Capítulo 04 | Verde

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Os musgos que crescem no jardim não são nada se comparados aos espinhos que você tem adornado ao redor de si. Eu sempre soube que você era uma rosa, nunca me importei em sangrar.

Século XVIII

Às vezes horas parecem minutos. E às vezes um único segundo parece uma eternidade. Para Sasuke, o segundo que nunca acabou foi aquele.

Aquele dia parecia mais longo do que o normal.

Seu corpo doía, seu coração, sua alma, sua voz e existência. Tudo doía. Era como estar preso a algo que já não sabia mais se era realmente seu. Se era, por que doía tanto?

Algumas vezes, quando se é jovem, dizem que você não sabe de nada, mas Sasuke sempre pensou saber de tudo. Mas, agora, não tinha certeza de mais nada.

— Sasuke? Você está bem? — Hinata perguntou enquanto balançava a mão na frente do rosto dele, porque ele parecia estar em um transe, além de estar pálido como um fantasma.

— Ah, perdão — o Uchiha disse voltando a si — Eu... É... Eu preciso ir... — parecia tropeçar nas palavras, então apenas levantou e saiu, deixando a moça sozinha.

Se o toque de Midas transforma tudo em ouro, por que Sasuke achava que tudo o que ele tocava acabaria morrendo uma hora ou outra?

Ele se sentia atordoado, perdido, com um nó na garganta. Sentia uma dor que desatinava e queimava, era como se houvesse algo rasgando dentro de si. Então, foi ao banheiro, lavou o rosto e tentou não vomitar com aquela sensação inquietante que parecia esquentar seu corpo com um calor frio.

Naquele momento, Sasuke só precisava de paz, então ele buscou isso tentando ficar sozinho e foi para a pequena sala de descanso de Naruto.

— Hum? — o Uzumaki grunhiu baixo ao ouvir a porta abrindo, então levantou a cabeça para olhar — Meu bem? O que houve? — levantou e se aproximou de Sasuke, afastando os cabelos molhados de seu rosto.

— Ah, eu passei no banheiro para lavar o rosto e acabei molhando o cabelo sem querer — a roupa dele também estava um pouco molhada perto da gola — E você? Por que está aqui? Pensei que estaria tomando chá.

— E estou — apontou para a mesa, depois retornou o olhar para o moreno — É melhor você trocar de roupa para não ficar resfriado. Quer que eu peça para alguém buscar? — beijou sua bochecha.

— Não precisa se preocupar, Vossa Majestade — ele disse e Naruto sentiu como uma facada. Era tão estranho ouvir isso daquela boca, a boca que ele beijava, a boca que conhecia seu corpo, a boca que sabia falar seu nome com mais amor do que há de estrelas no céu — Se bem que aqui fica bem frio nesse horário, acho que vou me trocar, mesmo — o Uchiha disse quando sentiu o clima do ambiente pesar e se virou.

— Não, fique. Eu vou sair para você ficar mais confortável — disse e Sasuke suspirou.

— Não precisa — desistiu e soltou a maçaneta — Pode ficar, acho que preciso mesmo de companhia — sentou-se numa cadeira próxima à janela, pegando um pequeno bloco de notas que ele usava para rabiscar algumas coisas.

O loiro parecia pensativo, era uma sensação tão angustiante, mas ele parecia não saber o que fazer. Então, fez o que sabia fazer de melhor: puxou conversa-fiada e esperava que Sasuke pudesse dançar no seu ritmo.

— Companhia? E Lady Hinata?

— O que tem ela? — retrucou com um nó na garganta, queria tanto gritar indagando o porquê dela ser assunto ali.

— Ela não é... interessante? Não sei... Pensei que você havia gostado da companhia dela.

— Ah, entendo... — suspirou e rabiscou no caderno, não era um desenho pelo que dava pra ver, ele parecia estar escrevendo algo — Bom, ela é legal, muito simpática e parece gostar de minhas obras.

As Cores do Nosso Amor | NaruSasu Onde histórias criam vida. Descubra agora