Capítulo dois

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A escuridão ainda envolvia a cabana quando acordei, antes mesmo do amanhecer. As primeiras luzes do dia começavam a se infiltrar pelas frestas das janelas, revelando o interior rústico do nosso novo lar. Tínhamos poucas moedas e alguns pertences de valor, mas eu sabia que precisava encontrar um emprego para sustentar tanto a mim quanto a Sigurd.

Com cuidado, vesti minhas botas de couro surrado e coloquei meu colete resistente, pronto para enfrentar o dia que se aproximava. Sigurd ainda estava deitado na cama de solteiro que dividíamos na noite anterior. Eu me aproximei dele silenciosamente, colocando uma mão suave em seu ombro para acordá-lo.

- Sigurd, - eu o chamei em voz baixa, - estou saindo para encontrar trabalho. Fique na cabana e não saia até eu voltar, tudo bem?

Ele esfregou os olhos sonolentos e assentiu com um bocejo.

- Está bem, Freyja. Vou ficar aqui.

Satisfeita de que ele ficaria seguro na cabana, dei uma última olhada ao redor, notando os poucos pedaços de pão e carne que trouxemos da viagem sobre a mesa. Pelo menos ele teria algo para comer enquanto eu estivesse fora.

O sol já estava alto no céu, lançando seu calor sobre as ruas movimentadas de Kattegat. A cidade se agitava com a atividade de seus habitantes, e eu me encontrava no meio dessa efervescência, determinada a encontrar um emprego que nos permitisse começar uma nova vida.

Caminhei pelas ruas de paralelepípedos, parando em frente a cada banca e estabelecimento que parecia promissor. Com um sorriso educado, eu perguntava aos vendedores se sabiam de alguma oportunidade de emprego ou se precisavam de ajuda.

- Bom dia, senhora, - comecei, dirigindo-me a uma banca de frutas. - Você não acontece de saber se há algum trabalho disponível na cidade ou se alguém precisa de ajuda? - A vendedora, uma mulher com cabelos escuros e um sorriso gentil, sacudiu a cabeça com pesar.

- Sinto muito, querida, mas não tenho conhecimento de nenhum emprego no momento. Kattegat está cheia de trabalhadores, e as oportunidades podem ser escassas.

Não desanimando, continuei minha busca, indo de uma banca para outra, fazendo a mesma pergunta. As respostas eram consistentes: não havia trabalho disponível no momento. Era evidente que Kattegat estava cheia de pessoas em busca de oportunidades, e a concorrência era acirrada.

Quase desistindo da busca por emprego e voltando em direção à cabana, algo dentro de mim insistiu que eu deveria fazer mais uma tentativa. Era como se uma voz interior me guiasse em direção a uma mulher de longos cabelos loiros que estava ocupada organizando alguns produtos em sua banca. Respeitosamente, eu me aproximei dela, consciente de que estava interrompendo seu trabalho. Com um sorriso gentil, eu me dirigi a ela.

- Com licença, desculpe atrapalhar, mas por acaso você saberia de alguém que está precisando de ajuda no trabalho? Não me importo muito com o que seja. - Ela olhou para mim com curiosidade, seus olhos azuis refletindo a luz do sol.

- Qual é o seu nome? - ela perguntou com uma voz suave.

- Freyja, e o seu? - respondi, sentindo-me grata pela abordagem amigável.

- Lindo nome. Eu me chamo Helga.- ela respondeu com um sorriso caloroso. - Olha, meu marido constrói barcos. O trabalho é pesado, mas se você estiver disposta, posso te levar até ele para ver se ele está precisando de ajuda. Ele tem várias encomendas para completar.

Uma sensação de esperança se acendeu em meu peito enquanto eu agradecia a Helga por sua generosidade. Era uma oportunidade que eu não esperava, mas que estava disposta a abraçar. A chance de aprender um ofício e contribuir para a comunidade de Kattegat era exatamente o que eu precisava.

Trovão de Sangue: Ivar o DesossadoOnde histórias criam vida. Descubra agora