A sala de artes

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Murmúrios toma conta do ambiente, alguns identificáveis, outros não, ouço um grupo de garotos falando sobre o jogo de ontem, dois alunos trocando fofocas pela metade mas, a maioria era sobre nós, bem sobre você, e algumas suposições erradas sobre quem seria, eu. Passo pelo corredor sem ser percebido, ninguém me comprimento, na verdade nem me olham, normalmente isso seria triste, mas diante de toda algazarra, eu diria que virou até mesmo uma vantagem.

Entro na terceira sala de artes localizada no subterrâneo, está vazia, sempre está vazia, não há câmeras, e ninguém usa essa sala, é perfeita.

Se passaram quinze minutos, e você ainda não chegou, será que devo começar a me preocupar? Sei que atrasar é sim do seu feitio, não estou supreso, não mesmo, já fiquei uma hora plantado no shopping a sua espera, nada fora do normal. Mexo nas gavetas até achar papel lápis e borracha, Sento em uma mesa empoeirada, faço rabiscos na folha já amarelada, após quinze minutos, o desenho começar a ganhar forma, você é claro, está sempre na minha cabeça, no controle do meu ser. Meia hora de atraso, isso sim é fazer sua entrada se tornar especial, cada minuto que passa se tornar mais desejada. Termino o desenho, já se passaram uma hora e meia do horário combinado. Ok, isso é demais até para ti, pego meu celular e te ligo, mas não sou atendido, não tenho o número de nenhuma de suas "amigas" ligo mais duas vezes, nada, agora sim começo a me preocupar, escrevo um bilhete:se você achar isso, me ligue, sai a tua procura. Ando pelos corredores vazios da escola, na teoria devo te acha na aula de matemática. Me aproximo do vidro da janela, olho com cuidado, por sorte o professor não me ver, por azar você não está aqui. Ouço passos, o vice diretor costuma fazer rondas nesse horário, como diabos eu esqueci disso? Apresso o passo virando o corredor e entrando na primeira sala vazia que avisto, espero pacientemente até esta seguro sair, depois de cinco minutos saio e volto para sala de artes, deito no velho colchonete, penso por alguns minutos, não faço ideia de onde você está, e isso é  muito frustrante. Ouço a porta abrir e levanto em um pulo, finalmente vejo, seu rosto cheio de sardas, sua pela morena, seu cabelo ondulado e volumosos, e seus incríveis olhos castanhos. Me sinto pego em um transe.

– Onde esteve?
– Ocupada.
– Não poderia ter me avisado?
– Eu esqueci, foi mal tá.
– Eu fiquei preocupado.
– você se preocupa demais
– você que apronta de mais
– Apronto apenas quando preciso meu bem, não  há nada que você precise se preocupar
– Mesmo? Então não há nenhuma chance de você ser suspensa pela próxima semana?
– Não falemos nisso, vamos ao que interessa

Sou jogado em cima do velho colchão, você em cima de mim, seu olhar feroz com de um gato, brincando comigo, passando suas unhas afiadas no meu pescoço e derrepente, deitou ao meu lado, com meu peito de travesseiro, comecei a fazer cafuné em seus cabelos cor de cobre, você me abraça com um braço e começa a cantarolar, demoro alguns segundos para reconher a música, o sorriso no meu rosto é tão grande que chega a doer as bochechas, lhe dou um beijo na testa, e você para de cantarolar, sai do meu peito, e de imediato sinto falta do seu calor. Nos sentamos frente a frente.

– Então... temos assuntos a tratar
– definitivamente meu amor, em primeiro...
– Você ouviu isso?!
– Isso o que?

Você me olha assustada, tento escutar o que quer que seja, porém não a há nada aqui

– Tem certeza que ouviu alguma coisa?
– Tenho Gustavo, podemos ir para outro lugar, não estou com um bom pressentimento
–Claro.

Levatamos num pulo, Amélia anda em passos apressados em direção a saída, a sigo, ela tenta abrir a porta, porém aparente está trancada, mas essa porta não tem tranca.

– deve ter emperrado, me deixa tentar.

A porta de recusar a abrir, empurro s porta com meu corpo repetidas vezes,

– puta que pariu, porque essa porta não abre?!
– Não sei, é... liga para alguém vir aqui!
– certo, boa ideia, a porta só emperrou nada de mais  né?

Olho no fundos de seus olhos, pânico está mais que nítido, lembro agora da vez que mencionou, ter pavo de  ficar presa. Isso pode ser um problema.

– Ei, daqui a pouco alguém chega para abrir por fora, não se preocupa,

Lhe abraço, sinto suas lágrimas molharem meu ombro, passo minha mão pelas suas costas, dedilhando para cima para baixo. Deitamos no colchão abraçados, depois de algum tempo adormecemos, e ao acordar, a porta estava aberta, saímos sem questionar o que diabos tinha acontecido. Nunca mais voltamos a essa sala.

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