Luísa organiza uma ruma de papéis com uma cara de poucos amigos, os arruma e entrega para Otto que os coloca em envelope.
— Bom.. é isso. - Diz meio sem graça. — Em breve você receberá tudo que é seu por direito..
— Uhum.. - Ela cruza os braços com uma expressão irônica tentando segurar suas lágrimas.
— Posso saber.. por quê está me tratando assim? - Suas sombrancelha se franzem quando ela o encara com os olhos marejados.
— Você ainda pergunta? - Ela sorri com escárnio. — Eu precisava de você, e não estava lá!
— Luísa.. acontece que..
— O quê foi? Você não programou a sua inseparável robozinha para um evento tão importante?
— Luísa..
— Você não queria que ela te lembrasse. - Ela nega com a cabeça. — Você tem tanto medo de relembrar o passado e tenta fugir dele que você passa a ser mal educado. - Ela morde os lábios tentando não derramar lágrimas, mas é em vão. — Como você consegue ser tão frio e insensível? Como pôde fazer isso?
— Luísa. - A mulher arregala os olhos ao ver os olhos bicolores de Otto vermelhos e marejados. — Eu não fui não por quê.. eu não queria relembrar o passado..
— Então não foi por quê? - Otto respira fundo e volta a fitar Luísa.
— Eu fracassei Luísa.. - Lágrimas escorrem por sua bochecha. — Eu.. não consegui proteger a minha familia, mais um vez. - ela sente seu peito se apertar ao o ver assim.
— Otto... eu não..
— Não precisar dizer nada Luísa. - Ele enxuga as lágrimas. — Agora sei o quê você pensa de mim.. eu realmente lamento por não conseguir expressar minhas emoções.. - Ele suspira. — Me desculpe. - Ele caminha até a porta.
— Otto.. espera! - Ele para aonde estava, mas não se virou de frente a ela. Otto segura firmemente a porta e apoia sua cabeça nela.
— Pare Luísa.. por favor. - Sua voz embargada fazem os olhos de Luísa marejarem. — Faz tempo que eu observo e.. eu acho melhor nós nos afastarmos. Sempre que estamos no mesmo ambiente nós brigamos, então eu acho melhor nós nos distanciarmos. - Luísa arregala os olhos. Ela espreme os lábios quando suas lágrimas pesadas escorrem por suas bochechas.
— Claro que eu nunca vou deixar de me certificar da sua segurança, ou o seu bem estar, acho que impor essa barreira entre nós será o melhor para nós dois.. e pra Poliana também. - Ele engole a seco tudo que acaba de falar, seus olhos brilhavam de tristeza, ele segura a maçaneta da porta com força. Otto espera Luísa falar alguma coisa, mas nem sequer um mexer de lábios ela esboça.
— Boa tarde Luísa. - Otto vira-se de costas e está preparado para passar pela porta quando é surpreendido por seu nome ser gritado.
— OTTO! - Ela caminha até ele, o empurra para dentro de casa e fecha a porta, tirando qualquer possibilidade daquele homem sair dali sem sua permissão. — Por quê está fazendo isso? - Ela enxuga suas lágrimas. — Você sempre se preocupou comigo, me protegeu de todos o ataques da Tânia, conviveu na mesma casa que eu e fez com quê eu aflorasse sentimentos por você pra sair pela porta da casa aonde você conviveu dois meses comigo?
Otto estava perplexo, ele espreme os olhos tentando decifrar se era uma ironia ou não, mas pelo o olhar de Luísa dava-se de notar, ela realmente o amava, mas estava com medo de se declarar. Ele soube. Soube por quê sentia o mesmo, medo. Mais acima de tudo ele a amava intensamente.
— Acha mesmo que vai ser o melhor pra todos? Por quê pra mim não irá ser. Será torturante ver você TODOS OS DIAS e não falar contigo ou.. - Ela balança a cabeça. — Otto... Me perdoe pelo o quê lhe falei.. eu realmente não penso isso de você. - Ela cerra os dentes tentando conter suas lágrimas. — Você é um dos homens mais doces que eu conheço, só foi machucado.. me desculpa. - Ela põe as mãos em seu rosto. — Você colocou nossa segurança acima de tudo, até de você mesmo..- Diz entre soluços. — Porra Otto.. eu te amo. - Luísa se senta em uma das poltronas e revela seu rosto rosado ainda coberto por lágrimas. — E nossa brigas? Boa parte delas foi eu que comecei. - Ela ri sem graça. — Por quê não queria desenterrar os sentimentos que eu sempre escondi por você. — Ela suspira. — Eu fui muito covarde, me desculpa..
Otto engole a seco tudo que ela lhe disse, mas logo semi cerra seus olhos acompanhado de um sorriso minimalista no rosto, se agacha até a altura de Luísa, pegando em sua mão e beijando seu dorso com carinho.
Essa foi uma das raras vezes que ele ficou sem palavras, não soube construir palavras pra responder o que ela lhe disse. Então preferiu demonstrar apenas com gestos, assim como Luísa fazia com ele.
Otto ergue o rosto de Luísa e enxuga suas lágrimas com o polegar, deixando um beijo carinhoso por onde elas pararam, ele se afasta alguns centímetros para encara-la e pôde ver o deslumbre de tristeza que seus olhos esboçam. Ele a envolve em seus braços ainda ajoelhado diante dela, ele transmite a paz e segurança que ela tanto precisava naquela circunstância, apenas um abraço ou um simples toque de mãos ela sentia-se segura, segura por ele estar ali. A disposição de ama-la e protege-la. Mas ela fechava os olhos para isso e preferia ignorar, até que chegou um tempo que ela não conseguia mais. Ele invadiu seus sonhos, seus pensamentos e consequentemente seu coração. E lá estava ela, abrindo o seu para ele depois de tanto tempo achando que o odiava.
— Eu te amo Luísa. - Ele sussurra no ouvido dela, ela aperta suas costas e acomoda seu rosto no pescoço dele.
— Por favor.. - Diz em um tom choroso. — Não se afaste de mim. - Foi uma súplica.
— Não irei fazer isso. - Ele acaricia seus cabelos.
Ela se desvelhencia de seus braços e segura o rosto do homem a sua frente, fazendo uma leve carícia nas bochechas dele com o polegar.
— Eu te amo muito. - Ela franze as sobrancelhas liberando novamente suas lágrimas. Otto sorri em resposta envolve a cintura dela com uma de suas mãos. Luísa enfim sela seus lábios em um beijo calmo e repleto de saudades, as lágrimas que escorriam por seus lábios se misturavam com os dele, ela inclina o corpo para trás, encostando sua cabeça na almofada da poltrona enquanto suas pernas envolviam o quadril dele, que permanecia ajoelhado, eles finalizam o beijo com um selinho carinhoso, ele volta a envolve-la em seus braços, e lá eles ficaram por um bom tempo. Carícias, trocas de palavras afetuosas e alguns beijos roubados foram trocados naquele sofá branco, que têm muitas histórias para contar. Mas isso fica para outro capítulo, claro! Se vocês quiserem.
Obrigada por ler!