Reencontro das almas

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Onde você está? Eu não posso te perde, não aqui, não desse jeito, se for para você me deixar que pelo menos seja por escolha própria. Corro em meio a floresta densa, árvores de mais de 20 metros bloqueam minha visão, ouço somente o cantar dos pássaros. Não sei onde estou e isso pouco importa. A única coisa que me importo nesse momento é você, eu tenho que te achar, antes... antes que seja tarde de mais. Sinto o impacto do meu corpo com a chão, com ênfase em um corpo pontiagudo sob minha perna direita, isso não importa. Me levanto, minhas mãos manchadas de vermelho vivido, sangue, meu sangue, isso não me faz parar volto a corre como se minha vida dependesse disso, porque de certa forma depende. Na minha esquerda ouço o uivar de um lobo, minto de uma matilha de lobos, eu realmente não estou com sorte hoje. Consegui passar pelo lobos com apenas alguns arranhões. Fugi para o alto de uma árvore de tronco branco como a neve e copa rosa como teus lábios. Tô topo desta bela árvore vejo uma clareira, uma clareira que tenho certeza que não existia antes desse dia. Noto também uma carroça grande de cor prata. Aí está você meu amor. Desço alguns metros, nenhum sinal dos lobos, ainda bem. Volto a correr na direção que creio que leve até você.
Já escureceu, e denovo não faço ideia da onde estou. Mas não paro de correr, isso nunca! Nunca nessa vida nem em alguma outra irei desistir de você assim como não desisti nas anteriores prometo. Cego de amor não vejo o gigantesco urso pardo e seu filhote, um erro fatal.

Da última vez tínhamos nossos vinte poucos anos, seu tio não gostava da ideia de uma nobre como ti, amar um qualquer como eu, ele lhe obrigou a se mudar para casar com velho conde de merda. Eu tentei lhe alcançar mas o destino não quis.

Desta vez, eu nasci no mar, um pirata de baixo categoria, e você, a você o destino sempre reserva grande planos, filha do almirante mais respeitado de toda a nossa nação. E mais uma vez, mais uma maldita vez não conseguimos ficar juntos. E cá estou eu, em um pequeno bote de madeira podre, a derivada no mar, com a esperança de quem sabe achar uma ilha deserta e quem sabe você está lá à minha espera. Para que finalmente possamos viver nosso felizes para sempre. Só que acho que o destino não curte muito essa ideia, porque assim que vejo um navio, mas não qualquer navio, o SEU navio! sou engolido pelo tão temido Reis dos mares. Adeus, até nossa próxima vida meu amor.

Morto por um urso, depois por uma besta do mar, desde vez juro que não vou me deixar morre para qualquer besta que seja! Juro meu amor, juro que nesta vida iremos ter nosso felizes para sempre! Atravesso a rua para te encontrar, cansei de esperar que tua família permita nosso amor, cansei de esperar que por algum milagre do destino, já está bem claro que o destino nos odeia, essa noite, não agora, iremos fugir juntos agora, sei que você ainda não se lembra de mim, mas espero que um beijo meu possa lhe refrescar a memória, tudo que preciso é que você queria me beijar, e para minha sorte em todas as nossas sete vidas, meu charme nunca deixou a desejar. Me aproximo da cafeteira que marcamos de nos encontrar, com meu coração a mil por hora me sento ao seu lado

- Oi, eu fico muito feliz que tenha aceitado meu convite

- fico feliz que tenha me convidado, mas não fique muito esperançoso, é apenas um encontro, nada mais

- nada a menos, tudo bem, não tenho pressa, uma hora ou outra vai cair no meu charme

- convencido

- em particular prefiro confiante, mas sim, eu sou um pouco

Seu doce riso toma conta dos meus ouvidos, que saudades dessa sua risada meu amor. Não precisei mais de que uma hora de conversa para ganhar um beijo seu. Seus olhos se iluminam como se fosse a primeira vez.

- meu bonbozinho, é mesmo você meu amor?

- Claro que sou eu, minha uvinha. Estive te esperando por todo esse tempo.

- bonbonzinho, venha cá.

