Spaces | Lucas Paquetá

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Loren Monteiro

Vinte minutos, mil e duzentos segundos contados de relógio. Esse foi o tempo que durou a minha paz até do nada Lucas acordar praticamente chorando de tanta dor e me deixar completamente desesperada.

__ Amor, eu não to aguentando, me ajuda... __ Caos! Foi tudo o que eu consegui pensar naquela hora. __ Loren, minha perna... Porra! Tá doendo muito!.

__ Respira fundo, o remédio deve estar passando o efeito, já vai passar amor. Fica calmo... __ Foram as únicas coisas que eu conseguia dizer naquele momento enquanto apertava insistentemente o botão de emergência antes indicado pela enfermeira.

Lucas se remexia agoniado na cama e eu tentava a todo custo acalmá-lo antes que ele se machucasse mais naquele estado. Repetindo o tempo todo que estava tudo bem e que logo passaria, palavras que eram pra acalmar mais a mim do que realmente a ele.

Os enfermeiros não levaram nem trinta segundos para adentrar rapidamente o quarto, mas na minha percepção dentro do horror que eu estava visualizando, foram o mesmo que horas longas e tortuosas

Eles pediram que eu me afastasse um pouco para que tivessem espaço o suficiente pra executar as manobras indicadas. Vi que aumentaram a analgesia e inseriram uma seringa de 10mL com um líquido branco dentro, o que eu acredito que fosse um calmante, direto no acesso venoso de Lucas.

__ Chame o Dr. Louis... __ Foi tudo o que consegui entender na minha percepção quase nula da língua francesa em meio aquele o caos, mas o suficiente pra ativar um gatilho de pavor em mim.

O enfermeiro saiu e instantes depois voltou acompanhando do tal médico que era o mesmo que tinha vindo falar comigo mais cedo sobre Lucas.

Ele em um movimento rápido apalpou a perna enfaixada do jogador, fazendo com que o mesmo desse um grito estridente de dor aguda e carregando um semblante em pura agonia.

__ Mandem preparar o centro cirúrgico, estamos descendo com uma emergência. Mandem preparar os materiais, pode ser que estejamos com um caso de amputação...

Dali em diante eu não ouvi mais nada, pois minha atenção focou em olhos castanhos arregalados e um corpo totalmente tencionado sobre a maca do hospital.

Lucas estava aterrorizado com a possibilidade e vi seus olhos encherem d'água enquanto o mesmo negava com a cabeça aquela afirmação. De todas as coisas que eu ja te pedi, Deus, de todas elas, essa não. Não negue essa, por favor.

Lágrimas queriam escapar, mas eu não podia me dar o luxo de derrubá-las, não agora, não assim. Respirei o mais fundo que consegui, a ponto de sentir um leve incômodo nas costelas pela pressão e caminhei rápido até lateral da maca na qual eu me encontrava deitada há minutos atrás.

__ Meu bem... __ Ele me olhou como se pudesse ler cada canto meu e eu precisei me blindar mais uma vez, como costumava fazer com a minha mãe. __ Eu estou aqui, todos estamos e estaremos aqui até o final com você. Independente do que aconteça lá dentro daquele centro cirúrgico, eu quero que se lembre disso, que estaremos aqui. Que eu estou aqui e que daremos um jeito e ficaremos bem no final de tudo.

__ Loren, minha perna... C-como eu vou jogar sem a perna? __ E meu coração errou a batida quando ele deixou lágrimas grossas e dolorosas escaparem pela pele pálida. __ O que eu faço com o meu sonho?

__ Você ora e acredita que vai dar tudo certo. Tudo tem um propósito, lembra? O que tiver de ser, será... E nós enfrentaremos juntos o que vier.

__ Precisamos levá-lo, senhora...

__ Loren, não deixa eles tirarem minha perna.

__ Eu te amo, vai ficar tudo bem... __ Foi tudo o que consegui dizer antes que passassem com ele corredor a fora e eu não visse mais.