Ouço o tic tac do relógio se repetir infinitamente, a voz irritantemente arrastada do professor, enquanto ele explica sobre algum assunto sem importância, alunos rindo e conversando sobre outros assuntos igualmente sem importância, todo esse barulho não abafam o irritante timbre da sua voz. Falando sem para com seus amigos como se fosse um monólogo, vejo seus lábios abrindo e fechando conforme fala sobre como seu dia foi chato, só consigo pensar em como quero tomar seus lábios nos meus, e mais um vez sentir meu estômago revira, meu coração pulsar. O sinal finalmente toca o professor é o primeiro a se retirar, em seguidas todos os alunos vão, menos eu e você. Me levanto e fecho a porta, tranco o trinco, sua risada invade meus ouvidos, e logo sua voz melódica se faz presente:
– se estava com tanta pressa para me ter deveria me mandar mensagem no final de semana
– Se eu o faço, é certo que me ignoraria– talvez seja verdade, mas acho que nunca vai saber se não tentar
– prefiro tentar manter o restinho de dignidade que ainda me resta
Seu riso toma conta do ambiente, você se levanta e caminha em minha direção, seu olhar afiado analisa cada célula do meu ser. Calmamente me prensa contra a parede e segura meu rosto com uma mão, minhas bochechas entres seus dedos
– querido, você tá comigo agora, não lhe resta nem um pingo de dignidade
Dito isso, sinto o toque macio de seus lábios, gosto do gloss de maracujá, meu favorito. Sinto sua mão apertar minha bunda seguido de um tapa não tão fraco, beijar esses lábios me levam ao paraíso infernal, sou despertado do transe com o som gritante de uma bola batendo contra a janela, nos separamos de imediato, seu rosto demonstra frustração
– Mas que droga
– não ligue para isso, vamos continuar
– agora não sei se estou no clima, acho que vou te deixar na mão
– isso seria de tamanha maldade, ma petite chienne
– Eu me derreto toda quando fala em francês
– Eu sei, só por isso que continuo com as aula
– não tem medo de parecer trouxa não?
– porque teria?
– não sei eu poderia, lhe zoar só por essa afirmação
– não teria coragem
– será mesmo?
– não teria coragem porque nesse jogo se joga dois
– como se você fosse jogar esse jogo
– já jogo tantos com você porque não mais um?Lhe agarro a cintura e troco nossas posições, colo nossas testas, sinto sua respiração contra meu pescoço, causa um arrepio em minha espinha. Seu rosto torna a cor de rubor tal como uma cereja
– que foi? Não me diga que... está com vergonha
– óbvio que não, está vendo coisas
– Então... eu posso continuar?
– continuar com o que?
– com o jogo é claro, mon amourSua face atinge um nível ainda maior de rubor, mas você não desvia o olhar, muito menos eu, colo o resto do meu corpo no teu, minhas mãos dançam pelo seu tronco, meus lábios bricam com teu pescoço, fazendo que você pronuncie sons de alegria, e como eles alegram meus ouvidos. Mas tudo que é bom dura pouco, o sinal toca indicando o fim do intervalo. Me afasto
– porque parou? Não disse que podia.
– não sabia que seguia suas ordens
– achei que já estava bem claro quem manda aqui
– e eu vou ser punido é?
– talvez, dependendo do meu humor.Sou puxado pelo pescoço para outro beijo, logo terá alunos querendo entrar, não posso me dá o luxo de brincar agora, me afasto de novo e seu rosto se contrai em desgosto, logo me justifico:
– quer que nós veja juntos?
– você sabe que não.
– Eu não tenho problemas com isso
– E eu sou a babaca por não querer te assumir
– Eu não disse isso
– Mas pensou
– só porque você não me diz o porquê
– Eu tenho que dizer?
– não, mas como não diz eu fico livre para pensar o que bem quiser, e minha mente sempre me leva a uma única resposta, eu sou esquisito demais para ser visto com alguém como você.
– isso não é verdade
– Então me fale, por favor mon amour
– Eu tenho medo, que se eu assumir que estou com você para todos, isso cause nosso fim, gosto do que temos do jeito que tá, não sei se vale a pena arriscar...
– Eu te amo, mas esse lance de se esconder, de não poder andar ao seu lado, ou até mesmo fazer coisas estúpidas e cliches, me incomoda entende? Eu me pergunto como seríamos se fossemos de verdade
– Eu não quero te perde
– Nem eu a vocêMe afasto e destranco a porta, bem a tempo pois assim que me sento um grupo de estudantes entra. Sinto seu olhar sobre mim, receio e medo estão presentes em sua face, me sinto culpado por questionar nossa relação nesse momento, e ao mesmo tempo aliviado, não me leve a mal, sou do tipo romântico em público, e safado em particular, embora as vezes também romântico. Adoro jogos dos mais diversos tipos, em seus diversos significados. E em particular amo jogos que possam ser jogados a vista de todos.
Fico disperso entre observar seus lindo rosto e pensar em como seríamos a vista de todos, o professor explicando alguma coisa sobre porcentagem, faz uma pergunta a turma:– quantos alunos aqui namoram?
Sem que eu perceba levanto minha mão, derrepente todos os olhares estão sobre mim, engulo em seco, que merda. Uma garota cujo o nome não me lembro pergunta:
– É sério que você tá namorando? Quem é a azarada em?Não consigo responder, eu não posso responder, ninguém fala nada, silêncio domina a sala de aula, e derrepente sua voz corta o ar como um tiro de tamanha certeza que emana de sua fala:
– Eu, A azarada sou eu, Milena.
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contos da meia noite
Proză scurtăcada capítulo contará com um conto único! sem ligação entre eles. caso vocês gostem de um determinado conto estarei aberto a escrever parte dois.