𝟭𝟲: 𝗠𝗲𝗺𝗼́𝗿𝗶𝗮𝘀

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" Lá vem o meu tio! Aquele é meu tio sabe? " Namjoon disse sorridente para seu melhor amigo, enquanto andavam descalços pela rua, no auge de seus 7 anos. "Eai tio, tudo bem?"

" Agora bem melhor! Veja só estes mangás que encontrei num sebo" Ele sai andando, sorridente, carregando a pilha de mangás, deixando as crianças pra trás.

" Ele é entregador de mangás? " Taehyung pergunta.

"Não! Mas ele é fanático por mangás! Na casa dele tem tantos que a gente nem consegue andar. " Namjoon comenta.

" Sério? Que massa "

" Sim, foi ele que me ensinou tudo o que sei sobre essas histórias"

" Então a culpa é dele por você ser tão nerd? Hahaha "

" Hunf, nunca mais te convido pra ver meus DVDs de Naruto " Namjoon reclama e eles saem correndo ao avistar seus outros amigos.

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Em seu apartamento. Samir, ou melhor dizendo. Sa Lieu como era chamado na Coreia. O mesmo veio morar na Coreia quando ainda tinha seus 2 anos, apesar de suas características serem estrangeiras, ele adotou o estilo coreano. A forma como seu nome era pronunciado de verdade nunca foi esquecido pelo mesmo. Ele se casou jovem com seus 20 anos, e ao longo dos seus 27 se tornou tio de Namjoon, um doce bebe que o havia encantado logo de cara.

O mesmo comemorou por achar um espaço livre em sua bagunça para por mais HQs. Ele se encosta numa pilastra e tosse ao sentir a poeira no local, afinal, a quanto tempo ele não limpava aquele lugar?

Ele se levanta para sair do local, mas não consegue, não enxergava onde pisar, uma névoa de poeira havia se instalado e ele tinha espaço para se locomover.

Uma pilastra de madeira cai por cima do mesmo, ao se soltar do chão. Ele é atingido na cabeça o que o faz perder as forças.

Ele tenta gritar por socorro mas não tem forças para tal. Não conseguia enxergar, nem se mover com a pilha de tralhas em cima de suas costas.

" 𝘌𝘯𝘧𝘪𝘮 𝘯𝘰𝘴 𝘦𝘯𝘤𝘰𝘯𝘵𝘳𝘢𝘮𝘰𝘴 𝘯𝘰𝘷𝘢𝘮𝘦𝘯𝘵𝘦 " Uma voz rouca ecoa pela sua mente. O mesmo força sua vista entre a poeira, podendo ver uma centopeia.

" Uma centopeia falante? Oh meu Deus, estou ficando louco? " ele diz para si mesmo. Pensava que a batida havia sido forte o bastante para ele alucinar.

"𝘕𝘢̃𝘰... 𝘕𝘰́𝘴 𝘫𝘢́ 𝘯𝘰𝘴 𝘤𝘰𝘯𝘩𝘦𝘤𝘦𝘮𝘰𝘴 𝘢𝘯𝘵𝘦𝘴, 𝘴𝘶𝘢 𝘮𝘦𝘯𝘵𝘦 𝘢𝘱𝘦𝘯𝘢𝘴 𝘳𝘦𝘱𝘳𝘪𝘮𝘪𝘶 𝘴𝘦𝘶 𝘵𝘳𝘢𝘶𝘮𝘢 𝘥𝘦 𝘪𝘯𝘧𝘢̂𝘯𝘤𝘪𝘢... " a voz ecoa novamente, mais firme. " 𝘕𝘢̃𝘰 𝘴𝘦 𝘭𝘦𝘮𝘣𝘳𝘢 𝘥𝘦 𝘲𝘶𝘢𝘯𝘥𝘰 𝘴𝘶𝘢 𝘤𝘢𝘴𝘢 𝘧𝘰𝘪 𝘴𝘰𝘵𝘦𝘳𝘳𝘢𝘥𝘢 𝘱𝘰𝘳 𝘶𝘮 𝘥𝘦𝘴𝘭𝘪𝘻𝘢𝘮𝘦𝘯𝘵𝘰 𝘥𝘦 𝘵𝘦𝘳𝘳𝘢? 𝘝𝘰𝘤𝘦̂ 𝘦𝘴𝘵𝘢𝘷𝘢 𝘯𝘰 𝘱𝘰𝘳𝘢̃𝘰 𝘭𝘦𝘯𝘥𝘰 𝘏𝘘𝘴 𝘯𝘢 𝘩𝘰𝘳𝘢 𝘥𝘢 𝘵𝘦𝘮𝘱𝘦𝘴𝘵𝘢𝘥𝘦... " a voz dá uma risada e ele fecha os olhos com força, um avalanche me memórias o acerta, a sua infância... " 𝘚𝘦 𝘦𝘶 𝘯𝘢̃𝘰 𝘵𝘪𝘷𝘦𝘴𝘴𝘦 𝘭𝘢́, 𝘷𝘰𝘤𝘦̂ 𝘵𝘦𝘳𝘪𝘢 𝘮𝘰𝘳𝘳𝘪𝘥𝘰 "

