capítulo três

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Quando Pete saiu do hospital, continuou escutando sua mãe falar um monte, não em sentido ruim, era apenas uma leve bronca misturado com fofoca? Sua mãe não sabia finalizar um assunto, então sempre estava colocando outros assuntos no meio, pensando bem, nem estava prestando atenção mesmo parecia um mosquito falando em seu ouvido. O garoto tentou dormir enquanto estavam indo para casa, até sentir um tapa em sua perna.

— Ai, ui mãe! Agressora, vou te denunciar pra lei maria da penha! Doeu.

— Me denuncie que eu te pego e faço você ir voando pro Brasil! Escutou minha ideia?

— Ai não, não escutei, qual a ideia?

— Bem, estava pensando em chamar a família Theerapanyakul para um... — Pete gritou, gritou tão alto que caso o vidro fosse fácil de quebrar, teria quebrado. — Pete! Qual o seu problema? Toda vez que falamos dos Theerapanyakuls você grita ou faz escândalo!

— Está apaixonado em Vegas filhão? — Foi a vez do pai de enfiar na conversa.

— O quê? Não! Não, nem louco me apaixonaria por aquele maníaco de limpeza, vive zoando pela escola, parece um palhaço com aquela calça larga, nem sabe secar os cabelos, sai todo final de semana e não sabe ser reservado em momento algum, além de... — Pete nem percebeu quando o carro parou, mas assim que olhou para frente pode notar o olhar de seus pais com dúvida. — Digo, não! Apenas.

— Bom, sendo assim, vamos ver isso em casa. Meu bem, você soube que a senhora Theerapanyakul está adotando um adolescente?

— Oh que maravilha! Espero que dê tudo certo com eles, Vegas deve estar feliz, sempre foi filho único e sempre foi tão quieto, talvez outra criança ajude ele nessa questão!

                                             ~

— Iremos buscar Macau no final de semana, estou tão feliz que conseguimos depois de anos tentando!

— Tenho uma esposa maravilhosa e logo teremos um filho maravilhoso. Não tenho palavras para minha felicidade.

Vegas escutava aquilo com um suspiro e lágrimas nos olhos, nunca pensou em ser o irmão mais velho, não sabe lidar nem com si mesmo, imagina outro adolescente dentro de casa. Aquilo seria uma tremenda bagunça, teriam que fazer tudo igual? Usar as mesmas roupas, fazer as mesmas comidas, saírem juntos para todo canto, estudar juntos, assistir juntos, calma, teria que dividir suas cuecas?

— Vegas! Se arrume-se para jantarmos na casa dos Saengtham!

                                         ~

Já na casa de Pete, Vegas estava do lado do garoto "ajudando" ele a preparar a sobremesa, mas na realidade estava sendo um tremendo desastre.

— Vegas, se você não for ajudar, cala a boca!

— Eu nem queria estar aqui.

— Então vai embora, não vai fazer falta mesmo.

— A donzela está bravinha?

— Vá pro inferno, idiota de merda do caralho.

— Eu vou, mas te levo junto, ou melhor, ops, você já está destinado a ir pro inferno, não acha?

— Agora deu com esse papinho de homofobia, Vegas? Você é tão baixo quanto seus amigos.

— Estou sendo realista, a verdade é uma só, mas as bananas são várias.

Pete largou tudo que estava fazendo e se segurando com as lágrimas, não era a primeira vez, mas era a primeira vez que Vegas fazia isso — Sabe Vegas, você é ridículo, eu te odeio e sempre vou te odiar, fale o quanto quiser, ao menos eu não escondo quem eu sou e tenho muito orgulho de quem eu sou, eu me amo, amo ser gay e amo homens. Um papinho homofóbico não vai me fazer mudar, escute bem Vegas. — Puxou a gola do garoto para perto — Eu lutei muito pra ser livre nessa merda de mundo, ainda estou lutando e continuarei lutando, todos os dias sem pausa. Enquanto você, vai se remoer de raiva porquê nunca vai conseguir alguma coisa que quer, aprenda o seu lugar. Você não passa de um garoto egocêntrico, idiota, patético e sem noção, toda essa homofobia no final Vegas, irá te matar da pior forma, pode apostar.

