira em que meus dedos tremiam me fez acreditar que talvez eu me importava com aquela mulher, mas a realidade disso, era que eu senti pela primeira vez na vida um alívio. Alívio de nunca mais poder ver a mulher que me causou traumas, de poder ficar longe de seus insultos idiotas e dos homens nojentos que ela sempre trazia para casa.

— oi, desculpa — minha voz falhou quando falei algo pela segunda vez depois de tantos minutos.

— você quer enterra-lá? — ele questionou, ponderei o que falaria para ele, porque não tenho vontade alguma de chegar perto dela, mesmo que agora ela esteja morta.

— não — eu disse, depois desliguei a ligação e bloqueei o número de telefone.

Mas o vazio em meu peito ainda estava lá, talvez era porque não assimilei que me livrei finalmente dela, talvez esteja desacreditada por não sentir nada pela sua morte, a culpa me fisgava e me puxava para um labirinto cheio de monstros, inseguranças, lembranças.

A minha cabeça girava agora, as lembranças de quando era pequena me cercavam e me faziam sentir como se tivesse dentro de uma caixa onde tudo em minha volta me lembrava do passado.

Há oito anos atrás...

Mamãe estava curiosa hoje, ela me chamou para limpar a casa e agora estava deitada no sofá enquanto bebia e fumava, o cheiro era horrível e eu tinha medo do cigarro, ela sempre me queimava com ele quando não fazia algo que a agradasse.

Eu estava varrendo a sala enquanto ela me observava limpar, estava varrendo perfeitamente até a vassoura se bater contra a mesinha de centro e o copo de água cair no chão e se espatifar.

— desculpa mamãe — eu me abaixei para recolher os vidros e na mesma hora ela se levantou do sofá, bufando de raiva e me puxando para cima.

— você é inútil, sua idiota? Não viu o copo ali? — suas mãos apertaram meu pescoço e eu tentei puxar ar, mas não estava conseguindo.

— por favor — eu gritei, tentando falar enquanto suas mãos me esmagavam.

— você só vai ter paz quando eu não estiver mais nesse mundo, sua cadela inútil — ela me jogou contra o chão, pegando sua cerveja e saindo da sala, me deixando lá no chão sentada.

Eu deixei a primeira lágrima escorrer entre meus olhos e abracei meu próprio corpo, ainda sentindo a sensação de seus dedos me estrangulando. Eu chorei por vários minutos sentada lá, abraçada em meu corpo.

De repente, sinto algo me observando e pensei que mamãe estivesse vindo novamente para me abraçar, mas quando olhei para o ambiente, vi uma sombra escura parada na sombra da porta.

Eu arregalei meus olhos e quando fui me levantar para correr, eu ouvi um sussurro. Qualquer garota da minha idade correria e se esconderia, mas eu não era cagona.

— ela vai ter o que merece.

Foi a única coisa que ouvi depois da sombra ir embora e me deixar de em pé no meio da sala olhando para o local.

— quem? — eu questionei, olhando em volta para ver se ela ainda estava, mas não tinha nada, a não ser os móveis da minha casa.

Fiquei a noite inteira acordada esperando que ela voltasse e me falasse de quem estava falando, mas não tive sinais dela após o que aconteceu mais cedo.

...

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⏰ Última atualização: Apr 12 ⏰

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