Em sua mente, o momento exato do acontecimento passa, como um filme.

" 𝘔𝘦𝘶 𝘮𝘦𝘴𝘵𝘳𝘦 𝘮𝘦 𝘦𝘯𝘷𝘪𝘰𝘶 𝘢𝘲𝘶𝘪 𝘱𝘢𝘳𝘢 𝘵𝘦 𝘧𝘢𝘻𝘦𝘳 𝘶𝘮𝘢 𝘰𝘧𝘦𝘳𝘵𝘢! " O inseto estava de cara a cara com Samir, ecoando sua voz enquanto a criança chorava de medo. " 𝘌𝘶 𝘷𝘪𝘮 𝘵𝘦 𝘤𝘰𝘯𝘤𝘦𝘥𝘦𝘳 𝘢 𝘴𝘢𝘭𝘷𝘢𝘤̧𝘢̃𝘰, 𝘷𝘰𝘤𝘦̂ 𝘥𝘦𝘴𝘦𝘫𝘢 𝘷𝘪𝘷𝘦𝘳? "

" Sim! Por favor não me deixa morrer aqui! " ele chorava, não se importava em raciocinar porque estava falando com um inseto, apenas queria viver.

" 𝘘𝘶𝘦 𝘢𝘴𝘴𝘪𝘮 𝘴𝘦𝘫𝘢! " a voz dá uma risada macabra. " 𝘔𝘦𝘶𝘴 𝘪𝘯𝘴𝘦𝘵𝘰𝘴 𝘮𝘢𝘯𝘵𝘦𝘳𝘢̃𝘰 𝘷𝘰𝘤𝘦̂ 𝘷𝘪𝘷𝘰 𝘢𝘵𝘦́ 𝘲𝘶𝘦 𝘶𝘮𝘢 𝘦𝘲𝘶𝘪𝘱𝘦 𝘥𝘦 𝘳𝘦𝘴𝘨𝘢𝘵𝘦 𝘢𝘱𝘢𝘳𝘦𝘤̧𝘢 𝘱𝘢𝘳𝘢 𝘵𝘦 𝘴𝘢𝘭𝘷𝘢𝘳. 𝘗𝘰𝘳𝘦́𝘮... 𝘛𝘰𝘥𝘰 𝘧𝘢𝘷𝘰𝘳 𝘵𝘦𝘮 𝘶𝘮 𝘱𝘳𝘦𝘤̧𝘰, 𝘴 𝘶𝘮 𝘥𝘪𝘢 𝘦𝘶 𝘷𝘰𝘭𝘵𝘢𝘳𝘦𝘪 𝘱𝘢𝘳𝘢 𝘤𝘰𝘣𝘳𝘢𝘳. 𝘔𝘢𝘴 𝘭𝘦𝘮𝘣𝘳𝘦-𝘴𝘦, 𝘯𝘢̃𝘰 𝘤𝘰𝘯𝘵𝘦 𝘢 𝘯𝘪𝘯𝘨𝘶𝘦́𝘮 𝘴𝘰𝘣𝘳𝘦 𝘰 𝘲𝘶𝘦 𝘢𝘤𝘰𝘯𝘵𝘦𝘤𝘦𝘶 𝘢𝘲𝘶𝘪...  𝘕𝘰́𝘴 𝘦𝘴𝘵𝘢𝘳𝘦𝘮𝘰𝘴 𝘴𝘦𝘮𝘱𝘳𝘦 𝘵𝘦 𝘰𝘣𝘴𝘦𝘳𝘷𝘢𝘯𝘥𝘰... "

A centopeia ri quando o homem arregala os olhos se recordando de tudo, seus olhos se enchem de lágrimas pelas dores do passado.