E mais um beijo, o toque suave de seus lábios nos meus. As borboletas do meu estômago que morrem há muito tempo, renascem das cinzas. E então o infeliz do destino resolveu agir só ouvi o som do tiro cortar o ar, e vi, você caída em meus braços, sem cor, sua pela antes quente como a primavera agora fria como o mais cruel inverno, um único tiro na cabeça tirou sua vida no instante em que ela de fato começou. Não tenho tempo a perda, até a próxima vida meu amor. Te deito no chão, todos a nossa volta horrorizados, um garçom vem conferir se estou ferido, o empurro, viro a esquerda, uma avenida, em pleno horário do Rush, os carros a cem por hora. Corro. Sinto o impacto e um mísero segundo depois, nada. E assim acaba mais uma vida. MALDITO SEJA O DESTINO!

porque, eu só quero saber porque eu não posso ser seu, porque o destino não deixa, PORQUE!?!?! Tantas vidas vividas pela metade, tantas vidas acabas antes mesmo de começar. Eu não entendo, não entendo porque agora eu estou sentado na última fileira, te vendo no altar com outro alguém sem ser eu. Seu rosto, o mesmo rosto da primeira vez, o mesmo rosto de todas as vezes, esboça um sorriso a primeira vista alegre, mas basta olhar com mais cuidado e verá, a dor que toma conta de teus belos olhos verdes como a mais bela folha na primeira, seu cabelo ruivo como a chama mais potente do inferno, preso em um coque, maldito coque, eu sei que você odeia prender o cabelo, ainda mais em um coque, ridículo seja esse homem infeliz que está ao seu lado.

- Se alguém é contra esse casamento fale agora ou calasse para sempre.

Encho meus pulmões de coragem e me ergo

- Eu!! Eu me oponho fortemente a essa união

- Mas quem diabos é você?!

O então noivo pergunta fervendo de raiva, o ignoro, subo no alta e tomo suas mãos, elas tremem

- Quem é você?

- Eu? Eu sou o amor da sua vida, desta é de todas as outras. Eu sou seu bonbozinho, e você é minha uvinha. Por favor uvinha, lembre-se de mim

- Você me soa tão familiar, mas ao mesmo tempo tão distante, sua história maluca me parece tão fácil de acreditar e ao mesmo tempo tão improvável

- me consede um beijo?

Silêncio. Pode me chamar de louco, talvez eu esteja louco, louco de amor, louco de loucura mesmo, não ligo, não me importo. A afirmativa vem através de uma aceno de cabeça. É tudo que preciso. O simples toque de nossos lábios me levam ao céu e ao inferno simultaneamente.

- bonbonzinho!
- uvinha, vamos fuja comigo!
- não precisa nem perguntar meu amor!

De mãos entrelaçadas fugimos pela corredor da igreja. Não preciso dizer que o destino deu um jeito em nossa felicidade. O lustre se soltou do teto e caiu sobre nós, esmagando nossos corpos. Pelo nessa vez estávamos juntos.

Mas dessa vez foi diferente, porque eu não reencarnei como em todas as outras. Não, eu acordei num espaço vazio, tudo coberto pela mais pura escuridão. Nada, silêncio absoluto, tenho medo até mesmo de respirar, isso é! Se eu ainda estivesse respirando creio. E então um vulto se aproxima, e quanto mais perto chega mais forma ganha, até se revelar uma mulher, eu já a vi antes, na minha primeira vida, uma moça com fama de bruxa.

- Você! Quem é você?
- você sabe muito bem quem eu sou, foi você que causou minha morte, infeliz! Por sua causa foi quimada na fogueira, sabe como isso dói?

Não consigo responder, minha voz presa na garganta

- tudo bem não fale, melhor para mim, como vingança condenei você e sua amada a vida eterna, e ao sofrimento eterno de nunca conseguirem ficar juntos

Ela ri, uma risada maléfica que faz meus ouvidos sangrar

- Foi você! Todo esse tempo foi você!

- Sim, fui eu. Só que do último século para cá a brincadeira perdeu a graça, por isso desta vez lhe dou uma chance de verdade, de viver na terra com amada sem a minha intervenção, será sua última vida, e a dela também

- obrigado! Muito obrigado

Me jogo ao pés da mulher a minha frente ela ri, e meu estômago revira

- com um porém, você não se lembrara dela, e nem ela de você.

Ambos reencarnam mais uma vez, no mesmo bairro, sem se lembrarem um do outro, mas de alguma forma no segundo ano do ensino médio, eles se encontram nos corredores da escola e se apaixonaram. Sem a maldição da bruxa, viveram juntos até que suas vidas chegasse ao fim, somentes nos seus 106 anos, passaram 90 anos juntos, um ano para cada vida que deixaram para trás.

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