Soltou o mesmo e logo foi pegar a travessa de doce levando a mesma para a sala de jantar, enquanto Vegas, continuou parado sem reação, claro que ele poderia debater ou bater no mesmo, mas não fez nada, não conseguiu fazer nada, apenas travou seu maxilar tentando engolir as palavras.

Irá te matar da pior forma.

Matar.

Pior forma.

O jantar ocorreu bem, cheio de risadas, conversas e até mesmo algumas fofocas, porém a mente de Vegas estava perturbada após tudo que Pete falou, claramente o garoto estava errada, qual forma a homossexualidade poderia me matar? Isso é impossível. Vegas era hétero, totalmente hétero, confessa que já ficou com alguns meninos, mas foi somente apostas e brincadeiras nada sério em si, isso poderia ser patético, ele já era um adolescente muito bem treinado e ciente de suas escolhas não existe essa "acho que sou gay", Vegas era hétero e ponto final! Sem pensamentos radicais ou coisas do tipo

                                       ~

— Calma, ele realmente disse isso? — Porsche perguntou durante uma chamada que estava tendo com Pete, enquanto o garoto arrumava o quarto.

— Sim! Céus, estamos mesmo no século 21? Algumas pessoas parecem ter parado no século 18...

— Você não ficou chateado né? Sempre escuta comentários assim, espero que você não tenha abaixado a cabeça, caso contrário, você não é o Pete que eu conheço.

— Não digo que fiquei chateado, mas fiquei surpreso — Fechou o guarda-roupa e se sentou na cama — Tipo, Vegas me falando isso? Desde quando ele é assim? Sempre recebi comentários assim de Time, mas nunca de Vegas sabe? Por isso fiquei levemente surpreso, nem meus pais quando eu me assumi me falaram isso sabe? Isso que eu me assumi cedo Porsche! Me assumi com 10 anos, pra muitas pessoas eu estaria apenas confuso, mas meus pais me entenderam, já Vegas ele...

— Pete. — Cortou o amigo. — Porquê está esperando algum tipo de aprovação de Vegas? Ele nem se quer gosta de você e bem, você está ciente disso, não?

— Sei, gostaria de saber o motivo desse ódio todo.

— Escute bem, recebi algumas fofocas...

— Khun?

— Shiii, fique quieto! Lembre-se, aonde a pica entra ela fica, certo? — Escutou Pete bufando de vergonha. — Virjola dos inferno. Bom, um passarinho me contou de uma vez que Vegas ficou levemente bêbado e começou a falar sobre você, não em um sentido bom, mas extremamente ruim. Algo interessante que ele falou foi sobre um brinquedo que era um robô, você sabe que a mãe de Vegas nunca deixou ele ter brinquedos por causa dos estudos né? Aparentemente Vegas pegou e guardou, mas no final sua mãe descobriu e acabou brigando de forma agressiva com o garoto.

— Céus... Porsche eu... hmm, você acha que isso seria o motivo de tudo?

— Talvez. Mas não fique triste, Vegas meio que é o reflexo dos pais, uma hora outra ele irá crescer e vai entender o certo e o errado, mesmo que demore muito, ele vai entender um dia.

— Hmm... compreendo.

— Pete...

— Estou aqui?

— Nunca deixe de ser você mesmo, certo? Você é incrível, sendo gay, hétero ou algo assim, continue sendo essa pessoa doce, mas não abaixe a cabeça para ninguém, ok?

— Eu te amo muito, besta.

— Também te amo virjola, bem, agora tenho que ir, já está tarde e amanhã tenho curso, recomendo que faça o mesmo, boa noite!

— Noite boa!

Se perdeu nas palavras e logo desligou o celular dando uma risadinha envergonhado, mesmo que estivesse com raiva de Porsche viver chamando o mesmo de virgem, ainda sim, o garoto era um bom amigo, ou melhor, o único amigo de Pete. Naquele dia, o garoto foi dormir com uma paz e um peso no coração, sem entender o real motivo desse sentimento, mas decidiu deixar de lado para não atrapalhar sua incrível noite de sono.

My best enemy - vegaspeteOnde histórias criam vida. Descubra agora