" Não! E não! Aquilo não era real, eu era apenas uma criança com medo conversando com amigos imaginários, você não é real! " Ele se nega.

" 𝘊𝘩𝘦𝘨𝘢 𝘥𝘦 𝘭𝘢𝘮𝘦𝘯𝘵𝘢𝘤̧𝘢̃𝘰! 𝘊𝘩𝘦𝘨𝘰𝘶 𝘯𝘢 𝘩𝘰𝘳𝘢 𝘥𝘦 𝘱𝘢𝘨𝘢𝘳 𝘴𝘶𝘢 𝘥𝘪́𝘷𝘪𝘥𝘢! 𝘔𝘦𝘶 𝘮𝘦𝘴𝘵𝘳𝘦 𝘵𝘦 𝘤𝘰𝘯𝘤𝘦𝘥𝘦𝘳𝘢́ 𝘱𝘰𝘥𝘦𝘳𝘦𝘴 𝘪𝘯𝘪𝘮𝘢𝘨𝘪𝘯𝘢́𝘷𝘦𝘪𝘴...  𝘌 𝘷𝘰𝘤𝘦̂ 𝘴𝘦 𝘵𝘰𝘳𝘯𝘢𝘳𝘢́ 𝘰 𝙘𝙖𝙫𝙖𝙡𝙤 𝙙𝙖 𝙙𝙚𝙘𝙖𝙙𝙚̂𝙣𝙘𝙞𝙖! " O homem chora, se negando a acreditar. " 𝘚𝘶𝘢 𝘮𝘪𝘴𝘴𝘢̃𝘰 𝘦́ 𝘱𝘰𝘭𝘶𝘪𝘳 𝘢 𝘛𝘦𝘳𝘳𝘢... 𝘈𝘱𝘰𝘥𝘳𝘦𝘤𝘦𝘳 𝘰 𝘴𝘰𝘭𝘰... 𝘈𝘭𝘵𝘦𝘳𝘢𝘳 𝘢 𝘢𝘵𝘮𝘰𝘴𝘧𝘦𝘳𝘢... 𝘌 𝘤𝘰𝘣𝘳𝘪𝘳 𝘰𝘴 𝘤𝘦́𝘶𝘴 𝘤𝘰𝘮 𝘶𝘮𝘢 𝘧𝘶𝘮𝘢𝘤̧𝘢 𝘵𝘢̃𝘰 𝘯𝘦𝘨𝘳𝘢... 𝘘𝘶𝘦 𝘯𝘦𝘮 𝘰𝘴 𝘳𝘢𝘪𝘰𝘴 𝘥𝘦 𝘴𝘰𝘭 𝘪𝘳𝘢̃𝘰 𝘤𝘰𝘯𝘴𝘦𝘨𝘶𝘪𝘳 𝘤𝘩𝘦𝘨𝘢𝘳 𝘢 𝘴𝘶𝘱𝘦𝘳𝘧𝘪́𝘤𝘪𝘦. "

" Não... Por favor, eu não quero fazer mal a ninguém! " O homem implora.

