Primeiro chá do desespero e tramas

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— Não pensei que nosso chá aconteceria logo após o banquete — Dumbledore comentou alegremente, enquanto servia o chá.

Harry não sabia que dormir nas aulas de Binns e não ler nada dos livros iria afetar algum dia em sua vida. Suas leituras eram básicas, mas ele deveria ter ouvido Hermione sobre a importância de saber sobre a história mágica.

— Nem eu — resmungou, ainda chateado por ter se enfiado nessa situação.

Dumbledore olhou para Harry e sorriu levemente ao entregar o chá em suas mãos; recebendo um breve agradecimento. Ele não conseguia deixar de ficar impressionado e ao mesmo tempo chocado sobre o jovem. Tudo o que tinha sido escrito na sua carta pelo seu eu futuro o deixou com um gosto amargo na boca.

Não era complicado saber que ele cometeria erros em sua vida. Era parte da vida humana; no entanto, ele não esperava cometer diversos erros com um único indivíduo. Erros piores do que cometia com Tom Riddle e, ainda assim, Harry Potter não o odiava como deveria.

Tão iguais, mas diferentes.

— Por que não me conta o que te incomodou? Sente-se estranho em sua nova casa?

Era uma pergunta genuína. Ele achava que Harry Potter iria permanecer na grifinória, pelo que sabia sobre ele, tinha diversos traços. Não era incomum estudantes não se sentirem bem em suas casas designadas; seja por ter discutido com o chapéu ou com os membros da casa.

Foi uma surpresa para Dumbledore ver Harry Potter indo para a Lufa-Lufa. Albus bebericou o chá enquanto esperava uma resposta, ele percebeu como a mente do jovem estava longe, certamente pensando em como lhe responder e o que quer lhe questionar. Ele estará fazendo exatamente o que seu eu do futuro disse: Escute-o, dê sugestões totalmente neutras e não se envolva em seus planos.

Então ele esperou, pelo tempo que fosse necessário. Até que Harry suspirou e olhou para si.

— A casa não é um problema na verdade. Os lufanos foram receptivos e incríveis. O Chapéu e eu decidimos que a melhor casa seria a Lufa-Lufa, afinal, eles são subestimados.

Um sorriso malicioso surgiu nos lábios do jovem, e Dumbledore só pode rir. Ele olhou curioso para o outro.

— E o que você planeja, Sr. Potter?

— Incomodá-lo ao ponto de lhe causar um aneurisma. — O olhar presunçoso de Harry foi implacável para Albus, começando a imaginar o caos que seria aquele ano e como o jovem Riddle sofreria com a sua máscara. Ele não sabia direito o que isso daria e talvez essa fosse a beleza do plano de Harry.

— Travessuras saudáveis são ótimas, apenas tente não ser pego. — Piscou um olho.

Mas Harry, ele apenas sorriu largamente e cantarolou.

— Não estou preocupado com isso. — E tomou o restante do chá antes de ficar sério. Balançou a taça de um lado para o outro, seus lábios estreitos e cenho franzido. — Sinceramente, não prestei muita atenção nas aulas de História da Magia por causa de Binns, mas também nunca tive interesse nos estudos autónomos.

— Entendo... — Dumbledore olhou brevemente para o canto da sala. — Você não está ciente sobre a guerra com Grindelwald.

— Exato — suspirou, cruzando os braços sobre o colo. — Eu sei que ele deseja quebrar o Estatuto do Sigilo e todas aquelas coisas de Lorde das Trevas em dominar os trouxas. Também sei que diferente de Voldemort ele conseguiu expandir seu domínio por outras terras. — Atraindo atenção de Dumbledore que o olhou curioso, se ele já sabia do essencial, por qual motivo estava nesse assunto. O olhar que ele lhe transmitia o fez engolir grosso; era sério e frio, mas não ao ponto de julgamento. — Por que o Senhor demorou tanto para lutar contra ele?

O silêncio se estabeleceu por longos momentos, Harry observando-o com curiosidade e Dumbledore perdido em pensamentos. Ele deveria contar a verdade? Dumbledore se culpa constantemente por não conseguir lidar com Gellert. Também sabia que muitos tinham o mesmo questionamento; desconfiavam, culpavam ele.

Dumbledore gostaria que as coisas fossem mais fáceis.

— Conheci Gellert quando mais jovem. — Desviou o olhar novamente, sentindo-se distante naquele momento. — Estava apaixonado por ele e, naquela época, tínhamos ideias parecidas. — E focou-se nos olhos verdes que transmitiam compreensão, fazendo-o sentir mais leve. — No entanto, houve uma briga entre ele, eu e meu irmão. Minha irmã morreu devido ao confronto, foi o que nos afastou totalmente ao ponto de eu me sentir culpado por minhas ações — suspirou —, mas antes disso, tínhamos feito um pacto de sangue.

Harry arregalou os olhos. Ele sabia que muitas magias de sangue eram magia negra. Assim como sua proteção de sangue. Porém, saber que seu antigo diretor fez um voto como aquele... e ainda assim... Se Harry fosse sincero consigo mesmo, era triste. Sabia que tinha mais história nisso, mas não queria pressionar.

Ele compreendeu. As coisas que fazíamos por pessoas que amamos, mesmo que envolva magia antiga. E não apenas isso, saber que Dumbledore certamente está tentando quebrar esse pacto mesmo com possíveis consequências tornava-se difícil julgá-lo.

— Eu sinto muito — disse Harry, sincero. — Fazemos de tudo quando amamos alguém, muitas vezes sem pensar em como isso afetará os outros ao nosso redor e a nós mesmos.

Dumbledore sorriu brevemente.

— Algumas decisões são tolas mesmo no calor do momento. — Ele olhou-o firme. — Mas algumas atitudes são tão nobres que tornam as possíveis consequências quase mínimas.

Harry sabia do que ele falava.

Sua viagem.

O que ainda deixava pensativo se foi a escolha correta.

— Você acha? — ele questionou, baixinho. Encolhendo-se na poltrona.

— Eu acho! — Seu tom era firme, sem espaço para discussão. — Mesmo quando tomamos decisões estúpidas que tragam consequências imprevistas, precisamos parar e focar em outras possibilidades de não apenas tentar consertar os nossos erros, mas evitar que se repitam. E ainda assim parece que conseguimos repetir — murmurou para si mesmo a última parte, e Harry ouviu mesmo assim.

— O problema é que quando não temos ninguém em quem confiar, nunca teremos uma nova perspectiva e acabamos por cometer os mesmos erros.

— Eu espero que nesse tempo, possamos ser confidentes.

Harry sorriu.

— Eu também.

Incognita potentiaOnde histórias criam vida. Descubra agora