De mal a pior

352 31 5
                                    

Alguém viu o nosso carro chegar e os portões abriram-se. Aquilo era mesmo real. Era uma cidadezinha rodeada por um muro gigante que parecia bastante seguro. 

Eu e a Inês começamos a sentir-nos melhor e ficamos com esperança de encontrar ali alguém que conhecêssemos.

-Alguma de vocês foi mordida? -perguntou um homem por volta dos 30 anos com um boné ensanguentado.

-Não, não estamos infetadas - respondi.

-Não temos vagas aqui por isso não podemos acolher-vos. Temos aceitado todos os sobreviventes que nos apareceram até agora mas não podemos continuar assim. Podem ficar esta noite por cá , mas no dia seguinte terão de partir.- respondeu o homem do boné.

Nós ficamos desiludidas. Estávamos com esperanças em relação àquele lugar pois ali teríamos uma chance de sobreviver, mas afinal só teríamos uma noite para poder descansar e procurar outro sitio.

- Não há problema, nós encontraremos outro sitio. Ficaremos apenas hoje.

-Muito bem, eu sou o Rodrigo.- disse o homem.

-Eu sou a Patrícia e ela é a Inês.

Mal entrámos reparamos no monte de pessoas que lá estavam, os prédios eram bastante altos , havia um enorme jardim e até cães e crianças a brincar. Pena não podermos ficar ali.

Rodrigo conduziu-nos até a um quarto muito acolhedor e deu-nos alguma comida.
Por estranho que pareça, mesmo estando num apocalipse, tinha dormido duas noites seguidas numa cama. 

A noite estava calma mas mesmo assim estava a ter dificuldades em dormir, ao contrário de Inês , que já tinha adormecido há horas. 

Ouvi um grito. Não. Problemas outra vez não. Levantei-me , acordei a Inês e corri até fora do prédio. 

Pessoas a serem devoradas por aquelas coisas outra vez. Mas como? Fiquei em choque e com muito medo. Estava tudo destruído. Aquele sitio que parecia seguro estava a ser destruído. Os homens armados tentaram detê-los mas não estavam bem equipados e as balas não eram infinitas. Eu e Inês nem paramos para ajudá-los. Só conseguimos correr e correr , entrar no carro e fugir para o mais longe possível dali. 

Não sei como é que aquilo aconteceu. Os muros eram altos e os homens estavam armados. Haveria uma parte do muro que não estava bem segura e aquelas coisas conseguiram entrar? Alguém deixou o portão aberto? Não sei.

Não sei se vamos aguentar muito mais tempo. Estamos cansadas e com medo.

SobreviventesOnde histórias criam vida. Descubra agora