- Vamos cara, vai ser divertido!
- Não sei, não, em...
- Não me diga que está com medinho?!
- Eu não! Você que tá.
- É você que não quer ir.
- Que inferno, eu vou!
- Aí sim!Marcos me convenceu a ir até a velha casa abandonada no fim da rua, sinto que isso não vai acabar bem. Tentei não ir, mas Marcos insistiu até o fim.
A velha casa ficava a quarenta minutos da escola, sendo a única casa ainda de pé da rua verde: uma zona vazia, tomada por plantas e animais de pequeno porte, não há moradores humanos por lá, embora boatos recentes digam que há sim um morador, Marcos diz que é besteira, e ninguém mora lá, ele tem certeza disso, tanta certeza que faz questão de ir até lá provar. E ainda me arrastou junto. Isso não é justo, ele que faz a merda, e no fim vai ser eu que vou sair sujo.Paramos enfrente à casa, um arrepio percorrer meu corpo, há uma inquietação em meu peito.
- Agora é a hora cara, vamos nessa!
- Ãhn, claroMarcos fala com coragem , se contrapondo a minha fala, que sai em tom baixo e de soar medroso. Ele abre a porta com um chute desajeitado, fica claro que machucou a perna, porém finge que nada aconteceu e entra normalmente, vou logo atrás.
A madeira está pobre, há tábuas soltas no chão, mofo domina a maior parte das paredes, Marcos passar por um cômodo depois outro, e começa a rir, em simultâneo sinto uma presença passar por mim, me viro e não há nada.- Aí cara, eu falei que não tinha nada aqui... anda deixa de ser medroso pô, vamos nos divertir!
Ele tira a mochila das costas, e dela tira duas latas de tinta em spray, joga uma em minha direção, consigo pegar de forma desajeitavel no ar. Tinta vermelha, a dele é preta, Marcos logo começar a fazer vários rabiscos nas paredes em meio ao mofo, outros no chão, agito a lata em minha mão e começo a desenhar no chão. E novamente sinto a estranha presença viro, não há nada. Marcos vê a cena e ri da minha cara.
- Qual é cara, deixa de palhaçada.
Ele vem na minha direção parando ao meu lado, analisa meu desenho, sua face demonstra confusão.
- Cara, porque diabos você desenhou um coração?
- É... porque não?
- Só você mesmo. Já sei, bora ver o andar de cima.Aceno em concordância, mas tenho certeza que isso não vai terminar bem. Marcos corre animado, ao pisar no terceiro degrau, esse se quebra fazendo Marcos cair feio, sua perna cheia de farpas, um roxo no braço, e um corte na palma da mão, de novo sinto a mesma sensação, mas não há ninguém aqui. Vou até Marcos e o ajudo a se soltar.
- Mas que droga, esse barranco tá caindo aos pedaços!
- Sim! É por isso que é uma casa abandonada!
- Eu sei, tá! Mas não achei que a estrutura tava tão fodida assim.
- Eu avisei.
- fica quieto, vamos deixar nossa marca no segundo andar e depois vamos embora, ok?
- Ok.Sussurro minha resposta, tem alguma coisa aqui, eu sei disso, mesmo antes de entrarmos, eu sabia, e não estou errado. Seguimos subindo, dessa vez com cautela, Marcos escreve um M gigantesco na parede, faço outro coração, dessa vez com as inicias G e A.
- Tá apaixonado cara? G de Gabriel, e A é de ?
- Ninguém em especial.
- Sei, Bora logo que até eu tô começando a ficar com medo.
- Por Favor.Marcos vai na frente como o de costume, descendo as escadas sem problemas, pegamos nossas mochilas que ficaram largadas no primeiro piso, tudo ocorrendo estranhamente bem, até demais. A porta emperrou, eu sabia! Sabia que ia dar merda.
- Abre essa porta logo Marcos!
- Eu tô tentando porra!
- Caralho Marcos, Eu te falei que ia da ruim, mas você nunca me ouve!
- Se não for ajudar, não atrapalha!Ele chuta a porta, e nada acontece, chuta de novo, e mais uma vez, depois se joga contra a porta repetidas vezes. Sinto o calafrio percorrer meu corpo, uma sensação que a essa altura já se tornou familiar, mas, pela primeira vez, Marcos parece sentir também, seria errado dizer que estou com ciúmes?
- Que porra foi essa? Gabriel diz que foi você cara.
- Não, não fui eu mesmoDerrepente surge uma névoa negra, Marcos solta um grito estridente, eu fico sem palavras, diante da Mulher, (isso é, se posso chamar assim) tomou forma da névoa, com pele negra brilhante, cabelos crepos prateados, olhos amarelho ouro. Em um rápido movimento avançou em Marcos e mordeu seu pescoço, Definitivamente uma vampira, foi preciso apenas alguns segundos para o corpo de Marcos cair no chão sem vida. A Vampira se virou para mim, com o vestido branco sujo de sangue, ainda quente. Ela me analisou dos pés a cabeça e sorriu, deixando suas presas a mostra. Em um instante seu corpo se encontrou o meu, mas diferente de Marcos, Eu não tive meu pescoço perfurado, em vez disso, ganhei um beijo gélido.
- Muita ousadia sua ficar me provocando desta maneira, Amanda.
- Eu sei, mas foi tão divertido, cada vez que eu passava minhas unhas em sua costas ãnh, seu rosto era impagável, querido.
- Muito bem, mas precisa mesmo fazer com o Marcos também? Pensei que fosse um lance só nosso.
- Ora, meu amor, com ciúmes de uma mera refeição? Isso não é de seu feitio.
- Está certa, me desculpe, confesso que o ciúmes foi a toa.
- Haha, tudo bem, não se preocupe com isso, eu sou toda sua, Gabi,Nos beijamos mais uma vez, e nos separamos, minha roupa suja de sangue, eu falei, sou eu que sempre me sujo.
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contos da meia noite
Short Storycada capítulo contará com um conto único! sem ligação entre eles. caso vocês gostem de um determinado conto estarei aberto a escrever parte dois.