Corajosos e destemidos

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Harry não sabia dizer se estava suando devido ao calor que sentia com aqueles trajes ou se era devido ao nervosismo. Possivelmente o último. Ele estava em frente a porta do Salão Principal enquanto esperava o Diretor Dippet anunciar sobre a chegada dele. Dumbledore estava ao seu lado, apoiando a mão em seu ombro num gesto de conforto.

O que não ajudava em nada.

Harry não sabia em qual casa iria ser selecionado. Quer dizer, ele ainda era um grifinório? Precisa de coragem para abandonar tudo por uma pequena chance de salvar as pessoas. Ou muito estúpido. Na verdade, ele ainda não sabia se era um grifinório puro. O chapéu seletor lhe disse que teria saído melhor na Sonserina, mas existia a pequena possibilidade de ser por causa da Horcrux.

Mas na verdade, no fundo, ele sabe que as questões da casa não lhe definem. Todas as casas carregam um atributo uma da outra, apenas alguns traços de sua personalidade se sobrepõem ao ponto de lhe enviar em uma.

No entanto, dependendo da casa que Harry fosse, aproximar-se de Riddle seria outra história.

— O Senhor acha que eu irei conseguir?

A pergunta de Harry pairou no ar por um longo tempo. Ele olhou de canto para Dumbledore que parecia preso em seus pensamentos, onde por fim soltou um longo suspiro antes de olhar para ele.

— Não se trata de conseguir ou não. Por mais que você planeje o sucesso, obstáculos inesperados surgem em nosso caminho. Precisamos nos agarrar à nossa fé e manter a cabeça firme nesses momentos. Não posso dizer se você conseguirá ou não, mas posso afirmar que estarei ao seu lado em qualquer decisão que tomar. Eu tenho fé em você, Senhor Potter.

A serenidade e a firmeza com que ele disse essas palavras, foi o suficiente para que Harry relaxasse completamente. Porque Dumbledore tinha razão. Harry não voltaria para o seu tempo e não adiantaria diversos planos se algo pode acontecer e ele se desesperar. Precisava se manter firme, mas não deixar subir a sua cabeça.

Endireitando-se, Harry observou a porta se abrir e diversos olhos olhando em sua direção. Algo normal, mas ele sabia que não duraria. Ele não é uma celebridade. Sua curiosidade o faz olhar diretamente na mesa da Sonserina em busca de Riddle.

E lá estava ele. Harry não conseguia esquecer aquele rosto. A Horcrux do diário. Os cabelos escuros, levemente ondulados em um corte perfeito. Os olhos escuros e enigmáticos que carregavam uma frieza obscura, facilmente despercebida por muitos. Harry não pode deixar de se perguntar se houve algum momento na vida de Voldemort em que olhou de forma carinhosa para algo.

Talvez Nagini.

Riddle o olhou de forma breve antes de desviar o olhar, claramente desinteressado. E isso o fez segurar uma risada. Esqueça os planos. Esqueça o estresse. Harry transformaria a vida de Riddle num inferno. Ele não era um filho de um Maroto à toa. Além de conhecer diversas gemialidades Weasley's.

Harry seguiu determinado até o Chapéu Seletor. Talvez a ideia de pregar peças não fosse a melhor, mas sem dúvida era a que mais lhe deixou com menos peso no peito. Era algo inconstante. Emocionante. E com isso em mente, ele deixou o Diretor Dippet pôr o chapéu. Não importava mais a casa em que ele iria.

"Faça o seu melhor", pensou Harry.

"E eu farei, Senhor Potter". Ouvir seu sobrenome o fez segurar a respiração nervoso. "Não se preocupe, Senhor Potter. Seu segredo está seguro comigo. Vejo em sua mente seus diversos planos. O ritual. Humm... Interessante."

"Se está vendo tudo. Ainda devo ir para a Sonserina?"

A curiosidade escorria dentro de si.

"Com toda a sua experiência, eu diria que Sonserina ainda seria seu lar. Assim como a Grifinória foi. Mas admito que você, Senhor Potter, se encaixa em qualquer casa. Sua personalidade o faz se encaixar em qualquer meio. No entanto, com esse seu plano de pregar peças para o Senhor Riddle. Uma mudança de cenário seria interessante.

Harry respirou fundo, surpreso.

"Onde?"

"Lufa-Lufa é uma casa subestimada, Senhor Potter. Ninguém espera nada de um texugo, mas todos esquecem que eles devoram as cobras."

Harry não deixou de sorrir, sabendo perfeitamente que o Chapéu tinha razão. Os lufanos eram menosprezados, poucos vendo realmente o potencial da Casa.

"Então é hora de lembrar a eles!"

— LUFA-LUFA!

Por um breve momento, Harry se sentiu melancólico ao ver suas vestes terem as características de sua nova casa. Era estranho não ver o vermelho. Mas 1943 era um novo começo. O grifinório era Harry Potter. Mas Harry Evans é um orgulhoso lufano.

Seus passos eram precisos e determinados até a mesa. Os lufanos como sempre calorosos, recebendo-o com sorriso no rosto, mesmo com um nome trouxa. Foi um pouco estranho ouvir alguns nomes puros-sangues que ele conhecia na sua linha do tempo. As pequenas semelhanças com os descendentes.

O jantar seguiu tranquilamente. Perguntas básicas sobre sua vida. O motivo da transferência. Por sorte os lufanos não invadiam muito a privacidade, se mantiveram em perguntas com respostas curtas, eles eram diferentes das outras Casas que certamente iriam querer saber tudo. Seja por curiosidade ou para informações.

Ele precisaria lembrar de sua história de fundo. Evitar ser suspeito de ser viajante. Por Deus. Arregalou os olhos em desespero ao pensar na possibilidade de estragar seu disfarce por um erro bobo. Tão focado em Riddle e Harry esqueceu a coisa mais básica para sobreviver: Conhecer toda a história. Ele era horrível nas aulas de história, ele não lembrava muito sobre o que estava acontecendo nesta guerra. Não leu os jornais. Principalmente as notícias trouxas.

Ele precisava se atualizar.

Seus olhos foram subitamente para Dumbledore. Parece que o chá deles seria mais cedo do que o esperado.

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