Capítulo seis

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A notícia da morte de Ragnar atingiu Kattegat como um raio rasgando o céu, reverberando como um trovão retumbante. Encontrávamo-nos no porto, ansiosos pela chegada dos barcos que haviam partido em busca de novas conquistas. Dois invernos haviam se passado desde a partida de Ragnar, e nossos corações estavam cheios de esperanças e anseios. No entanto, o que recebemos foi um golpe devastador.

Os barcos se aproximaram lentamente, e a angustiosa quietude que se instalou era quase insuportável. Foi quando Ivar desembarcou, e seu semblante não era mais o de confiança e superioridade que costumávamos ver. Seu olhar vazio e a ausência de palavras transmitiram mais do que qualquer discurso poderia. Nesse momento, uma onda de tristeza se espalhou por todos nós, pois sabíamos o que aquilo significava. A notícia da morte de Ragnar tinha chegado até nós, e com ela veio o peso da perda que nenhum de nós estava preparado para suportar.

— Meu pai... Ele está morto — foram as primeiras palavras de Ivar. Não precisava de mais nada para entendermos a extensão da tragédia. A agonia estava estampada em seus olhos, e seu tom de voz era de alguém quebrado.

As lágrimas escorreram dos meus olhos, e Sigurd apertou minha mão, oferecendo apoio silencioso em meio àquela tristeza compartilhada. As lágrimas brotavam sem que eu conseguisse controlá-las, e eu mal sabia ao certo a razão. Talvez chorasse pelos rapazes  que agora ficariam sem seu pai, uma dor que conhecia bem. Reconhecia que, embora não tivesse uma ligação  com o rei Ragnar, a ausência dele deixaria um vazio na vida de todos nós.

Floki e Helga, também consumidos pela tristeza, não conseguiam conter suas próprias lágrimas, e o luto pesava no ar. Tanto Ivar quanto seus irmãos enfrentavam a perda do pai, enquanto o povo perdia seu líder. Em um momento como esse, palavras se mostravam insuficientes para aliviar a dor que pairava sobre todos nós.

A dor que sentíamos pela perda de Ragnar logo se transformou em determinação. Ivar, mesmo envolto em luto, ergueu sua voz com firmeza, proclamando sua determinação de vingar a morte de seu pai nas mãos do Rei Aelle. Ele afirmou que partiríamos em busca de justiça. Seu rosto estava marcado por uma resolução inquebrantável.

- Jurei vingar meu pai. Nós iremos a terras distantes para fazer justiça e trazer honra a seu nome.

As palavras de Ivar ecoaram pelo ar como um poderoso grito de guerra, e Kattegat respondeu com um rugido uníssono. A vontade de vingar nosso grande herói, Ragnar, queimava como uma chama em cada coração ali presente. Homens e mulheres, até mesmo as crianças, que talvez não compreendessem completamente a magnitude do que estava por vir, se uniram à causa. Nossa aldeia estava unida por um propósito claro: a morte de Ragnar não seria deixada impune.
Floki e Helga trocaram olhares, seus olhos refletindo a mesma determinação que queimava em nossos corações. Eu senti a chama da vingança acender-se em meu peito.

...

A atmosfera em Kattegat se tornou intensa com a chegada de tantos guerreiros em busca de vingança pela morte de Ragnar. Em apenas três dias, nossa  aldeia havia se transformado em um agitado centro de preparação para a guerra.

Caminhar pelas ruas de Kattegat se tornou uma tarefa desafiadora, pois praticamente a cada passo nos deparávamos com guerreiros, armaduras reluzentes, e o som de forjas martelando ecoando pelo ar. Mal conseguíamos andar sem tropeçar em alguém engajado em afiar sua espada, ajustar seu escudo ou se preparar de outras maneiras para a batalha iminente.

As casas e cabanas que compunham nossa aldeia estavam repletas de guerreiros, compartilhando histórias de suas façanhas passadas, fazendo planos para o futuro e brindando em honra a Ragnar. Até mesmo as crianças, olhos brilhantes de entusiasmo, ouviam avidamente as histórias contadas por esses heróis de guerra.

Trovão de Sangue: Ivar o DesossadoOnde histórias criam vida. Descubra agora