Capitulo oito

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Naquela manhã, o céu se estendia com uma claridade fria e nítida, e o vento salgado do mar enchia nossos pulmões. Eu estava a bordo do barco principal, cercada por aqueles que compartilhavam o desejo de vingar a morte de Ragnar. Helga e Floki estavam próximos, seus olhares refletindo a mesma determinação que ardia em mim. Eles também perdiam alguém que amavam. Floki, sentia a perda de seu grande amigo. E eu, que havia chegado em Kattegat pouco antes da morte de Ragnar, sentia um profundo respeito pelo homem que liderara nossa aldeia.

Sigurd estava ao meu lado, seus olhos curiosos e ansiosos. Ele era jovem, mas já havia vivido o suficiente para saber que aquela jornada era uma busca por justiça. Nossos olhos encontraram os filhos de Ragnar, Bjorn, Ubbe, Hvitserk, Sigurd e Ivar, que lideravam a frota.

Bjorn olhou para trás e acenou, acenei de volta. Minha mãe custava dizer que não é bom ser mal educada com quem tem dinheiro e influência. Nunca se sabe, vai que eu preciso de um deles, não quero que eles recusem ajuda por eu ser mal educada.

A tensão no ar era palpável enquanto os barcos partiam de Kattegat em direção à Inglaterra.  O vento rugia em nossos ouvidos, e o futuro estava incerto.

A viagem pelo mar estava se estendendo, e o balanço contínuo do barco, embora não fosse minha primeira experiência no mar, estava começando a me incomodar. Lembrei-me de como esquecemos das pequenas desvantagens quando estávamos ansiosos para começar nossa busca por vingança. Olhei para o lado e vi Sigurd, silencioso e pensativo, assim como eu.

Meu irmão mal havia proferido uma palavra desde que partimos. Suas mãos se seguravam firmemente na lateral do barco, e seus olhos estavam fixos no horizonte. Tive a sensação de que ele também estava pensando nas consequências de nossa decisão. Talvez ele estivesse refletindo sobre o perigo que enfrentaríamos e a incerteza do que nos esperava na Inglaterra.

Um nó de dúvida apertou meu peito. Eu me questionei se havia tomado a decisão certa ao trazer meu irmão nessa empreitada, mas agora estávamos no barco, e não havia como voltar atrás. A menos que ambos escolhêssemos se jogar no mar aberto, não havia muito o que fazer além de seguir em frente.

Conforme a noite caía, o barco deslizava silenciosamente sobre as águas escuras, as estrelas cintilando como faróis distantes no céu noturno. A brisa do mar trazia um ar de melancolia enquanto o balanço constante do barco me lembrava da viagem para aquelas terras desconhecidas. Eu trocava algumas palavras com os vikings ao meu redor, buscando conforto na familiaridade de suas vozes.

Vigias se revezavam no mastro, atentos a qualquer ameaça que pudesse surgir durante a noite. Nossos guerreiros estavam prontos, espadas ao alcance, preparados para qualquer embate. Conversávamos sobre Ragnar, sua coragem, suas conquistas e o motivo que nos havia unido naquele barco.

Sigurd, ainda que silencioso, não estava longe, apoiado no mastro, olhando o mar com uma curiosidade. Sua presença me acalmava. Por um breve momento, nossos olhares se cruzaram, e ele sorriu para mim, trazendo um lampejo de tranquilidade em meio às incertezas que nos aguardavam.

Após algumas horas remando senti uma onda de cansaço se aproximar. Helga já estava indo dormir, e era reconfortante saber que Sigurd teria a chance de descansar em um dos quartos do barco, onde estava preparado para os guerreiros. Era uma solução melhor para ele, oferecendo mais conforto e segurança do que o convés.

Segui adiante pelo convés do barco, onde a noite estava clara e estrelada. O balanço suave da embarcação sob meus pés era quase reconfortante, como um abraço da própria Freyja.

Enquanto caminhava, pude ouvir os sussurros e risadas abafadas dos vikings compartilhando histórias e mantendo o ânimo alto. Eu sentia uma camaradagem genuína entre eles.

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⏰ Última atualização: Oct 31, 2023 ⏰

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Trovão de Sangue: Ivar o DesossadoOnde histórias criam vida. Descubra agora