Esperança

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Meredith

A manhã do dia seguinte foi dura. Demais.

Evitei ficar perto de Addison já que sua ira estava maior que de costume.

Sim, ela estava se desdobrando na fisioterapia, e por isso estava tão irritada, já que não estava conseguindo fazer a maioria dos movimentos propostos por Callie. O cenário não havia mudado, só que Addison parecia estar diferente.

Conforme os dias passavam, foi evidente a guerra psicológica que fora travada por Addison. Algumas vezes ela quis desistir, mas a chata aqui fazia questão de não deixar, e até fazia birra para tal. No fundo eu tinha esperança e fé que ela iria conseguir passar por essa difícil batalha.

Além de estar se esforçando, constantemente as crianças a encorajavam. Ela não gostava muito, já que dizia que é difícil elas a verem nesse estado, mas no fim acabava concordando.

Seus amigos também vinham na mansão, pelo menos os poucos que ela possui. Nem preciso dizer o quanto Mark vinha aqui, já que antes Addison se irritava até mesmo quando ele vinha sem ser convidado, agora então…

Hanna e eu estávamos na sala de fisioterapia, e logo após a sessão, ela fez questão de ir para perto dela. Fiquei um pouco longe, mas consegui ouvi-las bem.

— Oi, tia Addie.

— Oi, pequena. — sorriu.

— Você com muita dor?

— Um pouco.

— Vai passar, ?

— Tudo bem.

— Você quer um abraço?

— Quero muito.

Não sei por quanto tempo Hanna ficou nos braços de Addison, mas foram vários minutos. Decidi não ficar onde elas estavam e voltei para a cozinha. Há certos momentos que precisamos deixar as pessoas à vontade, e sei que Addison iria preferir isso. Só não posso deixar de falar o quanto estou emocionada por perceber o carinho dela com a minha filha, isso só me faz ter mais certeza que a amo.

***

O tempo foi passando.

O mês que se seguiu foi melhor, graças a Deus.

Addison ainda não conseguia fazer tudo que era proposto, mas progrediu de forma significativa. Ela já estava andando de muletas, e seu corpo estava um pouco mais forte.

Eu, como de praxe, permaneci na cola dela, e quando ela falava em desistir lá estava eu bancando a chata.

Não conversamos sobre nós, muito menos sobre as nossas palavras de afeto de algum tempo atrás, meu foco era outro.

— Estamos atrasadas.

— Estamos?

Não me recordava de ter horário para algo, só que Addison estava ajeitando algumas coisas, e havia falado algo com Tito por alguns minutos.

— Sim, nós duas iremos ver o jogo de Henry na escola.

Não acreditei em um primeiro momento, só que Addison não brincaria com algo sério.

— Sim. Eu iria de muletas, mas não me importo de ir na cadeira de rodas, já que não estou forte o suficiente.

— Ouvir isso me deixa feliz. Nem consigo disfarçar.

Sorri.

Espero que Addison consiga superar seus medos, e volte a ser uma mulher feliz.

***

— Não imaginei que quisesse vir.

— Nem eu.

Estávamos na arquibancada, e o jogo já havia começado.

Nem preciso dizer o quanto Henry ficou feliz quando descobriu que Addison estaria aqui. Essa é a segunda vez que ela vem ao jogo do filho depois da tragédia com a sua filha.

— Vejo seu esforço na fisioterapia. Sei que foi difícil começar de fato a tentar fazer aquela bateria de exercícios.

— Não foi. Está sendo. — falou com naturalidade. — Espero que nunca passe por isso. Você se sente fraca por não conseguir realizar os exercícios, um lixo de pessoa por ter um corpo e não conseguir usar alguns membros. Para uma mulher que nem eu, é fácil jogar tudo para cima e desistir, como tentei inúmeras vezes.

— Mas você não vai. Não se esqueça de que sou chata, e vou te encher o saco até todos os seus movimentos voltarem ao normal.

— Se voltarem. Vamos ser sinceras: ainda não temos certeza de que a fisioterapia irá me ajudar a recuperar tudo.

Ah, vai sim!

Acho que a maneira forte que disse essas palavras assustou um pouco Addison, mas ela não disse nada, somente sorriu levemente.

— Se tem algo que gosto em você é a sua esperança. Isso é uma das coisas que me faz seguir em frente, mesmo não tendo tantas em meu peito.

Não falamos mais nada. Ficamos assistindo ao jogo, e minutos depois vi a alegria estampada no rosto de Addison quando Henry fez um gol. Ela quase se levantou da cadeira, tamanha euforia.

O jogo já havia acabado, e estávamos perto do automóvel.

— Você fez um golaço. Estou orgulhosa.

— Sério que achou bonito, mãe? Eu fechei o olho e chutei.

— Fechou o olho? — Addison gargalhou, arrancando risadas de nós dois. — Por essa eu não esperava.

— Sim. Agora você vai ver todos os meus jogos, mãe?

— Farei o possível para que sim, filho. Vou ser uma mãe presente, mas preciso me recuperar antes.

— Você irá se recuperar o mais rápido possível. — foi a minha vez de falar.

— Torço para que sim.

***

Finalmente um momento fofo
delas depois de tanto caos! ❤️

Broken Heart - MeddisonOnde histórias criam vida. Descubra agora