Mães da Misericórdia

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Tentei levantar-me mas a perna estava a doer muito. Filipe veio ter comigo de imediato mas não conseguiu levantar aquilo sozinho por isso chamou o João e pediu a Carol para ficar de vigia porque com certeza tudo que existia por perto ouviu o barulho. 

 Ouvimos dois tiros do lado de fora, provavelmente do André e da Inês.

-Temos que ser rápidos! João ajuda-me a levantar isto!- ordenou Filipe.

Eu não me lembro de muita coisa depois disso, lembro-me apenas de Filipe me levar até ao carro e do som do motor a arrancar...

Acordei quando o carro estava parado em frente a um portão que dizia em letras grandes: "As mães da misericórdia". Tínhamos armas apontadas a cada um de nós e uma mulher com uma certa idade gritou:

-Podemos acolher as senhoras durante a noite ou até mesmo as convidamos para viver connosco se assim o preferirem, mas os homens ficam fora do portão. Se tentarem entrar serão mortos imediatamente. 

Não percebi muito bem a situação mas estava com tantas dores que nem conseguia pensar direito. Olhei para a minha perna e apenas consegui ver sangue. Não consegui perceber se era muito grave mas tinha perdido bastante sangue.

-Uma de nós está ferida e se não for tratada rapidamente poderá perder a perna- disse Filipe.

Os portões abriram-se e mais uma vez foi repetido: 

-Os homens não podem entrar. 

Carol pegou em mim e junto com Inês entramos naquele sitio estanho e desconhecido.

A mulher idosa chamou duas outras mulheres relativamente mais novas e mandou-as levarem me para o quarto de tratamento.

O quarto de tratamento parecia ser uma espécie de quarto de hospital mas bastante mais pequeno. As paredes eram brancas e bem no canto havia uma cama com lençóis também brancos e com uma mesinha ao lado que tinha um copo de água e algumas embalagens de medicamentos.

As mulheres colocaram-me naquela cama, disseram que tudo ia ficar bem e espetaram-me uma seringa no braço. Poucos segundos depois tudo ficou preto e perdi a consciência.


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