Fique..

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Luisa entra no escritório na ponta dos pés com uma xícara de café em mãos. Ela direciona o olhar para Pinóquio que estava coberto com um pano preto e se vira para Otto que estava sentado em uma cadeira focado no notebook a sua frente.

— Trouxe um cafezinho. - Ela sussurra colocando o pires em cima da antiga mesa de Marcelo.

— Pra quê esse sussurro? - Ele sussurra de volta.

— Eu não quero acordar o. - Ela aponta para Pinóquio com o polegar. — Você sabe quem.

Otto sorri de lado com a inocência de Luísa e pega a xícara.

— Pode ficar tranquila que ele não está dormindo, só está desligado. - Ele leva a xícara até a boca.

— Ah.. era o quê todo mundo achava até ele ficar vagando pelas ruas.

— Isso eram circunstâncias diferentes! Agora só eu posso ligar e desliga-lo.

— EU entendo, agora explica o frio na barriga que eu sinto quando vejo que essa coisa está aqui em casa!  - Otto sorri e toma outro gole de café.

— Eu não sei como você consegue confiar Otto.. eu não consigo confiar nem no celular!

— Bom.. - Ele coloca a xícara sob mesa. — Falando em dificuldades com a tecnologia. - Ele se levanta. - A Sara me deu o retorno sobre os testes de segurança. - diz com um sorriso no rosto.

— E? - Ela o encara com um sorriso ladino nos lábios vermelhos.

— Poliana e eu voltamos para casa ainda hoje. - Diz animado.

O sorriso de seus lábios logo desaparecem, Luísa engole a seco.
Otto percebe a expressão cabisbaixa da mulher e dá um passo para frente

— Tá tudo bem? - Ele abaixa a cabeça para olha-la melhor

— Tá tudo ótimo! - Ela força um sorriso. — Tá tudo ótimo. - Ela se vira de costas para ele e caminha para frente. Na tentativa de conter suas lágrimas

— Sabe.. eu me sinto aliviado de voltar para casa, a sensação é que as coisas estão voltando ao normal, como sempre foi.

Luisa respira fundo enquanto passa o polegar logo abaixo de seus olhos. Enxugando qualquer vestígio de lágrima que estivesse ali.

— Luisa? - Otto coloca as mãos na cintura e curva o pescoço tentando olhar seu rosto.

— Hm? - Ela coloca uma mexa de cabelo atrás da orelha.

— Que que foi? Você está estranha..

— Não.. - Ela solta uma risada nasal. — é impressão sua..

— Não, eu sei que algo está te incomodando. - Ele dá dois passos para frente. — O quê é?

Luisa contrai o maxilar e se vira de frente para ele. Otto arqueia levemente a sombrancelha ao notar a leve vermelhidão nos olhos de Luísa. " ela estava chorando?" pensa.

— É que eu acho que eu me acostumei com você.. - Ela fecha os olhos e pressiona os lábios quando se dá conta do quê falou. — com vocês.. Eu acho que eu me acostumei com vocês. - Ela se corrige virando-se para ele.

— Pensei que nossa estadia tivesse dado mais incômodo do quê qualquer outra coisa..

— Por muitas vezes eu quis.. - Ela serra o punho. — Pegar vocês! - Ela sorri. — Mas sabe.. é..

— Eu prefiro nem saber! - Ele a interrompe.

— Não.. eu tô falando sério. - Ela sorri.  — Eu nunca imaginei que fosse me sentir assim.. - Ela o encara.

— Assim como? - Dava pra perceber a tensão que Otto estava sentindo.

— A- Acolhida.. - Ela afirma com a cabeça. O " apaixonada" estava presa em sua garganta.

Otto engole a seco e pisca algumas vezes. Ele esperava ouvir outra coisa.

— E eu acho que se a gente falasse para a Poliana ela iria amar a ideia. - Diz com um sorriso doce nos lábios.

— Luísa.. - Otto se aproxima da mulher. Suas respirações se misturavam, Luísa sente um frio na barriga quando o vê se aproximando

— Eu preciso mesmo ir.. - Luísa afirma com a cabeça, sentindo seus olhos marejarem mais uma vez.

— Você.. acompanhou tudo que a gente passou, tenho certeza você conseguem entender..

— Claro.. - Diz com uma voz embargada enquanto ajeita o cabelo. — É claro que eu entendendo... eu.. eu não sei nem onde eu estava com a cabeça pra ser tão egoísta assim.. - Ela passa por Otto, invertendo as posições que estavam.

— Não não não! Pera.. não foi isso que eu quis dizer. - Ele a encara enquanto pressiona seus lábios

— Não... você tem toda razão, nós somos uma família Otto! E eu tenho que pensar no que é melhor pra todo mundo.  - Finas lágrimas escorrem pelo rosto de Luísa.

— Luísa.. - Otto sente seu coração se apertar ao ver o estado da mulher.

— Desculpa.. Desculpa.. - Ela passa a mão pelo cabelo outra vez.. — Não quero atrapalhar vocês.. me desculpa. - Ela faz menção em sair pela porta do escritório mas Otto a impede segurando delicadamente seus ombros.

— Você não atrapalha. - Ele sussurra enquanto enxuga as lágrimas de Luísa com o polegar. — é bom saber que nossa estadia fez bem pra você mas..

— Mas vocês precisam seguir com a vida.. tá tudo bem. - Ela espreme os lábios para conter as lágrimas novamente. Ela se afasta de Otto e tenta sair pela porta novamente. Ele a puxa pela cintura com suas duas mãos, fazendo Luísa bater suas costas no peitoral do mais alto.

— Olha Luísa.. - Ele coça a nuca. — Se quiser.. você pode ir morar conosco. - Diz envergonhado.

Luisa se vira de frente para ele novamente. Ele estava com o mesmo olhar daquele dia que ele se declarou para ela. Não era preciso palavras para expressarem o quê sentiam um para o outro. Eles aprenderam a conhecer um ao outro somente com o olhar, ou por "tiques" que tinha quando ficavam nervosos. Luisa sente seu coração palpitar mais forte. Ela enlaça a cintura de Otto com seus braços e afunda sua cabeça em seu pescoço.

— Luísa..

— Otto.. - Ela libera seus lágrimas novamente. — Me desculpa por não conseguir me expressar direito. - Ela eleva sua cabeça para encara-lo.

— O quê você está falando Luisa? - Ele a encara confuso.

— Por favor.. fica.. - Sua voz sai embargada por conta do choro.

Otto abre um pouco os olhos surpreso, mas logo uma feição acolhedora surge em seu rosto, ele segura o rosto de Luísa com uma das mãos enxugando suas lágrimas e deixando um beijo quente no local. Arrepiando Luísa e a fazendo respirar fundo com o ato.

— Não quero parecer egoísta mas.. é tão difícil.. depois que o Marcelo morreu eu.. me senti tão sozinha.. aí vocês começaram a morar aqui.. comecei a me adaptar com a personalidade de cada e me apeguei com vocês. - Ela soluça enquanto fala.

— Você não é egoísta Luísa.. - Ele sorri Amigável. — Eu entendo como é se sentir sozinho. - Ele passa o polegar em suas bochechas. — Eu fico... nós ficamos.. - Ele deposita outro beijo carinhoso na bochecha de Luísa.

— Só não chore outra vez.. isso dilacera meu peito.. - Luísa sorri surpresa e volta a abraça-lo inalando seu cheiro enquanto ele acaricia o cabelo macio e sedoso de Luísa

One shots |•°luottoOnde histórias criam vida. Descubra agora