O Beco Diagonal parecia exatamente como no seu primeiro ano, cheio de vida. Agradavelmente não tinha muitos estudantes perambulando em busca de seus materiais, o que significava para Harry menos olhares. Mesmo que nesse tempo ele não fosse O Menino-que-sobreviveu, estar ao lado de um professor de Hogwarts também atraía olhares.
Depois que Dippet os liberou para as compras, Dumbledore insistiu que quaisquer despesas que ele precisasse seriam de sua responsabilidade. O que francamente ele estava agradecido, estar no passado já lhe dava calafrios e um mal-estar devido ao medo de estragar tudo, o simples fato de pensar que teria que dar um jeito de conseguir dinheiro, que certamente teria que ser através dos Potter lhe fez ter um mini surto.
Dumbledore e Dippet acalmaram o jovem Potter, mas nada faria sua mente parar de pensar na possibilidade de estragar tudo; no entanto, ele tentou aproveitar aquela viagem. Ver o mundo mágico novamente antes de tanta morte. Por mais que tivesse um Lorde das Trevas, o terror e as mortes que vieram por causa de Voldemort não tinham comparação. Quantas mortes ainda aconteceriam se Dumbledore não tivesse concluído o ritual?
— Está tudo bem? — O timbre suave e preocupado de Dumbledore o assustou.
Harry olhou para o professor ao seu lado e sorriu ao balançar a cabeça. Ele precisava focar em sua missão neste momento, não ficar pensando em sua antiga vida. Então com todo o entusiasmo que tinha ele começou a comprar os materiais necessários, algumas roupas. Harry não queria se aproveitar de Dumbledore, mas o homem insistiu.
Quando chegou a hora de comprar a varinha, Harry ficou muito nervoso, o mero pensamento de que não teria mais a azevinho consigo era algo assustador, mas tentou se manter firme. Ollivander sempre disse que a varinha escolhe o bruxo e se azevinho não lhe fosse útil nesse seu novo estilo de vida ele teria que aprender a conviver com isso.
A loja de Ollivander continuava com o mesmo ar de sempre: cheiro de madeira e magia, com o aspecto caótico. Assim como no primeiro ano, Ollivander saiu do fundo da loja, com aqueles olhos brilhando em sabedoria que o fez instintivamente dar um passo para trás.
— Albus, não o esperava nessa época do ano. — Os olhos de Ollivander se desviaram para Harry.
O professor sorriu para o velho conhecido, que percebendo o desconforto do jovem ao seu lado depositou a mão em seu ombro com um aperto firme.
— Devido a uma situação especial, o jovem Harry aqui precisa de uma nova varinha. A sua antiga acabou sendo perdida. — Ollivander apenas cantarolou em resposta, mas com o olhar ainda fixo em Harry.
— Não sabia que os Potter tinham um parente distante — Ollivander comentou casualmente, analisando o jovem de cima a baixo.
Dumbledore tossiu um pouco em uma tentativa de risada tranquila, abanando as mãos.
— Impressão sua, Garrick. Harry não é um Potter. Talvez seja por causa dos óculos, mas se tirar ele — e pedindo licença para o jovem, ele removeu os óculos — não parece um, viu?!
Ollivander apenas cantarolou e foi para as prateleiras. Dumbledore devolveu os óculos num suspiro.
— Iremos resolver isso antes de voltar a Hogwarts. — Harry ficou muito aliviado.
Assim como no primeiro ano, as varinhas não queriam de forma alguma estar em sintonia com ele. Ollivander certamente adorou testar as varinhas, mas chegou num ponto que ele ficou olhando para Harry novamente e isso era enervante, principalmente com seu foco estava em sua cicatriz.
— Você é um jovem bem complicado — murmurou Ollivander —, mas eu gosto disso. Eu me pergunto se... hum. — E ele desapareceu novamente. Harry sentiu seu coração palpitar com a mera possibilidade de sua varinha estar lhe chamando. No momento que ele retornou e abriu a caixa, ele quase não conseguiu evitar o sorriso.
Seu azevinho estava bem ali, sua magia parecia estar cantando junto com a pena da fênix. Ele agarrou a varinha com tanta expectativa que não resistiu em soltar uma breve risada ao sentir aquele calor o envolvendo sempre que a pegava em mãos.
— Curioso. Muito curioso. — A voz de Ollivanders juntamente com a frase familiar chamou sua atenção. Engolindo grosso, Harry seguiu a conversa com a mesma fluidez de quando era mais novo.
— Por que é curioso?
Harry sentia os olhos de Dumbledore em suas costas. Ollivanders olhou para o professor e depois para o jovem.
— O núcleo dessa varinha é a pena de uma fênix — comentou. — Essa mesma fênix deu duas penas. Há poucos anos, eu vendi uma varinha que carregava a outra pena. O jovem Riddle, um menino brilhante, não é mesmo, Albus?
Dumbledore ficou ereto, olhou para Harry antes de voltar para Garrick e sorrir cordialmente.
— Tom certamente é um jovem brilhante, Garrick. Esperemos que ele prospere da mesma forma.
Harry ponderou o quanto essa frase deveria pesar no coração de Dumbledore naquele momento. Saber que mesmo Tom sendo alguém inteligente que poderia encantar todos ao redor, ele sucumbiu. Saber o que ele se tornou por ter ficado cego de tanto medo. Tudo o que poderia ter evitado. Não conseguia saber o que se passava na cabeça do seu professor, mas imaginava.
E isso o fez se questionar novamente o que ele poderia fazer.
A única coisa que Harry sabia, é que ele teria muitas dores de cabeça por causa de Riddle.
O restante do dia foi fácil e tranquilo para Harry. Dumbledore o levou a Travessa do Tranco para comprar uma poção escura para corrigir seus olhos, isso definitivamente o deixou mais aliviado. Por mais que não fosse algo de Dumbledore comprar algo escuro, ele sabia da necessidade.
Muitas dessas divisões da magia nunca fizeram sentido para Harry, mas ele sabia que muitas pessoas carregavam isso com a sua vida, estando enraizado a gerações. Ele também tinha consciência de que sua mãe usou uma arte proibida para fazer a sua proteção de sangue. E isso o deixaria extremamente grato por sua mãe ser uma pessoa de mente aberta.
Ele apenas esperava que fosse forte o suficiente como ela para ajudar Riddle.
Quando retornaram para Hogwarts, Dippet elogiou seu novo visual.
— Você não parece tanto com um Potter agora.
— Obrigado, senhor. — Harry sorriu.
Dippet acenou.
— Agora só precisamos acertar os últimos pontos da sua história e amanhã podemos fazer a sua classificação no café da manhã.
— Tudo bem.
Harry definitivamente precisa planejar um plano de ação antes da classificação.
o0~o0o~0o
Notas finais: A história de fundo de Harry sobre como chegou em Hogwarts no meio do período letivo será dito em futuros capítulos.
Tom finalmente irá aparecer. Como Harry irá reagir?
Próxima fanfic a ser atualizada: Can't Help Falling In Love [Soshiro x Narumi] - Kaiju N 08 (Postagem apenas no ao3)

VOCÊ ESTÁ LENDO
Incognita potentia
FanficCometemos erros ao longo de nossas vidas. Errar é humano, mas qual a diferença entre aqueles que não se arrependem para aqueles que carregam a culpa em seus corações por suas escolhas? Dumbledore se arrepende de muitas coisas ao longo de sua vida, m...