A ceia foi servida, as crianças logo se encarregaram de encher seus pratos das variações de comida, exceto o arroz com passas que Cláudia fez.
— Está tudo muito bom! - João lambe os lábios tirando o excesso do molho ácido da salada.
— Muito gostoso! - Poliana sorri enquanto bebe um gole de refrigerante.
— Esplendoroso! - Luigi dá uma mordida na coxa de Peru.
— Já entendemos! - Cláudia os repreende. — Mas não comeram meu arroz com passas.. - Diz em um tom melancólico.
— Apá.. - Durval acaricia a mão da esposa. — Que não seja por isso! - Durval coloca um pouco do arroz em seu prato, pega um pouco com o garfo e leva até a boca.
— E então? - Cláudia aguardava ansiosamente pela aprovação.. ou condenação.
— Está.. está.. - Durval força um sorriso, mas logo acaba seu teatro quando começa a tossir e levar a mão até a garganta.
— ÁGUA! RÁPIDO ELE ESTÁ SE ENGASGANDO! - Joana enche um copo de água e entrega a Durval.
Completamente atordoado ele derruba a taça de vinho acidentalmente, a maioria do líquido mancha a calça branca que Otto estava usando.
— Otto! - Cláudia leva as mãos até a boca.
— Pai? O senhor está bem? - Poliana levanta da cadeira com tudo.
— Está sim. - ele se levanta e olha para o vinho que escorria por sua coxa. — Continuem a ceia, eu.. tentarei limpar isso.
Ele então sai até a lavanderia na esperança que aquela mancha sumisse milagrosamente, já que Sara não era programada pra esse tipo de tarefa doméstica.
— Alguém vai lá ajudar ele, gente! - Cláudia dá um tapa forte nas costas de Durval, fazendo o português desengasgar.
— Fique aí com o Durval que eu fico com as crianças, lu, vai lá!
— EU? - ela arregala os olhos. — Por quê eu?
— Por quê.. - Ela leva as mãos até o queixo pensativa. — Você é acostumada com isso, sua roupa deve sujar quando está pintando, não? - Luísa assente com a cabeça.
— Tudo bem.. - Ela suspira. — Olha a situação que vocês me metem. — Resmunga enquanto caminha até a lavanderia.
— Otto? - Ela o encontra sentado na cadeira enquanto limpava a mancha com um pano qualquer. — Desse jeito não irá sair tão rápido.
— Ah claro... - Ele entrega o pano para Luísa. — Faça você mesma então. — ele estende o pano em sua direção.
— O quê?
— É o preço por me assediar há algumas horas atrás.
Luisa arregala os olhos e cobre o rosto corado com suas mãos.
— Você fala muitas besteiras. - Murmura.
— Estou brincando! - Ele sorri e volta a passar o pano em sua calça.
— Me dê isso! - Ela tira o pano de suas mãos e arrasta uma cadeira para ficar de frente a ele. — Essa demora toda já estava me deixando irritada.
— Acho incrível a gentileza que você me trata. - Luísa revira os olhos e ele apenas gargalha.
— Manchas de vinho não saem tão facilmente. — Ela deslisa o pano por suas coxas chegando próximo a virilha. — Ainda mais em calças brancas. — Luísa ergue o olhar e encara Otto que a encarava indiscretamente como sempre fazia.