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Lucas Paquetá

__ O que foi mãe?

__ Nada... __ A voz da mais velha falha outra vez denunciando seu riso preso.

__ Por que está segurando o riso? Viu algo engraçado?

__ Fora seu papel de palhaço? Nada demais não, só a Loren arregaçando com a tua vida.

A loira não fazia questão de esconder seu contentamento nem seu olhar de "orgulho" pela situação presenciada há alguns minutos dentro do quarto.

__ Ela surtou, a garota não fez nada além de ser simpática e empática comigo, desde o primeiro minuto que acordei no CTI. __ Respondi e a mesma me olhou com certa incredulidade.

Minha mãe me encarou por um tempo, como se ponderasse o que iria falar apartir daquele momento e por fim respirou fundo, e se levantando veio até minha cama e se sentou ao meu lado.

__ Filho, quem está falando com você agora não sou eu, sua mãe... Sou eu uma mulher e uma profissional da mesma área da Sophie. __ Diz se ajeitando de maneira que pudéssemos nos olhar. __ Nós sabemos quando outra está interessada, a forma de agir é quase padrão, nós não sabemos disfarçar, o jeito que ela te olha, a forma como ele te trata... Não é impessoal. Nós não temos esse tipo de tratativas com homens desconhecidos e muito menos com pacientes, meu filho. Ela cuidar de você no primeiro dia de CTI é normal, ela vir tomar plantão só no seu quarto ou só com você, isso não é nem se quer ético.

__ Mãe... Eu entendo essas falas, mas justifica Loren agir daquela forma todo santo dia e virar a cara pra menina, responder com ignorância?

__ Justifica Lucas, ela só devolveu o que a garota fez com ela. Sophie sabe que você namora e desrespeita à ela e a você quando chega aqui e vai até você e te cumprimenta com beijo no rosto, quando acaricia seu braço depois da troca de acessos e sem contar que ela revira a cara para Loren também.

__ Eu não vi ela revirar a cara pra Lolo. __ Digo surpreso.

__ Claro que não viu, estava ocupado demais brigando com a Loren por ter feito o mesmo.

Eu não interpretei os atos de Sophie como maldosos, porque eu não vejo maldade nela, não me interesso por ninguém além da minha pretinha, então na minha cabeça não fazia sentido a mulher agir de forma diferente comigo.

Acho que talvez o fato de ela vir sempre aqui e estar sempre por perto, somado ao fato de eu quase não olhar pra ninguém por estar há tanto tempo aqui dentro preso, me fez enxergá-la como uma amiga e não estranhar o seu agir e o seu tratar pra comigo.

__ Entendo. Mas não justifica ela sair daqui daquela forma também...

__ Eu adorei a resposta que ela te deu, por muito menos eu já falei coisas bem piores pro seu pai. __ Fez careta e eu ri. __ Lucas, para por alguns segundos e visualiza a seguinte cena... Loren ficou doente, e todas as vezes que você chega pra vê-la no hospital tem um médico bonitão, alto, moreno, forte, olhos claros, tatuado, um homem de presença mesmo acariciando ela? Sempre arrumando alguma desculpa pra tocá-la, pra encostar nela, dizendo o quanto ela é incrível, rindo pra ela o tempo todo... Pensou?

__ Sim... __ Respondo com uma certa careta por ela ter descrito bem o estereótipo de homens que a Loren dizia se atrair. Como ela sabe?

__ Gostou do que visualizou? __ Balancei a cabeça em negação __ Agora, piooor, imagine você vendo o cara assim e ela por sua vez, rendendo e deixando o cara fazer, dando abertura e aparentando até gostar do contato próximo MESMO você dizendo que não acha certo e que estava te incomodando? Como você ia reagir? Como sua mãe e pessoa que te pariu, eu respondo, você teria dado no cara no primeiro dia de estresse alto...

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⏰ Última atualização: Aug 18 ⏰

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