Lar doce lar

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Andamos pela estrada durante 2 semanas. Ficamos sem gasolina logo no quarto dia e por isso decidimos procurar uma casa vazia onde podessemos ficar para descansar.

Não encontrámos nada, a comida e a água já eram escassas e as armas que tinhamos não eram muitas, apenas um martelo e algumas facas. Não tinhamos armas de fogo e isso dificultava as coisas.

Já perdi a conta de quantos zombies matei, mas felizmente quando os encontramos eles estão sozinhos ou em grupos muito pequenos. Não quero imaginar o que nos poderia acontecer se nos deparacemos com um grupo grande.

Depois de muita procura encontramos uma casa pequena que parecia estar intacta.
Quando entramos percebemos que não estava lá ninguém, nem zombies nem pessoas.

A mobilia era bonita e a casa estava muito bem decorada , com papel de parede na sala de estar e sofás pretos que aparentavam ser muito confortaveis. Na parede encontrava-se uma fotografia com uma senhora bonita, um homem de meia idade e duas crianças, um menino e uma menina. Ainda é dificil para mim aceitar que isto é o fim do mundo. Estas pessoas todas estão mortas e eu, logo eu, era uma dos poucos sobreviventes. Não sei como é que isto foi acontecer.

Dirigimo-nos à cozinha , abrimos a torneira e nada. A água já tinha sido cortada, não havia luz e isso tornava tudo mais complicado. Os armários não estavam vazios, ainda havia alguma comida mas apenas o suficiente para dois dias.

Eu subi as escadas e fui verificar os quartos enquanto Inês foi trancar as portas e janelas.
Havia três quartos: o dos pais , o da menina e o do menino.
Estrei no do casal. Assim como o resto da casa , estava muito bem decorado com cortinhas brancas de renda e paredes beje. A cama era grande , o edredom era vermelho e preto e as almofadas pretas. Em cima da mesinha de cabeceira encontrava-se um relogio de bolso que parecia ser bem antigo e uma moldura com uma foto das crianças.
De seguida dirigi-me ao quarto do rapaz e mal entrei deparei-me com um taco e uma luva de basebol. Vi fotografias do menino nas paredes e numa delas ele segurava uma taça. Para além de gostar daquele desporto também era bom nele. Tinha uma prateleira cheia de videojogos, outra cheia de filmes e outra com Banda Desenhada.
Antes de sair do quarto agarrei no taco de basebol. Já tinha outra arma.
O quarto da menina estava cheio de bonecas e era praticamente todo cor-de-rosa. Como não me parecia ter nada de util voltei para a cozinha.

A Inês estava lá e tinha um sorriso na cara. Tinha encontrado uma pistola pequena e alguma munição. Mesmo não sabendo disparar ela ía ser util.

Depois de comermos alguma da comida que estava no armário fomos deitar nos porque estavamos realmente cansadas após duas semanas a dormir na rua.

Eu não conseguia dormir porque com as coisas a acontecerem tão rápido eu nem tive tempo para pensar. Para pensar em como o mundo se foi e agora estou práticamente sozinha. Não sabia sequer se algum parente meu ou amigo estava vivo. Tinha tantas saudades dos meus pais , precisava tanto deles naquele momento. Comecei a chorar tanto que acabei por acordar a Inês. Ela sabia sempre como me acalmar, sempre soube, mas naquele momento não havia nada que ela pudesse fazer, apenas abraçar-me.

Não me lembro de ter adormecido, apenas me lembro de acordar no sofá e Inês estava lá comigo mas ainda a dormir.
Levantei- me sem fazer barulho e fui à cozinha para "preparar" um pequeno almoço com o que tinhamos: bolachas e água.

Quando voltei à sala com a comida a Inês ainda estava a dormir mas eu ouvi alguns barulhos na porta. Eles sabem que estamos aqui.
Acordei Inês, guardei tudo o que podia e ambas saímos pela porta traseira onde felizmente não estava nenhum zombie. Estava lá um carro, o carro da familia que vivia naquela casa e as chaves estavam lá. Ainda tinha alguma gasolina por isso Inês conduziu e levou-nos pra fora dali. Para além do azar, a sorte estava do nosso lado.

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