" 𝘝𝘰𝘤𝘦̂ 𝘢𝘤𝘩𝘢 𝘲𝘶𝘦 𝘱𝘰𝘥𝘦 𝘳𝘦𝘤𝘶𝘴𝘢𝘳? 𝘈𝘤𝘩𝘢 𝘲𝘶𝘦 𝘵𝘦𝘮 𝘦𝘴𝘤𝘰𝘭𝘩𝘢? 𝘝𝘰𝘤𝘦̂ 𝘢𝘤𝘳𝘦𝘥𝘪𝘵𝘢 𝘲𝘶𝘦 𝘱𝘰𝘥𝘦 𝘦𝘴𝘤𝘢𝘱𝘢𝘳 𝘥𝘰 𝘴𝘦𝘶 𝘥𝘦𝘴𝘵𝘪𝘯𝘰? " A centopeia sussurra, o manipulando. " 𝘖 𝘮𝘢𝘭 𝘯𝘢̃𝘰 𝘵𝘰𝘭𝘦𝘳𝘢 𝘰𝘴 𝘧𝘳𝘢𝘤𝘰𝘴! 𝘚𝘦 𝘷𝘰𝘤𝘦̂ 𝘯𝘢̃𝘰 𝘤𝘶𝘮𝘱𝘳𝘪𝘳 𝘰 𝘵𝘳𝘢𝘵𝘰 𝘦 𝘯𝘢̃𝘰 𝘱𝘢𝘨𝘢𝘳 𝘴𝘶𝘢 𝘥𝘪́𝘷𝘪𝘥𝘢... 𝘌𝘭𝘢 𝘴𝘦𝘳𝘢́ 𝘵𝘳𝘢𝘯𝘴𝘧𝘦𝘳𝘪𝘥𝘢 𝘱𝘢𝘳𝘢 𝘢 𝘱𝘦𝘴𝘴𝘰𝘢 𝘲𝘶𝘦 𝘷𝘰𝘤𝘦̂ 𝘮𝘢𝘪𝘴 𝘢𝘮𝘢... "

Automaticamente a imagem de seu sobrinho brincando com seus amigos lhe veio a mente, com isso, ele sente seu coração doer.

" O Namjoon? Não! Como... Como vocês sabem que eu tenho um sobrinho? "

" 𝘕𝘰́𝘴 𝘴𝘢𝘣𝘦𝘮𝘰𝘴 𝘥𝘦 𝘱𝘳𝘢𝘵𝘪𝘤𝘢𝘮𝘦𝘯𝘵𝘦 𝘵𝘶𝘥𝘰 𝘰 𝘲𝘶𝘦 𝘢𝘤𝘰𝘯𝘵𝘦𝘤𝘦... 𝘖𝘴 𝘰𝘭𝘩𝘰𝘴, 𝘦𝘴𝘵𝘢̃𝘰 𝘦𝘮 𝘵𝘰𝘥𝘰𝘴 𝘰𝘴 𝘭𝘶𝘨𝘢𝘳𝘦𝘴! "

" O Namjoon não tem nada haver com isso! Deixem ele em paz! Eu faço tudo o que vocês quiserem, mas o deixem em paz! "

" 𝘘𝘶𝘦 𝘢𝘴𝘴𝘪𝘮 𝘴𝘦𝘫𝘢... 𝘖𝘴 𝘱𝘰𝘥𝘦𝘳𝘦𝘴 𝘪𝘮𝘶𝘯𝘥𝘰𝘴 𝘪𝘳𝘢̃𝘰 𝘤𝘰𝘳𝘳𝘰𝘮𝘱𝘦𝘳 𝘴𝘶𝘢 𝘢𝘭𝘮𝘢... 𝘏𝘰𝘫𝘦 𝘦́ 𝘰 𝘥𝘪𝘢 𝘥𝘦 𝘴𝘦𝘶 𝘳𝘦𝘯𝘢𝘴𝘤𝘪𝘮𝘦𝘯𝘵𝘰! "

Ele sente seus ossos estalando, mas não tem forças para gritar. A cada dor que invade seu corpo entre a fumaça negra ele chora. Mas Conforme a poeira o invade as lágrimas cessam ao poucos, seu olhos se tornam negros como o limbo, sua alma cada vez mais escura.

" 𝘊𝘰𝘮 𝘲𝘶𝘦 𝘯𝘰𝘮𝘦 𝘨𝘰𝘴𝘵𝘢𝘳𝘪𝘢 𝘥𝘦 𝘴𝘦𝘳 𝘳𝘦𝘣𝘢𝘵𝘪𝘻𝘢𝘥𝘰? "

" O apelido que os gêmeos me deram no orfanato é perfeito... " Ele sorri de forma maldosa ao se erguer. " O 𝙙𝙚𝙢𝙤̂𝙣𝙞𝙤 está de volta! "




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