“E um gesto pode nos trazer alegria em tempos difíceis...”
Meredith
— Vim perguntar se precisa de algo.
Tomei coragem e fui ao seu ambiente de trabalho. Ultimamente estou ignorando muitas das regras impostas por ela. Uma a mais ou uma menos não terá problema.
Eu acho…
— Estou bem.
— Posso te fazer companhia?
Claro que eu estava esperando um não, principalmente depois de tudo o que houve, mas a resposta veio rápida, e de uma maneira que não previ.
— Se é o que deseja, sim.
— Sim. De novo. — falou com sarcasmo.
— É pedir muito para falar “sim” novamente? — me segurei para não rir.
— Não vou responder isso. — voltou suas atenções ao trabalho que executava em sua enorme mesa.
Fui para mais perto, e pude visualizar o que ela fazia. Não levei muitos segundos para identificar que ela estava mexendo no projeto da mansão de James Sullivan.
Fiquei calada por um tempo, somente analisei o que estava no papel, bem como as suas anotações.
— Bem pensado colocar o jardim aí. Acho que ficará com mais espaço se a piscina vir pra cá. — apontei o dedo. — Agora me diz: e se o portão ficasse um pouco menor e aproveitasse melhor esse espaço? — novamente indiquei o lugar, e Addison me olhou confusa. — Já sei… isso não é da minha conta.
Addison virou sua cadeira em minha direção e cruzou os braços. Eu levaria uma tremenda bronca. Normal…
— Como sabe o que minhas anotações significam?
Essa pergunta eu não esperava.
— Bem, eu só sei.
— Só sabe?
— É. Acompanho alguns arquitetos no país, vejo vídeos, essas coisas. Gravo dicas facilmente, vejo o posicionamento de cada traço e as explicações para tal, sei alguns significados, enfim, não tenho curso nem nada, mas só “batendo o olho” consigo identificar algumas anotações.
Fui analisada por alguns segundos, e Addison parecia surpresa, até mesmo um pouco feliz com o que foi dito.
— Que tal aprender mais e me ajudar no projeto?
Foi errado, mas gargalhei quando ela terminou a frase. A piada foi ótima.
— Posso saber qual o motivo da graça? — questionou com certa impaciência em seu timbre.
— Isso não se faz. — caminhei na direção da porta. — Ainda mais com uma pessoa que sonha em ser uma arquiteta.
— Não entendi.
— Ah, entendeu sim. Qual a lógica em me chamar para te ajudar em um projeto de uma mansão? Uma mansão. — repeti.
— Quero ver se leva jeito.
— Não sei nada técnico. — falei.
— Sabe qual o erro da maioria das pessoas que se formam na faculdade? — passou uma das mãos pelo queixo.
— Não. Qual é?
— Confiar demais na técnica, e não na percepção. Tive alguns colegas assim, sabe onde eles estão agora?
— Não. Onde?
— Trabalhando como motorista de Uber, auxiliar administrativo, advogados, nutricionistas, entre outros. — pontuou. — Não estou questionando o que eles estão fazendo da vida agora, longe disso, só estou tentando te mostrar que ter uma faculdade não necessariamente fará com que você siga na área, e confiar demais em um diploma não é bom. Conselho grátis: nunca confie em um diploma. A técnica não basta, a prática é uma professora melhor, e sou o exemplo disso. Então, te pergunto de novo, quer me ajudar e aprender algo novo, ou vai continuar achando que estou “tirando uma” com a sua cara, logo eu que não tenho senso de humor algum?
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Broken Heart - Meddison
RomanceCom qual olhar você encararia a vida se perdesse sua esposa e filha em um acidente de carro? Addison Montgomery é uma mulher marcada por uma das piores dores do mundo: a dor de enterrar um filho. Após a grande tragédia em sua família, ela se fechou...