18."Balada (Parte 1)"

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Rebeca Mitchell

Dou um peteleco no meio da testa dele, fazendo ele se afastar e dizer:

- Isso doeu, sabia?

- Essa era a intenção. Pra você não ficar muito perto de mim, vamos manter a distância de um metro. - Falo mandona.

- Eu estava brincando, e foi você que começou a provocar. - Ele riu sarcástico. - Você fala como se eu quisesse ficar perto de alguém que terminou comigo.

- Eu terminei porque VOCÊ não confiava em mim! - Falo no tom de magoada.

- E se tivesse sido com você? Você iria conseguir confiar?!

- É claro que eu ia!! - Falo como se fosse óbvio. Olho nos olhos dele. - Porque eu amava você, Henrique!

Um climão tomou conta do lugar, ficamos sem dizer nada. Peguei a minha bolsa e saí do restaurante sem dar tchau. Fiquei surpresa porque não tinha percebido que estava chovendo.

Eu estava sem saída, dispensei a carona da Beatriz e também não trouxe o guarda-chuva. Eu respirei fundo e fui andando na chuva mesmo.

A chuva caía sobre mim, molhando o meu cabelo e escorrendo pela minha roupa. Senti quando alguém segurou o meu pulso com delicadeza e me virou para si.

Era o Henrique, ele olhou pra mim e disse:

- Eu sou um idiota por estar fazendo isso, mas eu sei que uma carona você não vai aceitar, então... - Ele abriu um guarda-chuva lindo transparente.

Ele colocou o guarda-chuva sobre ele e estendeu o braço que estava o guarda-chuva, querendo que eu pegasse ele. Olhamos nos olhos um do outro e nossos corpos molhados deixava tudo ainda mais romântico.

Eu minto pra mim mesma, dizendo que depois de tantos anos eu superei ele, mas meu coração ainda pertence a ele. Por mais que eu negue, um dia meu coração sempre volta pra ele. Eu posso estar sendo uma idiota, ainda gostando dele depois dele não confiar em mim, mas eu não consigo evitar.

Ninguém manda ou controla o coração.

Percebi quando o olhar dele caiu alguns centímetros, indo para os meus lábios, e eu acabei fazendo o mesmo.

- Está chovendo muito, pode ficar com o guarda-chuva, pelo menos. - Henrique falou.

Eu ainda amo ele. Achei que com o tempo eu iria parar de sentir isso, e eu tinha achado que havia conseguido, mas não. A chama só tinha se apagado, mas agora que reencontrei ele, ela reacendeu.

Mas querendo ou não ele me machucou. Eu que terminei, eu não quero dar o braço a torcer e voltar com ele. Ele é passado agora, e deve sentir raiva de mim por ter deixado ele. Então eu preciso me recompor, ou pelo menos fingir que ele não me afeta em nada.

Segurei o guarda-chuva e me afastei.

- Obrigada, te devolvo depois. Tchau, Henrique. - Falo e saio andando sozinha.

Henrique Collins

Olhando Rebeca indo embora.

Eu sou um burro mesmo, um idiota, me preocupando com ela e eu aqui arrasado.

Ao mesmo tempo que amo ela, eu sinto raiva, raiva por ela ter me deixado. Tenho raiva dela ter lutado tão pouco por nós dois. Ela disse que me amava, então ela não ama mais. O que eu estava esperando? Eu sou o único louco de amar alguém mesmo com tantos anos terem passado.

Sabe do que eu preciso agora? De uma bebida.

Amanhã vou tirar meu dia de folga, então eu vou beber até cair, aproveitar que a Ana Maria não está em casa, não quero que ela me veja nesse estado.

Seguindo o Coração [Concluído]Onde histórias criam vida. Descubra agora