Sequestro

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Recebo a ligação de Durval me informando que Roger e Otto estão no hospital. Marcelo foi internado pois recebeu uma pancada forte na cabeça. Pego minha bolsa e entro em meu carro. Dirijo o mais rápido possível até o Hospital. Sei que isso é perigoso, mas estou muito aflita.

— Luísa! - Glória me recebe e me direciona até a recepção do hospital.

Avisto Otto falando com uma das atendentes. Sinto meu peito apertar.
Estava com a camisa amarrotada. com os cabelos bagunçados e suado. Estava com o semblante cansado e frustrado. Observo isso pelas linhas de expressão que estavam evidentes em seu rosto.

— Marcelo ainda não acordou? - Pergunta Roger preocupado. Seus olhos estavam marejados. Nunca vi o Roger se preocupar com ninguém. Então estranhei tal reação.

Otto nega com a cabeça e se aproxima de mim para se sentar em uma das cadeiras. Um extinto protetor surge em mim e eu o abraço fortemente. Enlaçando seu pescoço com meus braços. Otto parece ter ficado sem reação pois não me abraçou imediatamente. Mas logo retribuiu o abraço depois de ter processado tudo.

Me aconchego em seu pescoço e busco inspirar seu cheiro. Mas sinto apenas um cheiro forte de cigarro. Algo que me intrigou um pouco.

— Eu fiquei tão preocupada.. - Derramo minhas lágrimas ali. Abafando meu choro em seu pescoço

— Está tudo bem agora.. - Ele acaricia meu cabelo. Ao sentir seu toque meu corpo todo relaxa. E fico mais calma.

Me afasto um pouco dele para olha-lo nos olhos. Seu belo olhar azul estava abatido e sem brilho. Além de marcas vermelhas e inchadas logo abaixo de seu olho. Ele estava chorando? Penso eu.

— Fizeram alguma coisa com você e Marcelo? - Digo verificado seu rosto que estava sujo e com alguns arranhões. Alguns cortes profundos que me preocupou bastante.

— Eu estou bem.. - Ele passa a mão na nuca. Estava mentindo! Convivi muito tempo com esse homem. Sei lê-lo como ninguém.

— Marcelo foi lutar com Waldisney e Violeta o acertou com um notebook bem na nuca. - Ele suspira. — Eu não pude fazer nada..

— Ei.. - Seguro seu rosto com minhas mãos e acaricio suas bochechas que estavam com pequenos arranhões. — Você estava amarrado. Não tinha o quê fazer. - sorrio ao ver a expressão de Otto se suavizar. — Você tentou! É isso que importa.

Ele sorri agradecido. No sentamos na cadeira lado a lado. Ele serra seus punhos contendo a raiva que estava sentindo. Muito provavelmente por quê Roger estava ali.

Observo atentamente o seu corpo e noto seu pulso cortado com uma marca de corda. Provavelmente tentou se soltar a força quando viu Marcelo caído no chão.

Muitas coisas estão se passando na minha cabeça. Parecia que estava mais preocupada com o homem ao meu lado do quê meu próprio marido que estava em uma cama de hospital. Isso seria errado? Penso.

Logo um médico veio avisar que Marcelo tinha acordado. Rapidamente eu me ofereço para visita-lo e vou até lá.

Vê-lo naquele estado cortou meu coração. Marcelo é um homem forte. Ele vai conseguir sair dessa! Tento ter pensamentos positivos. Por quê a situação que estamos é totalmente negativa.

                              (....)

Após muita insistência de Poliana resolvi descansar. Otto me pediu  para descasar em sua casa. Aceito pois isso é o melhor para nós. Além de sua casa ser mais segura fico com Poliana, com Glória e... com ele.

Tomo um banho e visto uma roupa de Poliana. Caminho até a sala enquanto enxugo meu cabelo e avisto Otto sentado no sofá. Com certeza foi um choque para ele.
Me aproximo e noto varias queimaduras em seu pescoço. É isso..
Aquele cheiro de cigarro não foi atoa.
Esses Desgraçados...

— Luísa? - Otto me avista e arruma a gola de sua camisa para esconder as queimaduras.

— Nem pense nisso! - enrolo a toalha em meu cabelo e sento ao seu lado. — Me deixe ver isso. - me aproximo e abaixo a gola de sua camisa. Mas ele põe a mão em cima.

— Não precisa se preocupar Luisa..

— Otto.. - Lágrimas escorrem do meu rosto. — O quê eles fizeram com você? - Otto se mexe no sofá aparentemente desconfortável.

— Guarde essas lágrimas para quem realmente importa Luísa. - estava se referindo a Marcelo? Como esse homem é bobo!

— Você também importa Otto!

Otto me encara confuso. Vejo uma leve vermelhidão em suas bochechas.
Ele espreme os lábios e retorna o olhar para o chão.

— Não fizeram nada comigo. Mas com o Marcelo sim. - Ele brinca com o nó dos próprios dedos.

— Marcelo está sendo cuidado por profissionais da saúde. Você não! - Meu cenho de franze .

— Apenas alguns arranhões. Nada demais...

— Seu pescoço está queimado por marcas de cigarro. Não é? - Otto me olha surpreso.

— Quando te abracei senti o cheiro de cigarro. Otto.. o quê mais eles fizeram com você?

— Algumas ameaças. Nada demais. - Direciono meu olhar para seu pulso que estava enfaixado por conta dos cortes da corda.  — Mas eu prometo que nada irá acontecer nem com você e nem com Poliana.

— Nem com você! - Acaricio seu ombro. Sinto seu corpo enrijecer com meu toque.

— uhum.. - Ele me olha atordoado. Sinto sua respiração acelerar. — Sinta-se em casa. - Ele sorri. — Eu.. preciso resolver umas coisas no laboratório. Com licença. - Ele se levanta eu o observo se afastar. Percebo que está mancando. O quê esses desgraçados fizeram com eles? Penso eu enquanto tento conter minha raiva.

Logo poliana chega e passo a maior parte da noite com ela. Só vi Otto quando estava me retirando para dormir. Sua expressão cabisbaixa dilacerava meu peito.

One shots |•°luottoOnde histórias criam vida. Descubra agora