Um mar de gente a minha volta, o que devo fazer? Posso corre em meio a multidão, ou ficar parado estático, esperando que você me encontre. Não isso seria patético de mais, até para mim. Sou mais baixo que a maioria, não vejo nada além de cabeças, furo a multidão, seguindo sem rumo, apenas uma tentativa de sair daqui. 10 ou quem sabe 20 minutos depois finalmente consigo sair, continuo a ver cabeças, mas nenhuma delas é a sua. A música alta não me deixa pensar. Maldito Carnaval! Corro pelas ruas quase vazias exceto por bêbados jogados ao chão junto ao lixo, animais como ratos fazem a verdadeira festa nessa época do ano, mais adiante vejo dois gatos correndo e pulando atrás do outro, parecem alegres. Automaticamente me lembro de nós antes de tudo desandar:
– Volta aqui seu bobo
– venha me pegarO brilho das estrelas era a única fonte de luz em meio a escuridão da praia de madrugada, já devia se passar das duas da manhã, mas isso não importava, tudo que importava era nós dois na nossa bolha, um noite repleta de brincadeiras ao luar, a areia gelada entre nossos dedos, a água morna do mar sobre nossos corpos, todos os risos, todas a carícias trocadas, quero tudo denovo, te quero de novo!
Paro pra recuperar o fôlego em um bar qualquer, vazio apesar da festança ao lado
–Boa tarde, uma água por favor.
– 5 reias
– aquiO homem de aparência rabugenta me entregou uma garrafa de água de qualidade questionável, minha suspeita se confirmou ao tomar do líquido e sentir um estranho gosto não identificado. Só não cuspi pois o homem ainda me encarava, aceno em despedida não tendo resposta e sai, andando pela rua sem rumo. Em determinado momento começo a correr, minha respiração ofegante, o suor escorrendo pelo meu corpo. O sol ameaça a se pôr, lembro-me outra vez de nós dois.
Estávamos tomando banho de cachoeira, uma cachoeira um tanto quanto escondida, fora duas horas de trilha, mais uma hora desviando do caminho original para então chegar a tão esperada cachoeira, o dia estava lindo, a água cristalina, o canto dos pássaros misturados a queda da água, seus cabelos soltos brilhavam ao sol. Seu sorriso radiante, o som hipnotizante de sua risada, sua voz que se parece mais com uma partitura musical de tão bela. Subimos nas pedras, mergulhamos na água gelada, vimos uma cobra tão perto, que quase fomos picados, o susto foi grande, mas bastou alguns segundos para caímos no riso, terminando aquela tarde, no topo da racha mais alta que conseguimos subir, observando o pôr sol, trocando calor entres beijos e risos.
Cada momento nosso, quero reviver cada beijo, cada abraço, cada riso, cada Natal, ano novo, aniversários, dias dos namorados, o quero reviver nosso pedido de namoro, quero nos reviver.
Quando dou por mim, estou de volta na multidão, cercados por pessoas desconhecidas, estranhos. Normalmente só isso seria motivo suficiente para me fazer correr para casa, mas não dessa vez! Não me deixo estremecer por isso. Ao longe vejo o gigantesco carro alegórico, sigo em sua direção em passos decididos, não demoraram mais que dez minutos pra o alcançar, de fininho passo entre as pessoas, subo no carro alegórico, vou até o topo, vejo uma mulher de fantasia espalhafatosa, aparenta está bêbada, me aprovei disso e início um dialogo:
– Oi, será que eu poderia usar o microfone rapidinho?
– Oii! Olha gatinho eu ia amar deixa, só que o meu chefe me mata
– é realmente rapidinho, eu prometo, aposto que seu chefe vai nem notar
– até que faz sentido, tudo bem, pega aí, que eu vou buscar outra breja!
A mulher jogou o microfone em meu peito, causando um ruído irritante e chamando a atenção de todos, dei três passos para frente, todos os olhares estavam em mim, e no meio deles o seu;
– Olá a todos, sei que deve ser um tanto quanto inconveniente eu estar aqui e agora, acabando com toda a festa, peço desculpas desde já, tenho que falar, estou bem nevorso, mas eu vim até aqui para outra coisa, aí vou eu.
Meu olhar encontra o seu
– Eu sinto sua falta, sinto nossa falta, ontem de noite, enquanto eu cozinhava o jantar, sem me da conta fiz estrogonofe, e eu nem gosto de estrogonofe,
Como se fosse um show de comédia todos começaram a gargalhar
– Mas, é o seu prato preferido, e toda sexta feira, nos jantamos estrogonofe, mas ontem quando me sentei na mesa e levei a primeira garfada à boca, comecei a chorar, eu odeio estrogonofe, e mesmo assim eu estava comendo, assim como comi toda semana nos últimos 5 anos. Só que dessa vez, eu estava sozinho pela primeira vez. E para piorar minha situação, ainda queimei o resto do estrogonofe que estava na panela, eu consegui esquecer de desligar o fogo
Novamente todos riem inclusive meu amor
– Mas isso já era de se esperar não se cozinha com a cabeça, se cozinha com o coração, e o meu não estava lá, Você é o meu coração! Cada instante que passo longe de ti é pior que o anterior. Eu te peço, por favor, vamos conversar! Vamos nos entender. Por favor
Vejo sua mão ergida no ar com o pelegar para cima. Isso! Eu consegui!
VOCÊ ESTÁ LENDO
contos da meia noite
Short Storycada capítulo contará com um conto único! sem ligação entre eles. caso vocês gostem de um determinado conto estarei aberto a escrever parte dois.